6 - À BEIRA DO DESEJO

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- NICHOLAS CHAVEZ

A distância entre nós era curta, mas parecia diminuir ainda mais a cada palavra. A música vibrava ao nosso redor, mas eu mal a ouvia. Meus sentidos estavam tomados por ela – pelo sorriso que brincava nos lábios, pelos olhos que me encaravam com uma mistura de curiosidade e algo que parecia ser desafio.

Ela inclinou levemente a cabeça, o movimento tão simples, mas devastador na maneira como fazia o cabelo cair sobre o ombro.
— É engraçado — ela começou, a voz baixa, quase abafada pela música, mas ainda assim nítida para mim. — Nunca imaginei que fosse te encontrar em um lugar como esse.

— E por que não? — perguntei, o canto da minha boca se curvando em um sorriso. — Não acha que tenho o direito de me divertir de vez em quando?

— Tem... mas eu te via tão sério na sala de aula. Quase... inatingível.

O tom dela me fez rir, uma risada baixa, que ressoou entre nós dois.
— Inatingível? Isso é algo bom ou ruim?

Ela me olhou, e o sorriso no rosto dela mudou – ficou mais atrevido, mais confiante.
— Acho que estou decidindo ainda.

Aquela resposta, acompanhada pelo olhar que ela me lançou, fez meu peito apertar de um jeito que eu não sentia há muito tempo. Ela não tinha medo de jogar, e isso só tornava tudo ainda mais tentador.

— Então, me diga... já decidiu? — arrisquei, minha voz saindo um pouco mais rouca do que eu gostaria.

Ela fingiu pensar, seus dedos deslizando pelo copo que segurava, o movimento lento e deliberado.
— Talvez precise de mais algum tempo... — murmurou, o olhar dela encontrando o meu.

O jeito como ela disse aquilo, a forma como cada palavra parecia carregada de intenções não ditas, me fez dar um passo mais perto. Agora, a distância entre nós era quase inexistente. Eu podia sentir o calor do corpo dela, o perfume leve que parecia feito para me distrair.

— Sabe que isso é perigoso, não sabe? — murmurei, minha voz baixa, quase como se estivesse dizendo um segredo.

— Perigoso? — Ela riu suavemente, mas havia algo mais profundo naquele som. — Por quê? Porque você é meu professor?

— Exatamente isso.

Ela deu um passo para trás, mas foi apenas para apoiar as costas no balcão, como se quisesse observar minha reação de um ângulo diferente.
— E você acha que é perigoso para mim... ou para você?

Aquela pergunta me atingiu como um soco. Porque a verdade era simples: eu sabia que o risco era muito maior para mim, mas, ao mesmo tempo, não conseguia me afastar. Não quando ela estava ali, me desafiando com cada olhar, cada palavra.

— Para nós dois — respondi, honestamente, me aproximando mais uma vez, até que nossos rostos estavam separados por poucos centímetros.

Os olhos dela caíram para minha boca por um breve instante, mas foi o suficiente para me desestabilizar. Eu sabia o que aquele gesto significava, e, mesmo assim, tentei me convencer de que podia me conter.

— Acho que às vezes o perigo vale a pena — ela disse, a voz tão suave que parecia um sussurro.

Minhas mãos formigaram com a vontade de tocá-la, de deslizar os dedos pelo braço dela e sentir sua pele. Era insano, irresponsável, mas nada disso parecia importar naquele momento. Eu me inclinei, apenas o suficiente para sentir a respiração dela contra meu rosto, quente e irregular.

— Scarleet... — comecei, mas ela me interrompeu.

— Sim? — A resposta veio carregada de uma provocação inocente, mas que me desmontou completamente.

Eu ri, balançando a cabeça, tentando recuperar o controle que ela claramente estava tirando de mim.
— Você não joga justo.

— Nunca disse que jogava — respondeu, sorrindo de um jeito que parecia perigosamente irresistível.

ENTRE PÁGINAS E PECADOS, Nicholas Alexander Chavez. 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora