Prólogo.

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Dedico essa história a todos os sonhadores que acreditam no poder das palavras e na beleza das flores. Que cada capítulo inspire um amor tão vibrante quanto os campos da Itália, onde os destinos se entrelaçam como as raízes das plantas, e onde cada encontro é uma chance nova de florescer.

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Cidade de Londres, Inglaterra.

A vida, como eu conheço, parece ter se desfeito em mil pedaços.

Quando sua carreira como escritor, que é emplacada com número de vendas excepcional com quantidades exorbitantes, reviews e classificações positivas diariamente e eventos literários lotados em espaços marcantes como Heywood Hill, passa a ser resumida há pouco mais de quinhentas a oitocentas cópias vendidas, é bom começar a se preocupar.

Meus dois últimos romances, que eu esperava que fossem a virada contínua da minha carreira, fracassaram nas vendas já na segunda semana de lançamento. A crítica ao conteúdo raso, à história sem personagens convincentes e ao final ruim é implacável e, honestamente, não faço ideia do que mais posso fazer. As páginas em branco no meu notebook são um reflexo do vazio sórdido e até irônico em minha alma.

Encosto-me ao apoio de braço do sofá e encaro a tela de início com Adam na tela do MacBook.

— Louis?! — Subo o olhar pacatamente para Zayn, com quem divido apartamento há um mês e meio, e vejo-o segurar um engradado de Heineken. — É sério, Lou, o sofá vai se moldar ao formato da sua bunda logo mais e, apesar dela ser gigantesca, o que possivelmente anestesia a dor, ela ainda precisa de um descanso.

— Não estou aqui a tanto tempo assim. — Cruzo os braços e me afundo mais ao estofado macio.

Ele une as sobrancelhas naturalmente perfeitas e me encara cético. Eu posso disfarçar na fala, mas minha aparência de extremo cansaço me entrega. Não faço nem a menor ideia de quando foi a última vez que me alimentei e, principalmente, quando foi que me levantei por um segundo desse sofá para esticar as pernas.

— Eu te conheço desde a faculdade, não ouse mentir pra mim. — Destampa uma cerveja com a barra da camiseta e me entrega. — Seu cheiro daqui a pouco vai chamar os ratos, e você não é a Giselle, não.

Dou risada e lanço uma almofada em sua direção. Ela bate na parede de pedra da ilha da cozinha e cai no chão, fazendo-o me mostrar língua por ter se safado de ser atingido.

— Eu preciso de descanso. — Encaro a foto de início mais uma vez antes de fechar o notebook.

— Eu e qualquer um que precise sentir seu cheiro hoje, agradecemos. — Seu sorriso é travesso ao se sentar ao meu lado, jogando seu corpo propositalmente para acertar o meu na intenção de me provocar.

— Vai se foder, seu merdinha.

— Eu ia tornar recíproco seu xingamento, mas me recordei que não seria possível, já que você não sai desse apartamento nem mesmo pra foder. — Toma a garrafa intocada da minha mão e bebe um longo gole da bebida tão gelada que torna o vidro verde fosco.

Chacoalho a cabeça e fecho os olhos, realmente não me lembrando da sensação.

Ele ri baixo e continua: — Eu sei que seu coração está partido, mas normalmente isso costuma trazer inspiração. Por que não está conseguindo escrever nada?

Não é algo extremamente difícil de ser respondido. Adam e eu terminamos nosso casamento de dois anos e meio faz um mês. A verdade é que não fui exatamente feliz durante o nosso relacionamento; era algo... Cômodo. Nós dois sentíamos que já estávamos velhos demais para buscar em pubs ou baladas corpos que pudessem aquecer nossa cama, sendo que podíamos simplesmente nos unir estavelmente e ter isso quando quiséssemos e sentíssemos vontade. Não preciso nem dizer que foi uma péssima ideia quando, já na primeira semana, isso se tornou tão lúdico e desconfortável que passamos a agir como robôs treinados na casa residencial no centro de Londres que compramos juntos com nossas economias. Mas, estranhamente, em outros quesitos, éramos sinceros e até justos um com o outro. Adam me ajudava no processo de escrita, e eu o ajudava com os croquis nas montagens de peças para sua galeria de roupas.

Ink & Tide • LarryOnde histórias criam vida. Descubra agora