Louis Tomlinson, um literato de livros dramáticos em busca de inspiração, decide viajar para uma ilha remota na Ligúria, Itália, e tem seu caminho cruzado com Harry Styles, um pacato funcionário de uma livraria, floricultura & cafeteria local.
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Ergo o regador de pequeno porte e distribuo uma quantidade generosa por cima das orquídeas.
O sol da manhã veranear entra pela janela da GS, iluminando as pétalas coloridas das flores de modo bonito e revigorante. Organizo uma a uma da remessa de orquídeas que haviam chegado na tarde do dia anterior, dando atenção às que foram prejudicadas no trajeto, podando quando vejo ser necessário.
O cheirinho frutado e exótico delas sempre me deixam animado. As flores reiteradamente vêm sendo meu refúgio, um universo de cores e aromas; cada pétala é como um sussurro suave, contando para mim histórias de beleza e fragilidade. Ao tocar suas folhas, sinto uma conexão profunda, como se elas me compartilhassem seus segredos mais profundos e inusitados, dando-me a chance de também partilhar os meus. O brilho das rosas ao amanhecer me lembra que mesmo os dias mais cinzentos podem florescer alegria, e cuidar delas é como cultivar sonhos; cada broto que se abre é uma promessa de amor e esperança, um lembrete de que, assim como as flores, nós também podemos renascer em meio ao caos do cotidiano.
— Harry, tesoro! — (harry, querido!) Petúnia sorri com os olhos escuros estreitados. — Hai visto quanto sono belli i tulipani oggi? (você viu como as tulipas estão lindas hoje?)
Viro-me para ela e retribuo o sorriso, sentindo um calor subir no meu rosto. Petúnia tem uma maneira especial de tornar qualquer dia melhor, ela sempre se importa comigo e faz questão de reconhecer meu esforço. Não é difícil ouvi-la me oferecer dias e mais dias de folga, insistindo que sou jovem e que deveria estar vivendo a vida. No entanto, não ouso deixá-los na mão, já que sou o único para quem ela e o marido confiaram em ser funcionário na loja, e também preciso do emprego.
Ela e Sr. Lino fundaram a Giardino Segreto nos anos 70, durante os tempos sombrios da ditadura. O amor deles floresceu em meio ao horror e à repressão, resistindo aos anos de guerra, sofrimento e, principalmente, ao medo. Petúnia era sonhadora, e tinha um talento especial para cultivar flores, sua paixão por elas servindo como resistência no período tão sórdido. Lino, por outro lado, era um artista culinário, que também carregava um amor profundo por literatura e livros centenários, suas sobremesas eram pequenas obras-primas, trazendo certa doçura ao amargo. Juntos, eles sonhavam em abrir um espaço onde pudessem compartilhar não apenas flores e sabores, mas também a esperança de dias melhores.
Assim a GS nasceu, em 73, e tornou-se rapidamente um refúgio para os moradores de Borgo, um lugar onde podiam respirar aliviados e esquecer por alguns momentos as tristezas que os cercavam. As paredes eram adornadas com flores vibrantes que Petúnia cultivava com dedicação, lírios brancos que simbolizavam a paz, girassóis que buscavam sempre a luz e violetas que falavam de amor eterno enquanto serviam cafés e livros para uma boa distração, além de promoverem encontros secretos onde as pessoas podiam compartilhar suas histórias e sonhos longe dos olhos vigilantes do autoritarismo e da opressão.
Lino costuma dizer por aí que amaria Petúnia em qualquer universo que a encontrasse, porque ela carrega a delicadeza das flores, belas histórias como os livros e o deixa elétrico como se tivesse tomado uma xícara de café. É lindo poder presenciar de tão perto um amor livremente puro e, além de tudo, verdadeiro.