Solar Hale

Canção do Cisne: Serenata de Schubert, Op. D. 957

O luar filtrava-se pela densa floresta, lançando um brilho fascinante no piano onde Edward estava sentado, perdido em seus pensamentos. Algo dentro dele doía; ele não queria chamar isso de seu coração, pois todos os mortos-vivos, incluindo ele mesmo, não tinham corações batendo. No dia em que seu pai o converteu, transformando-o neste monstro, ele perdeu sua alma. Ao contrário de Rosalie, Edward nunca culpou seu pai por escolher esta vida para ele; como ele poderia, quando Carlisle tinha apenas cumprido os desejos de uma mãe moribunda?

No entanto, isso não significava que a cada poucos anos ele não desejasse ter sido levado embora da mesma maneira que sua mãe havia abandonado aquele mundo. Ele bufou com o pensamento, percebendo que depois de viver por tantas décadas, sua mente ainda se comportava como um adolescente imaturo, choramingando e ansiando pelo amor que havia perdido.

Já fazia duas semanas que tudo tinha acontecido, duas semanas que ele tinha tomado a decisão mais difícil de sua vida, ainda mais difícil do que quando abandonou sua família.

Duas semanas depois de ele ter se separado de Bella, a adorável, linda e frágil Bella.

Ele tinha sentimentos fortes por ela, e sabia que, tanto em sua vida mortal quanto imortal, nunca havia encontrado nenhuma criatura mais cativante do que ela. Talvez uma das razões, como Jasper havia sugerido, fosse o desejo de se alimentar dela. Era um ponto válido que seu irmão havia levantado - Bella tinha um poder inegável sobre ele, uma atração magnética que ele não conseguia entender.

Bem, Bella sempre seria um mistério para ele.

Não era só o sangue dela, ou assim ele pensou. Ele tinha provado, e era incrível, como ambrosia, a melhor coisa que ele já tinha provado. Mas havia algo errado com isso, certo? Ele tinha parado, sim, mas não antes de deixá-la inconsciente.

Ela estava machucada, e teria sido transformada pela mordida de James se ele não tivesse intervindo. Ele a salvou, ou assim ele pensou quando se sentou ao lado da cama do hospital dela, segurando sua mão, fingindo dormir e afastando seus pesadelos. Naquele momento, ele realmente acreditou que tinha tomado a decisão certa.

No entanto, parecia que ele estava errado. Ele levou um tempo para se conformar com isso, mas isso ficou evidente no comportamento de Bella. Ele notou como ela olhava melancolicamente para os relacionamentos de seus irmãos e irmãs, quanto tempo ela passava na frente do espelho procurando por rugas inexistentes ou cabelos grisalhos.

" Você ainda tem dezessete anos ", ele disse a ela.

Mas ele não tinha compreendido completamente até mais tarde, até que ele a notou acariciando a cicatriz onde James a mordeu. Ele já tinha notado isso antes, e isso sempre o enchia de remorso porque era culpa dele - por não protegê-la, por não estar bem ali com ela.

No entanto, não era sobre se arrepender da cicatriz. Ela não se arrependia, nem um pouco. O que ela lamentava era a decisão de Edward de negar a ela a chance de se tornar como ele.

Para se tornar um vampiro.

Para ser forte.

Ser imortal.

Um monstro como ele.

Ele não podia permitir que isso acontecesse, não podia deixá-la se tornar morta-viva como ele. Ele tinha sonhos de uma vida juntos, sempre ao lado dela enquanto ela envelhecia, mesmo que ele desejasse poder envelhecer ao lado dela.

Mas ela estava com medo, e ele entendia, ou talvez não. Fazia tanto tempo que ele não tinha medo da morte, mesmo quando era humano. A morte era um estado natural que todos tinham que enfrentar.

Bem, nem todos .

Bella estava assustada, e ela admitiu que temia ficar fraca ou envelhecer. Ela o pressionou a transformá-la em vampira antes que fosse tarde demais.