In My Veins • Agathario

Make you feel my love

Me arrumei o mais rápido que pude para não tornar isso mais demorado do que já é. Os pais de Agatha moram em San Diego, mas Agatha afirma que consegue chegar lá em uma hora e meia. O que me dá uma vantagem durante a viagem, posso me preparar para isso. Sinto pena de abaixar o volume do som, The Smiths no volume alto libera uma versão dela que eu ainda não conhecia e adoro isso. Neste momento em que estamos, já é claro para mim o fato de que não há nada que eu não faria por ela.

-  Agatha, quais os nomes deles?

-  Evanora e James. E por sinal, não os vejo há quase um ano.

-  Como é sua relação com eles?

-  Existem três fases da minha relação com eles. A fase em que eu ainda estava no colégio interno, a fase em que eu realizei o sonho de minha mãe quando me casei com Tony e a fase em que eu já estava divorciada e os boatos começaram.

-  Alguma coisa me diz que eles não sabem que você está me levando.

-  Bom, eu disse que iria acompanhada.

Ainda não sei exatamente o que esperar de Agatha no que diz respeito à nós, não sei se ela se decidiu sobre o que ela quer que as pessoas ao nosso redor saibam sobre nós e não a condeno por isso. Os anos que ela passou tendo que ouvir boatos sobre ela enquanto ela mesma não se permitia fazer nada, com certeza atrasaram muito esse processo. Estou tentando ser paciente e andar conforme os passos dela. E por falar em andar conforme os passos dela, só estive em San Diego uma vez antes. Vim pelas praias, mas acabei indo embora às pressas depois de socar a cara de um engraçadinho e ele chamar a polícia. Jennifer nunca mais tocou no assunto, mas Alice lembra disso com risadas.

Agatha havia me contado que os pais dela se mudaram para cá quando Nicky tinha dois anos, queriam ficar mais próximos dela e do neto. E, comparado à Nova York, estão mais perto sim, mas Agatha fez questão de procurar uma casa para eles porque, segundo ela, precisava ser perto, mas não tão perto assim. Considerando que sua mãe é um tanto conservadora e seu pai acata tudo que ela diz, é compreensível.

Realmente levamos menos de duas horas para chegar, Agatha conhece atalhos dos quais eu nunca ouvi falar, mas confiei mesmo assim. Sendo honesta, eu iria até os confins da terra com essa mulher. A casa é como eu imaginava, arquitetura padrão, mas aconchegante. O gramado é bem cuidado e aparado, a pequena plantação de astromélias na lateral me surpreendeu. Agatha segura minha mão ao bater na porta e eu evito contato visual a todo custo. Estou mais nervosa do que eu gostaria. Evanora atende a porta, com James atrás. Realmente, é perceptível quem é que toma as rédeas aqui.

Evanora: Agatha, minha querida, quanto tempo! Não tinha certeza se você se lembrava que ainda tem pais.

James: Eva, por favor. Agatha acabou de chegar.

O desconforto em sua expressão me faz querer desaparecer. Agatha segura minha mão com mais firmeza agora e não a solta nem para abraçá-los.

Evanora: E você é...?

Rio: Eu me chamo Rio Vidal, estou trabalhando com Agatha em seu filme.

James: Você não é estranha pra mim. Eu já vi um filme com você. Sem farda de detetive você fica bem diferente, é claro, mas continua bonita.

Rio: Obrigada, eu...

Agatha: Rio é minha namorada. Esse é o motivo da visita. Achei que seria importante que a conhecessem. Agora vamos entrar, por favor.

Agatha atravessa os dois, me levando com ela. Ela é a única pessoa aqui que não está surpresa, aparentemente. Nunca demos nome à isso e eu não imaginava que ela seria tão direta com eles. Meu nervosismo agora camufla toda a felicidade que eu poderia expressar. Agatha puxa a cadeira para mim e se senta ao meu lado. Sorri como se esse momento não fosse aterrorizante para ela e eu não poderia estar mais orgulhosa. Seu pai se senta bem na minha frente e Evanora serve a comida. Eu não precisei de muito tempo para perceber que Agatha não é uma grande fã de carne vermelha, mas pelo visto, isso não é muito relevante para sua mãe. E é claro, ninguém além dela quebraria esse silêncio agora.