capítulo 5

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Continuação....

Gabriel seguiu Th até o grupo, mantendo seu passo firme e uma expressão um pouco mais séria. Ele olhou ao redor, observando a multidão animada dançando ao som alto do paredão. Alice e Natalia estavam no meio, rindo e se divertindo, claramente já um pouco alteradas. Gabriel soltou um suspiro pesado, balançando a cabeça.

Gabriel: — Essas duas vão acabar arrumando confusão, sempre fazem isso. — Disse, num tom calmo, mas com seu português marcado pelo sotaque russo.

Th: — Ih, fica na moral, mano. Aqui ninguém vai mexer com elas, não. — Respondeu Th, com seu sotaque carioca carregado e um sorriso despreocupado.

Th abriu uma latinha de cerveja e ofereceu a Gabriel.

Th: — Toma aí, grandão. Dá um jeito nessa tua cara amarrada, porque o bagulho aqui é curtir.

Gabriel olhou para a latinha com uma sobrancelha arqueada, mas recusou educadamente.

Gabriel: — Valeu, mas cerveja não é muito minha praia. Prefiro algo mais... forte. — Respondeu, o tom sério contrastando com o ambiente descontraído ao redor.

Th riu, claramente se divertindo com a resposta.

Th: — Ah, tu é desses então? Mal encarado e com gosto refinado. Beleza. — Ele provocou, tomando um gole da própria cerveja. — Mas me diz, tu é sempre assim ou só tá fazendo cena hoje?

Gabriel deu um leve sorriso, um raro momento de descontração.

Gabriel: — E se eu disser que sou sempre assim? —

Th: — Na moral? Tô achando que cê é só pose. Aposto que tem jeito de curtir no meio dessa seriedade toda. — Th retrucou, rindo.

Gabriel riu baixo, balançando a cabeça. — Você fala demais, sabia? Mas até que é engraçado. — Respondeu, o tom levemente mais relaxado.

Th abriu outro sorriso, aproveitando a brecha para continuar a provocação.

Th: — Tá vendo? Tô tirando até risada de tu. Daqui a pouco tu vai tá sambando aqui comigo. — Ele brincou, dando um leve tapa no braço de Gabriel.

Gabriel: — Não se empolga tanto. — Ele respondeu, com um pequeno sorriso de canto, mas logo voltou a observar a festa, o semblante sério retornando. — Mas me diz, Th, você sempre é assim? Leva tudo na brincadeira?

Th: — Claro, parceiro. A vida já é pesada demais, tá ligado? Se não zoar, cê só se estressa. Tu devia tentar, Gabriel. — Disse Th, apontando para ele com a latinha. — Quem sabe tu desapega um pouco.

Gabriel deu um leve suspiro. "Esse cara tem resposta pra tudo," pensou, mas não deixou de achar graça.

Gabriel: — Talvez. Mas alguém precisa ficar com a cabeça no lugar, especialmente quando essas duas... — Ele indicou Alice e Natalia dançando. — ...resolvem perder o controle. E, além disso, ainda tenho que encontrar meu primo.

Th: — Relaxa, cara. Viktor é grandão igual tu, ele se vira. Agora para de preocupação e curte um pouco, senão tu vai ficar mais velho antes da hora. — Th respondeu, sorrindo.

Gabriel olhou para Th por um momento, percebendo como aquele jeito leve e cheio de gírias contrastava com seu próprio modo de ser. Ele não podia negar que o garoto tinha carisma, e, mesmo sem querer, Gabriel estava começando a se sentir um pouco mais à vontade.

Gabriel: — Você é um cara engraçado, Th. Não esperava isso vindo de uma pessoa como você. — Disse, com um leve sorriso.

Th: — Papo reto? Irmão oque eu sou não diz nada sobre personalidade tá ligado? Manter pode de brabão é chato pra caralho. — Ele respondeu, piscando para Gabriel antes de voltar a beber sua cerveja.

Gabriel soltou uma risada discreta e desviou o olhar. Talvez aquela noite não fosse tão ruim assim.

Gabriel continuava ao lado de Th, observando tudo com atenção. Enquanto Th mantinha o tom descontraído, Gabriel analisava o ambiente como se estivesse montando um quebra-cabeça. Era um hábito que ele não conseguia abandonar, mesmo fora das situações que o haviam moldado no passado.

Th: — Tu parece que tá sempre bolado com alguma coisa, parceiro. Relaxa, aqui é paz. Tá no meu morro, ninguém vai te arrumar problema.

Gabriel: — Não é isso. Só... hábito. Não consigo desligar completamente. — Respondeu, dando um meio sorriso.

Th: — Hábito? Que hábito? Parece que tu tá acostumado a ficar em guerra o tempo todo.

Gabriel deu uma risada curta, olhando para o copo de uísque que segurava. "Ele nem imagina o quão perto tá."

Gabriel: — As vezes se baixar a guarda totalmente tu se ferra. — Ele disse, com um tom casual, mas carregado de subtexto.

Th: — Sem caô, namoral, oque tu era lá na Rússia? Era bandido algo assim? Tu tem o jeito todo de quem é dos corre.

Gabriel: — Algo assim. Mas é passado, Th. Aqui, as coisas são diferentes... pelo menos espero que sejam.

Th: — Aqui é tranquilo, mano. Pelo menos no meu território. Se alguém tentar alguma coisa, tá morto. — Disse Th, com um sorriso confiante, batendo de leve no peito. —Mas esse teu mistério todo me deixa curioso pra caramba, tu não tem cara de ser o certinho. Mas já fica ligado que se tu vacilar e tentar fazer graça tu vai rodar de primeira, entendeu?— Fala olhando sério.

Gabriel riu, balançando a cabeça, mas não disse nada. Ele sabia que o mundo não era tão simples assim. O que Th considerava controle total, para Gabriel, parecia mais uma ilusão frágil. Mas ele não ia destruir isso para o garoto. Era bom ver alguém tão cheio de confiança. —Entendi, não vim arrumar confusão.

Th: — Agora cê tá falando mais, hein? Vai ver é porque tá bebendo. Cê tava meio travado antes.

Gabriel: — Eu não sou muito de conversa, mas também não sou feito de pedra. — Disse, o sorriso discreto reaparecendo.

Th: — Tu não curte cerveja né? Vou mandar trazerem um whisky pra tu.

Gabriel: — Prefiro algo mais forte. Cerveja não tem o mesmo efeito. Obrigado.

Th: — Tá vendo? Tu é diferente mesmo. Mas até que tu não é tão marrento quanto pareceu no começo.

Gabriel riu de novo, dessa vez mais leve. "Marrento, é? Mal sabe ele..."

Gabriel: — Eu só observo mais do que falo. Mas você é diferente, Th. Fala como se o mundo fosse seu, e isso é interessante.

Th: — E não é? — Th disse, rindo e abrindo os braços, apontando para o baile. — Olha isso tudo. É meu. A galera aqui respeita, tá ligado?

Gabriel olhou ao redor, fingindo relaxar enquanto ainda mantinha sua vigilância. "É bom que ele acredite nisso. Na verdade, é melhor que ele nunca saiba o quanto esse tipo de controle é ilusório. Foi isso que eu aprendi do jeito mais difícil."

Gabriel: — Talvez seja mesmo, Th. Aproveita enquanto dura.

Th: — Ih, que papo é esse de velho? Tu fala como quem já viu tudo e mais um pouco.

Gabriel: — Já vi o suficiente. Por isso, eu digo: aproveita. O que você tem aqui vale mais do que imagina.

Th ficou calado por um instante, talvez tentando decifrar o tom de Gabriel, mas logo sorriu.

Th: — Cê é meio misterioso, mas eu curto isso. Vai ver a gente se dá bem, hein?

Gabriel apenas sorriu de canto, sem confirmar nem negar. Ele sabia que, por mais que quisesse, jamais poderia explicar completamente quem era ou o que havia deixado para trás. Talvez fosse melhor assim.

Continua....

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