The tour (part one)

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(POV NARRADOR)

Depois de toda aquela confusão com filmes, bicicletas e o machucado do Shawn, a noite finalmente havia chegado ao fim. O silêncio na casa parecia trazer um pouco de paz, mas não para Ariana. Deitada em sua cama, encarando o teto, sua mente estava em um lugar — ou melhor, em uma pessoa. Billie Eilish.

A cada vez que fechava os olhos, a cena voltava: Billie suada, com o top e o short justos que moldavam perfeitamente suas curvas, o jeito despreocupado como ela movia o corpo. Era como se a visão tivesse se cravado em sua mente, e agora estava lá, insistindo em ficar. Mas o que a perturbava não era apenas a imagem. Era o contexto. O que aquilo significava? Por que Billie estava tão presente em seus pensamentos?

E, como um deslize involuntário, Ariana imaginou Billie não na praça, nem correndo pela rua, mas ali, no seu quarto. O calor subindo pelo seu corpo, o peso daquela presença tão palpável, os olhos intensos da Billie a encarando. Não conseguia evitar o rubor que subiu às bochechas com a cena mental que se desenrolava. "Que droga, Ariana!", sussurrou para si mesma, virando-se na cama e enterrando o rosto no travesseiro.

Era estranho pensar assim. No curto relacionamento com Jai, nunca tinha se sentido assim tão... incomodada. E não de um jeito ruim, mas como se alguma coisa estivesse deslocada, fora do lugar. Ele nunca provocara algo parecido, nem em seus melhores momentos. A Billie, em tão pouco tempo, parecia ter revirado algo dentro dela que ela nem sabia que existia.

O que a deixava mais confusa era a forma como Billie havia falado com ela na volta da praça. Aquela pergunta vaga, mas carregada de significados, sobre pessoas que preferiam se esconder. Era como se Billie estivesse tentando dizer algo, mas sem falar diretamente. Ou talvez fosse só coisa da sua cabeça? Ariana não sabia mais distinguir.

Virou-se na cama mais uma vez, soltando um suspiro frustrado. Se continuasse assim, não conseguiria dormir. Pegou o celular, abriu o aplicativo de mensagens e ficou encarando a tela por um tempo. Seu dedo pairava sobre o ícone de mensagem, como se quisesse tomar uma decisão que ela mesma sabia que não faria. Ela não ia mandar nada. Não agora.

"Eu tô ficando louca", pensou. Billie era uma incógnita, um desafio que a deixava sem chão, e talvez fosse exatamente isso que a fascinava tanto. Mas por enquanto, tudo o que podia fazer era encarar o teto e tentar ignorar o nome que pulsava em sua mente como uma música que não queria sair da cabeça. Billie. Billie Eilish.

A noite parecia interminável. Ariana tentava afastar Billie dos pensamentos, mas era como lutar contra uma maré incessante. Cada vez que tentava desviar o foco, outro detalhe surgia: o jeito como o suor escorria pela testa dela, pingando quase provocativamente; a forma como o short deixava suas pernas à mostra, torneadas e fortes. E, pior ainda, aquele olhar intenso e enigmático que parecia capturar Ariana em um lugar sem saída.

Ela bufou, irritada consigo mesma.

— Isso tá ridículo. — murmurou, rolando para o outro lado da cama.

Na tentativa de distrair a mente, pegou o celular novamente. Deslizou pelo feed de uma rede social qualquer, mas tudo parecia sem graça. Então, por impulso, procurou o perfil da Billie. Ali estava ela, com fotos que eram tão descontraídas quanto intrigantes. Uma selfie despretensiosa de academia, um vídeo bobo de uma caminhada, e... uma foto com aquele mesmo short e top que ela usava naquela tarde.

O coração de Ariana disparou. "É só uma foto, pelo amor de Deus", pensou. Mas não era só isso. Era o que aquilo representava. Fechou o aplicativo rapidamente, como se tivesse feito algo errado, e largou o celular de lado.

As luzes do quarto de Ariana estavam apagadas, mas um feixe de luz escapava pela fresta da porta, indicando que alguém ainda estava acordado. No silêncio da noite, o som das batidas leves na madeira ecoou.

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