Capítulo 5 - Sonhos

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Pov Narrador

Após a destruição de Tharo e o caos que se seguiu, Zephyra encontrou um refúgio em um lugar que não era mais nem sombra, nem luz. Era um terreno estéril, onde o tempo parecia dilacerado, como se a própria realidade tivesse se desfeito ali. Uma caverna profunda no coração de um dos poucos planetas ainda não totalmente dilacerados pela guerra dos deuses. O ambiente era frio, e o ar, rarefeito. Mas para ela, era suficiente. Ali, entre as pedras, ela construiu seu abrigo, um espaço escuro onde os ecos das sombras podiam ser ouvidos como um sussurro distante, confortante, mas também doloroso.

Nos primeiros dias, ela mal conseguia erguer a cabeça. Sua conexão com as sombras, embora poderosa, estava quebrada. Seu corpo e alma precisavam de descanso, longe de qualquer presença que pudesse lembrá-la de sua perda. As sombras, no entanto, não a abandonaram. Elas estavam sempre ao seu redor, formando um manto de proteção. Mas ela não podia confiar totalmente nelas, não ainda. Elas, como ela, estavam fragmentadas. Apenas após muito tempo, Zephyra percebeu que o único jeito de sobreviver era se acostumar com a solidão que a cercava, encontrar consolo nas trevas que uma vez a nutriram.

Ela se alimentava de o que poderia caçar — criaturas que se escondiam nas cavernas e sombras do planeta sem nome. Mas sua principal fonte de energia vinha da escuridão em si, da própria solidão que a rodeava. Ela precisava de algo para manter a sanidade, então se concentrava nas pequenas coisas: a suavidade da pedra fria sob suas mãos, os sons quase imperceptíveis do vento através das rochas. Aos poucos, o tempo, aquele inimigo implacável, se tornava seu aliado. E ela sobreviveu.

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Zephyra

A exaustão começava a se fazer presente novamente. Os dias se arrastavam, e eu não conseguia repousar como antes. Era um cansaço profundo, que não vinha só do corpo, mas da minha mente. Meus olhos pesavam, como se o simples ato de mantê-los abertos fosse um esforço monumental. Eu já não sentia o alívio de um sono tranquilo. Ao invés disso, era uma luta constante para deixar meus pensamentos fluírem, sem que me afogassem nas lembranças que insistiam em me assombrar.

Deitada em meu abrigo sombrio, finalmente cedi ao cansaço. As sombras me envolveram, como uma capa invisível, mas logo fui tragada por algo mais. Algo que eu não podia controlar: o sonho.

Uma guerra se desenrolava diante dos meus olhos, mas não era uma guerra qualquer. Era uma guerra santa. Espadas brilhavam com uma luz divina, e os campos estavam banhados em sangue. Mas não o sangue dos deuses, não. Era o sangue dos mortais. Eu estava ali, no centro, observando, sentindo o peso de cada golpe, como se a morte pairasse no ar, esperando seu momento. A terra se erguia, o céu se rasgava. A luta entre luz e escuridão não era só uma batalha física, mas uma batalha de essências.

Então, no meio de toda aquela destruição, vi uma figura. Algo que não deveria estar ali, mas estava. Ele era um ser de luz, puro, imenso, irradiando um poder tão grande que tudo ao seu redor parecia insignificante. Mas não era uma luz qualquer. Era uma luz dourada, pesada, carregada de algo que eu não conseguia compreender, mas que podia sentir em minha pele. Ele estava de pé, olhando para mim, como se eu fosse a única coisa importante naquele caos.

E então, no momento mais intenso da batalha, quando parecia que o desfecho estava prestes a acontecer, o ser de luz olhou nos meus olhos. Algo mudou ali. Ele se aproximou, e uma lágrima dourada, brilhante, caiu de seus olhos. Era uma lágrima de dor. De perda. Ele me tocou, e ao fazer isso, senti uma proteção, como se fosse uma promessa, algo que me envolveu de uma maneira que não conseguia explicar.

"Eu irei proteger você, Zephyra."

As palavras caíram sobre mim, pesadas, carregadas de uma dor que parecia quebrar tudo ao redor. Eu queria entender, mas algo dentro de mim me impedia de compreender totalmente. Era como se algo mais, algo maior, estivesse dizendo para eu esperar. Para eu confiar.

ETERNAL GLITCHOnde histórias criam vida. Descubra agora