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O salão estava lotado. Pessoas de todas as partes do mundo, desde estrelas de cinema a magnatas da tecnologia, disputavam os assentos da primeira fila. As luzes estavam suavemente baixas, criando uma aura de mistério, enquanto uma música eletrônica pulsante preenchia o ambiente. O desfile mais aguardado do ano estava prestes a começar, e no centro de toda a atenção estava Nayeon, a mulher que parecia tocar o impossível com suas mãos.
Os flashes das câmeras piscavam incessantemente. Repórteres e críticos sussurravam entre si, tentando adivinhar o que a estilista traria desta vez. O nome "Nayeon" era pronunciado com uma reverência quase religiosa, como se fosse sinônimo de perfeição. Ela estava lá, nos bastidores, observando tudo com um olhar afiado e calculista.
Nayeon era a personificação da elegância. Seu vestido preto justo, de couro reluzente, abraçava cada curva com precisão. O cabelo estava perfeitamente preso, revelando um rosto tão impecável quanto suas criações. Mas havia algo em seus olhos - algo que parecia pesado, como se carregasse um segredo que ninguém mais podia suportar.
- Cinco minutos! - anunciou uma assistente com pressa, ajustando os fones de ouvido enquanto corria pelos bastidores.
Nayeon não respondeu de imediato. Ela estava de pé em frente a um espelho, ajustando uma pulseira de ouro. No reflexo, podia ver os modelos nervosos esperando para entrar na passarela, cada um vestido com peças que beiravam o surreal. Couro texturizado em tons metálicos, cortes ousados que desafiavam as convenções, e detalhes que pareciam impossíveis de se replicar.
- Você vai estar lá fora? - perguntou uma das modelos, hesitante.
Nayeon sorriu, mas era um sorriso frio, como se fosse ensaiado.
- Claro. Sempre estou.
As luzes apagaram-se por completo, e o salão mergulhou no silêncio. Então, um único holofote iluminou o centro da passarela, e a música ganhou uma intensidade visceral. O primeiro modelo entrou, vestindo uma jaqueta que parecia moldada diretamente no corpo, com detalhes que brilhavam como estrelas sob as luzes.
A plateia explodiu em aplausos. Nayeon, ainda nos bastidores, observava através de uma pequena abertura na cortina. Para qualquer outra pessoa, isso seria o auge de uma carreira. Para ela, era apenas mais uma noite no jogo que havia arquitetado com tanto cuidado.
Enquanto os modelos desfilavam, cada um usando peças que arrancavam suspiros e olhares fascinados, Nayeon sentia o conhecido calafrio subir pela espinha. Ela sabia exatamente como aquelas peças haviam sido feitas. Sabia o que estava por trás daquele couro impecável, mas não permitia que sua expressão transparecesse.
Na última fileira, fora do brilho dos holofotes, alguém observava com mais atenção do que todos os outros. Seo-jin, um jornalista investigativo, mantinha-se imóvel enquanto os outros aplaudiam e tiravam fotos. Ele estava ali não para admirar, mas para procurar pistas.
Nos últimos meses, havia seguido um rastro de desaparecimentos que parecia inexplicavelmente ligado à meteórica ascensão de Nayeon. Jovens desapareciam sem deixar vestígios - aspirantes a modelos, estilistas iniciantes, assistentes de bastidores. Seo-jin tinha um caderno recheado de conexões, mas ainda faltava a prova final.
Enquanto o desfile prosseguia, ele pegou o celular discretamente e começou a fotografar os detalhes das roupas. Não era apenas a beleza das peças que o interessava. Ele queria ver de perto aquelas texturas, aqueles acabamentos. Algo nele dizia que havia mais ali do que o mundo estava disposto a enxergar.
Depois do desfile, Nayeon estava no centro das atenções. Jornalistas a rodeavam, fotógrafos clamavam por sua foto, e investidores murmuravam elogios sobre sua visão criativa. Ela navegava por tudo isso com a graça de uma dançarina, respondendo perguntas com calma e charme, enquanto escondia o desconforto que crescia em seu peito.
- Qual é o segredo para peças tão únicas? - perguntou uma repórter, estendendo o microfone.
Nayeon inclinou a cabeça e sorriu, como se o elogio fosse um velho amigo.
- Inspiração está em todo lugar, só é preciso saber onde procurar.
Seo-jin estava próximo o suficiente para ouvir. Ele estreitou os olhos, observando cada movimento dela, cada nuance daquele sorriso. Aquele tipo de resposta evasiva era comum, mas ele sabia que com Nayeon, as palavras sempre tinham um duplo sentido.
Mais tarde, no silêncio de seu ateliê, Nayeon estava sozinha. As luzes amarelas iluminavam as ferramentas e os rolos de couro espalhados pelo espaço, cada peça marcada com códigos que apenas ela entendia. Ela segurava uma jaqueta em progresso, passando os dedos pela textura.
Era macia, quase sedosa. Perfeita.
Mas sua perfeição vinha de um preço terrível. Nayeon lembrava-se bem da última pessoa que havia fornecido o material para aquela peça. Uma jovem aspirante a modelo que apareceu no lugar errado, na hora errada.
Seu coração acelerava ao pensar no que poderia acontecer se alguém descobrisse. Seo-jin estava se aproximando. Ela o tinha notado no desfile, com seu olhar penetrante e sua postura desconfiada. Ele era uma ameaça. E Nayeon sabia como lidar com ameaças.
Enquanto o relógio na parede marcava a meia-noite, ela pegou um caderno, rabiscando planos e estratégias. Precisava manter tudo sob controle, mas o cerco estava se fechando.
Ela parou e olhou para a jaqueta mais uma vez. "A perfeição exige sacrifícios," murmurou para si mesma, antes de apagar as luzes do ateliê e desaparecer na escuridão.
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.𝙁𝘼𝙎𝙃𝙄𝙊𝙉° - 𝘕ayeon
أدب الهواةEm um mundo onde a moda é sinônimo de inovação e glamour, uma figura se destacava entre todas: Nayeon, a enigmática estilista cujos designs de couro eram cobiçados por celebridades e elites do mundo inteiro. Seus desfiles eram eventos espetaculares...