capitulo 2

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Gabriel:

Desfiz minhas malas junto com meu primo. Peguei uma toalha limpa que estava em cima da cama, um sabonete e a escova de dentes, e peguei uma bermuda preta e uma cueca. Saí do quarto em direção a um dos banheiros da casa, que só tinha dois. Ao entrar, o vapor quente da água começou a encher o ambiente. Com o dia escaldante, deixei a água fria escorregar pelo meu corpo para aliviar aquele calor insuportável.

Estava cansado, e o peso das horas de viagem pesava em cada músculo. Sentir meu corpo relaxando era como um alívio de um fardo que eu carregava. A água batia no meu corpo como uma massagem, e eu me deixei levar, quase esquecendo tudo ao meu redor.

Após terminar meu banho, me sequei e vesti as roupas que trouxe, percebendo que esqueci minha blusa. Quando ia sair, ouvi uma voz desconhecida na sala falando com minha tia. Saí do banheiro secando o cabelo, a curiosidade tomou conta de mim.

Assim que saí, fui em direção à sala, e ao chegar lá, vi um cara com um fuzil nas costas conversando com minha tia. Ele usava um boné preto, estava sem blusa, era alto, com um corpo definido e cheio de tatuagens. Um verdadeiro estereótipo de quem vive na linha da criminalidade.

VN: – Tia, mas você tá ligado que tem que mandar o papo pro Th antes de trazer qualquer um pra subir o morro, né? – Ele falava com ela, e a preocupação na expressão dela era evidente.

Tia: – Eu sei, me desculpe, eu esqueci. Mas não tem como você falar com ele se meus sobrinhos podem ficar aqui? Eles não têm para onde ir no momento e são de outro país. – A preocupação dela crescia a cada segundo, e eu podia sentir a tensão no ar.

VN: – Tia, não sou eu que tenho que falar com o Th! É você, porra! Eu não posso fazer nada. O máximo que posso fazer é pedir pra ele vir aqui depois.

Me aproximei, ficando bem atrás da minha tia, olhando o cara de cima a baixo.

Gabriel: – Algum problema por aqui, tia? – Falei, fechando a cara.

Tia: – Tá tudo bem, querido. Vai lá pro quarto que eu resolvo isso. – Ela tentava manter a calma, mas sua voz traiu seu nervosismo.

Vi o cara me olhar com uma mistura de curiosidade e desdém.

Gabriel: – Certeza?

VN: – Esse é teu sobrinho? – Ele pergunta pra minha tia, olhando pra mim, avaliando a situação.

Tia: – Sim, esse é o meu sobrinho Gabriel. Gabriel, esse é o VN.

Vinicius (Vn): – Gabriel? – Ele pergunta, confuso. – Ele não me parece ser de outro país.

Gabriel: – Minha mãe é brasileira, então sou fluente em português. – Nesse momento, vejo uma figura sonolenta caminhando até a sala; era o Viktor. Ele vem até mim e se apoia em meu ombro.

Viktor: – Кто этот парень? И почему он в доме вооружен? (Quem é esse cara? E por que ele está armado em casa?) – Viktor fala sonolento, coçando os olhos. Ele estava de calça e sem blusa. O VN não disfarçava os olhares que dava pro corpo do Viktor. Que cara abusado!

Gabriel: – Это некий В.Н., я о нем мало что знаю, наверное, один из наркоторговцев на холме. (Este é um certo V.N., não sei muito sobre ele, provavelmente um dos traficantes do morro.) – O VN olhava confuso pra nós dois, mas eu já estava acostumado com essa expressão.

VN: – Então, de que país vocês vieram?

Gabriel: – Rússia. – Respondo, percebendo que ele encarava o Viktor, o que só me deixava mais irritado.

 Entre CriminososOnde histórias criam vida. Descubra agora