Passei toda a minha vida na ilha de Okinawa, envolta pelas águas que sempre me pareceram uma proteção contra o mundo lá fora. Minha mãe e eu construímos nossa rotina simples, mas sólida. Ela era meu porto seguro. E ele... bem, ele era só uma sombra...
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❝ Sing as their bones come marchin' in again The need you buried deep ❞
Mais uma série de treinos intensos estava prestes a começar, com o torneio se aproximandoe atual liderança do Cobra Kai por Kreese, que estava deixando meu sensei à beira da loucura, nos treinando diariamente e incessantemente, para que não corra o risco de perder, não só o torneio, como também o joguinho planejado por Kreese para mexer com sua cabeça. E apesar da lesão já ter sido há um tempo, eu sentia que haveria um peso maior na competição esse ano, em que teria de provar que poderia ser tão bom quanto em meu primeiro campeonato, mesmo que isso possa ser assustador.
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Caminhei rápido pela calçada, o vento frio da manhã ainda tentando me acordar por completo, e segui na direção do novo espaço de nosso dojô. Não era a melhor das estruturas, mas o suficiente para que o sensei fizesse os mais árduos treinos para melhorar nossa perfomance. Enterrei minhas mãos nos bolsos do casaco enquanto meus tênis faziam um som ritmado no concreto. Eu já podia ouvir os sons familiares vindo do barracão, gritos, o impacto seco de punhos contra os sacos de pancada, e a música alta que Johnny sempre deixava rolando para manter a energia lá em cima, como de costume, Gun's and Roses.
Assim que entrei pela porta, Johnny estava lá, claro. Braços cruzados, encostado em um dos pilares de madeira. Ele me viu entrar e deu aquele sorriso de lado, quase desafiador, como se já soubesse o que estava prestes a pedir, provavelmente um novo desafio. Contanto que não envolva nós empurrarmos um caminhão pipa, por mim, tudo bem. A experiência com o concreto já foi o suficiente para testar nossos limites.
— Díaz! — Ele gritou, chamando minha atenção.
— Sensei! — Respondi, curvando-me, e então deixei minha mochila em um canto do local, me aproximando da roda com os outros alunos que chegavam aos poucos.
— Você tá pronto pra liderar hoje? — Ele perguntou, já caminhando em minha direção.
— Liderar? — franzi o cenho, um pouco surpreso.
Ele parou na minha frente e bateu no meu ombro, um gesto que sempre carregava uma mistura de encorajamento e pressão.
— Isso mesmo. Você vai comandar o aquecimento. Mostre pra eles como se faz, Díaz. E, a propósito... — Ele deu uma pausa dramática, olhando ao redor do barracão. — Tenho uma notícia. LaRusso e os idiotas do Miyagi-Do também vão competir esse ano. E não é só isso, eles têm novos lutadores.
Minha expressão mudou na hora. Não que eu odiasse o Miyagi-Do ou qualquer coisa assim, mas a ideia de enfrentá-los de novo... Era pessoal, apesar de Robby não estar mais do lado deles, eu ainda veria Samantha, o que era estranho, mesmo depois de tanto tempo ter passado desde nosso término. Encará-la parecia constrangedor, definitivamente.
