★CAPITULO QUATRO:Abrigo

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Capítulo 4

A chuva vermelha continuava a cair lá fora, escorrendo pelas janelas e transformando o ambiente em algo digno de um pesadelo. Dentro da sala, a tensão era quase sufocante. Todos sabiam que algo estava muito errado, mas ninguém ousava dizer isso em voz alta.

Hidden, tentando manter a calma, começou a vasculhar o armário da sala. Encontrou alguns casacos antigos e panos esquecidos, provavelmente de projetos escolares. Sem dizer nada, ela os amontoou em um canto, longe da porta e das janelas. Então, sentou-se ali, abraçando os joelhos, buscando um pouco de conforto.

 Então, sentou-se ali, abraçando os joelhos, buscando um pouco de conforto

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João, Felix e Ivan, os mais apavorados do grupo, observavam de longe. Felix engoliu em seco e sussurrou:

FELIX-Eu não consigo ficar sozinho. Vamos até ela?


João e Ivan apenas acenaram, e juntos, foram até Hidden. Sem pedir permissão, sentaram-se ao lado dela, tão próximos que parecia que buscavam proteção em sua presença. Hidden não disse nada, mas ajustou os panos ao redor de todos, criando uma espécie de abrigo improvisado. Sentir o calor dos outros parecia amenizar um pouco o medo.

Os outros, apesar de também assustados, ficaram em silêncio, observando. Logo, Bruno, Chris, Matheus, Heitor e Samuel decidiram se aproximar, sentando-se em círculo ao redor deles. Não havia palavras, apenas um entendimento mútuo de que precisavam ficar juntos para não se perderem no medo.

Enquanto isso, o som lá fora começava a mudar. Primeiro, vieram os gritos. Altos, desesperados, como se alguém estivesse sofrendo uma dor inimaginável. Eles pararam de respirar por um momento, tentando entender o que estavam ouvindo.

Depois dos gritos, vieram os uivos. Sons profundos e distorcidos, cheios de algo primal e feroz. Era um ciclo estranho e perturbador: gritos, seguidos por uivos, repetindo-se várias vezes, até que os gritos cessaram por completo.

Agora, o que restava eram choros de cães, uivos esparsos e rosnados que ecoavam na escuridão. Os sons pareciam se aproximar, e os meninos que estavam mais assustados - João, Felix e Ivan - apertaram-se ainda mais contra Hidden. Ela passou os braços ao redor deles, como se pudesse protegê-los com seu simples gesto.

Os outros também estavam aterrorizados, mas tentavam disfarçar, se esforçando para manter a calma. Matheus, que estava ao lado de Ivan, começou a acariciar suas costas para acalmá-lo. Bruno fez o mesmo com Felix, enquanto Heitor murmurava palavras tranquilizadoras.

HEITOR-Vai ficar tudo bem... - sussurrou ele, embora nem mesmo ele acreditasse completamente nisso.

Chris olhou para a janela, onde a chuva continuava a bater. Cada gota parecia mais sinistra, mais ameaçadora. Ele engoliu em seco e sussurrou, quase inaudível:

CHRIS-O que está acontecendo lá fora?

Ninguém respondeu. Não porque não quisessem, mas porque não havia resposta. Lá fora, os sons dos cães continuavam, e a sensação de que algo estava à espreita crescia a cada segundo.
A chuva parecia interminável, um tamborilar constante nas janelas que ecoava dentro da sala. O vermelho das gotas criava uma atmosfera pesada, como se a própria noite estivesse sangrando. Os trovões, que antes anunciavam a tempestade, agora estavam distantes, mas o silêncio era perturbador, preenchido apenas por uivos e rosnados ao longe.

O pequeno abrigo que Hidden improvisara se tornou um refúgio necessário. O amontoado de casacos e panos era simples, mas dava uma sensação de segurança mínima para o grupo. Eles estavam exaustos, mas o medo era um inimigo silencioso que mantinha suas mentes alertas.

Cada um deles tentava encontrar um momento de calma. João, Felix e Ivan agarraram-se a Hidden como se ela fosse uma âncora. Eles tremiam levemente, mesmo envoltos nos casacos, e murmuravam baixinho de vez em quando, tentando se distrair do terror que sentiam. Hidden, por sua vez, acariciava os ombros deles, oferecendo um gesto silencioso de conforto, mesmo que ela mesma estivesse lutando para manter o controle.

Os outros meninos formaram um semicírculo ao redor deles. Bruno e Chris, que sempre tinham sido vistos como os mais fortes do grupo, agora estavam tão vulneráveis quanto os outros. Primeiro, tentaram se manter afastados, como se precisassem provar que não tinham medo. Mas com o passar dos minutos, e à medida que os uivos lá fora se tornavam mais frequentes, a coragem começou a vacilar.

Bruno olhou para Chris, os olhos brilhando com uma ansiedade que ele não conseguia esconder. Chris percebeu e, sem dizer nada, deu um leve aceno de cabeça. Eles se aproximaram devagar, até que Bruno encostou-se ao amigo. Chris passou um braço ao redor dele, e, por um momento, ambos suspiraram aliviados. Aquele simples contato parecia apagar um pouco da escuridão ao redor.

CHRIS-A gente vai passar por isso - sussurrou Chris, mais para si mesmo do que para Bruno.

Os outros meninos observavam em silêncio. Ninguém zombou ou fez comentários, porque todos sentiam o mesmo: medo e um desejo desesperado de conforto. Eles se aproximaram mais, o círculo agora mais apertado, como se a união fosse suficiente para mantê-los seguros.

Lá fora, os sons continuavam. Os gritos, que antes se misturavam aos uivos, agora haviam desaparecido completamente. Em seu lugar, havia apenas o som perturbador de choros de cães. Eram sons longos e tristes, alternados por rosnados baixos que ecoavam como se estivessem próximos.

Felix apertou os olhos e enterrou o rosto nos casacos, tentando bloquear os ruídos.

FELIX-Por que parece que tem mais perto agora? - murmurou ele, a voz abafada.

Hidden não respondeu. Não tinha como responder. Sua intuição dizia que o perigo estava crescendo, mas ela sabia que alimentar o medo dos outros só pioraria a situação.

HIDDEN-Não pense nisso - disse ela suavemente, tentando soar firme. - A gente está seguro aqui.

Apesar do terror, o cansaço começou a vencer. Um por um, os meninos foram cedendo ao sono, mesmo que de forma inquieta. Eles dormiam por poucos minutos, apenas para acordar sobressaltados com o som de um uivo ou um rosnado mais alto. Cada vez que isso acontecia, algum deles murmurava palavras de encorajamento, tentando acalmar o grupo.

Chris e Bruno, mesmo sendo os mais fortes, estavam no limite. A cada som estranho, eles apertavam o abraço, como se aquele contato fosse suficiente para afastar o medo.

O tempo parecia arrastar-se, mas, eventualmente, todos caíram em um sono leve e agitado. O silêncio na sala era quebrado apenas pela respiração nervosa de cada um e os ocasionais ruídos lá fora.

Enquanto o grupo dormia, a chuva continuava a tingir o mundo de vermelho, e a escola parecia envolta em um estranho manto de perigo. O que quer que estivesse lá fora, eles sabiam que precisariam enfrentá-lo ao amanhecer.

E assim, juntos e vulneráveis, esperaram pela chegada de um novo dia

ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULO AMORES,DEIXEM MENSAGENS DE CONFORTO PROS MENINOS🥺

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