Eu continuei caminhando, ignorando Johnny e os olhos furiosos que queimavam nas minhas costas. O que ele não entendia , ou talvez não quisesse entender , era que eu já não estava mais no mesmo jogo que ele. Para mim, aquela disputa já havia terminado. Eu tinha o que queria: o reconhecimento, a oportunidade, o poder de continuar criando. O resto era apenas um eco distante de uma batalha que já não fazia sentido. E, sinceramente, eu estava pouco me fodendo.
Sim, o olhar dele me incomodava. Me lembrava de algo antigo, de um trauma de anos atrás. A raiva, a inveja, aquela sensação de ser desprezado... tudo aquilo me puxava para um passado que eu gostaria de esquecer. Mas por outro lado, o que mais o incomodava era o fato de que, naquele momento, eu tinha vencido. E isso é o que importava. Eu estava no topo, e isso o matava por dentro. E, bem, isso me dava um prazer silencioso, quase doce. Eu venci, e ele que se dane.
Segui meu caminho, e foi quando cheguei até minha mochila que senti a pressão no ar. Não era algo visível, mas era palpável. Johnny sempre foi do tipo que precisava de um público, de uma plateia, para alimentar sua vaidade. Ele se sentia forte quando todos estavam olhando. Mas, naquele momento, ele não tinha mais ninguém. Era só ele e eu, no silêncio pesado do corredor, com todos os outros alunos já saindo do evento. E ele sabia disso. Sabia que a sua presença ali, naquele espaço vazio, era só um último suspiro de ego.
Eu queria sair dali. Só isso. Queria deixar o palco, descer do centro das atenções e desaparecer para o mundo lá fora. Peguei minha mochila com calma, ajeitei a alça no ombro e dei o primeiro passo em direção à saída. O som dos meus tênis batendo no piso frio do corredor parecia alto demais na quietude do ambiente. O ar fresco lá fora já parecia chamar meu nome. A liberdade estava a apenas uma porta de distância.
Mas, antes que eu pudesse atravessar o limite entre aquele lugar sufocante e a rua lá fora, algo inesperado aconteceu. Uma mão forte agarrou meu braço e, com uma força brutal, me puxou para trás. O movimento foi tão abrupto que a mochila escorregou do meu ombro e caiu no chão, com um barulho surdo, junto com meus livros e tudo que ali estava, Por um segundo, fiquei desorientado. Tentei processar o que estava acontecendo, mas a realidade foi rápida demais para eu reagir.
Olhei para o lado e vi Johnny. Ele estava ali, diante de mim, com uma expressão que eu já imaginaria ver naquele rosto. Não havia mais o sorriso de deboche, a arrogância de quem se sente invencível. Ele estava... furioso. A raiva era tão palpável que quase consegui tocá-la. E eu percebi algo naquele momento: ele não estava mais jogando. Ele estava pronto para partir para o tudo ou nada.
- Você acha mesmo que ganhou, seu maldito filho da puta?
Ele rosnou, a voz baixa, carregada de uma ameaça que fazia meu estômago torcer, me lembrando da porra do meu passado.
A raiva dele não era só em suas palavras, mas na maneira como ele se movia, como se tivesse perdido o controle de si mesmo.
Eu tentei reagir, mas ele não me deu espaço. Antes que eu pudesse pensar em fazer qualquer coisa, ele me empurrou com toda a força contra o muro lá fora. O impacto foi brutal. A sensação do cimento frio e áspero contra minhas costas foi como um choque. Meu corpo foi projetado contra a parede com tanta força que minha cabeça se chocou contra os tijolos. A dor explodiu como um raio. Eu tentei processar o que acontecia, mas as estrelas que piscavam na minha visão tornaram tudo confuso. A pressão na minha cabeça me deixou atordoado, e a sensação de desorientação tomou conta de mim. Eu mal conseguia manter os olhos abertos.
- Você vai se foder muito comigo agora, seu otário desgraçado!
Johnny gritou, e seu tom não era mais de ameaça vazia. Ele realmente queria me ferir. E, de algum jeito, eu sabia que ele estava indo além do que havia planejado. Ele estava perdido no próprio ódio.
Eu tentei me soltar, mas meu corpo estava pesado, cansado, e a dor na cabeça me fazia ver tudo como uma névoa. Johnny estava quase na minha altura agora, e a força que ele tinha era igual à minha, e devido ao baque no muro, não consegui mais me desvencilhar dele, não consegui empurrá-lo para longe. Ele continuou me pressionando contra o muro, cada movimento dele me esmagando mais.
- Eu devia ter feito isso desde o começo!!
Johnny murmurou, e sua voz estava carregada de algo muito mais sinistro. Ele se aproximou mais, seu cheiro de suor e raiva invadiu minhas narinas, e eu quase não consegui respirar direito. Sua presença era opressiva, esmagadora. Ele estava ali, tão perto que eu podia sentir a fúria que exalava dele.
- Você achou que ia acabar assim?? Achou que a vitória era sua, não é? Johnny disse, seu tom agora quase íntimo, como se quisesse me intimidar ainda mais.
- Mas há coisas que você não sabe, Rafael Wild. Coisas que eu sei e que você está prestes a entender da pior maneira!!
Ele deu um passo à frente, Senti um calafrio percorrer minha espinha enquanto minha respiração ficava mais curta.
Eu queria falar, queria dizer algo que o fizesse parar, mas minhas palavras estavam presas na garganta. Antes que eu pudesse reagir, ele levantou a mão e, com um movimento rápido e preciso, me acertou com toda sua força na nuca.
A dor foi instantânea e feroz. Uma explosão de sensações cruas. Meu corpo simplesmente desabou, como uma marionete cujas cordas foram cortadas. A escuridão tomou conta de mim num piscar de olhos. A tentativa de manter a consciência foi inútil. Eu não conseguia mais pensar, nem sentir. O mundo ao meu redor virou uma névoa densa e impenetrável.
- Andrew, Josh, me ajudem aqui, seus panacas!
Foi a última coisa que ouvi antes de perder a consciência por completo.
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Serial Killer: A História de Rafael Blacktide.
HorreurCÓPIA E PLÁGIO É CRIME DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS! Rafael Blacktide é um serial killer sádico e psicopata, procurado em todos os Estados Unidos por mais de 250 crimes hediondos e torturas a sangue frio. Uma de suas vítimas foi a doce Claire Alisso...