O som suave de risadas infantis preenchia o corredor do hospital infantil, misturando-se ao tilintar de sinos e à melodia distante de uma música natalina. Kate Brooke, com as mangas do jaleco dobradas até os cotovelos e um gorro de Papai Noel improvisado na cabeça, equilibrava cuidadosamente uma pilha de enfeites coloridos enquanto andava de um lado para o outro.
— Doutora Kate, o floco de neve ficou torto! — exclamou uma menina de olhos brilhantes, apontando para o topo de uma árvore de Natal decorada com fitas e luzes piscantes.
Kate olhou para cima e fez uma careta teatral.
— Você está absolutamente certa, princesa. Acho que aquele floco precisa de uma ajuda especial. Quem quer me ajudar a consertar isso?Um pequeno grupo de crianças levantou as mãos, algumas ainda com tubos e sorrisos radiantes. Kate riu e pegou uma das meninas no colo, erguendo-a para que ela alcançasse o topo da árvore.
— Assim está perfeito! — disse Kate, aplaudindo quando o floco foi ajustado com precisão.— Doutora Kate, o que a senhora vai colocar no teto? — perguntou um menino de cabelos cacheados, apontando para a série de fitas vermelhas que ela tentava pendurar.
Kate olhou para a bagunça de enfeites que tinha na mão e suspirou, fingindo cansaço.
— Eu estava pensando em pendurar as estrelas aqui, mas sabe... elas têm vida própria e não querem ficar no lugar certo!As crianças riram alto, enquanto Kate subia em uma pequena escada para prender a fita. Enquanto trabalhava, ela observava o quanto as pequenas atividades de Natal iluminavam o rosto daqueles pequenos guerreiros. Cada sorriso fazia valer a pena o esforço de equilibrar sua profissão com aqueles momentos de pura alegria.
Kate amava seu trabalho como pediatra. A dedicação para cuidar daquelas crianças ia além do campo profissional – era algo profundamente pessoal. Era uma maneira de dar esperança, mesmo quando os dias eram difíceis. Naquela época do ano, ela sempre fazia questão de decorar cada canto do hospital, transformando-o em um pequeno refúgio natalino.
— Tudo bem, hora da estrela principal! — anunciou Kate, segurando uma grande estrela dourada. — Quem quer fazer as honras?
Desta vez, uma menina mais tímida levantou a mão, e Kate se abaixou para pegá-la, entregando-lhe a estrela com delicadeza.
— Você é a responsável por fazer nossa árvore brilhar, ok?A menina assentiu, segurando a estrela como se fosse o tesouro mais valioso do mundo. Quando a colocou no topo da árvore, todas as crianças aplaudiram, e Kate sorriu, sentindo um calor indescritível no peito.
Ela desceu da escada, observando a cena ao seu redor. Apesar de todas as lutas que aquelas crianças enfrentavam, havia algo mágico na capacidade delas de encontrar alegria nas pequenas coisas.
Kate sentou-se no chão ao lado de uma das camas, onde uma menina desenhava no papel.
— E você, Sarah, o que está desenhando?— O Papai Noel com um unicórnio. — A menina respondeu, sem tirar os olhos do desenho. — Porque ele é mágico, sabe? E todo mundo gosta de unicórnios.
Kate riu, concordando.
— Unicórnios são os melhores. Aposto que o Papai Noel adoraria ter um no trenó.Enquanto conversava com as crianças, uma enfermeira entrou no quarto, segurando uma prancheta.
— Doutora Kate, o turno acabou para você. Não acha que merece um descanso?Kate olhou para o relógio e percebeu que havia passado horas decorando e conversando com os pequenos pacientes. Ela deu de ombros, sorrindo.
— Eu descanso depois do Natal.As crianças começaram a rir novamente, e Kate sentiu-se exatamente onde deveria estar – em meio à magia do Natal, rodeada por pequenos milagres que preenchiam seu coração de esperança e alegria.
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A neve caía suavemente sobre a cidade, cobrindo as ruas em um manto branco que refletia as luzes natalinas. As vitrines das lojas brilhavam com decorações extravagantes, enquanto as pessoas apressadas passavam carregando sacolas de compras. Kate Brooke, com as bochechas coradas pelo frio, abraçava uma caixa cheia de brinquedos, caminhando com cuidado pelas calçadas escorregadias.
Ela adorava essa época do ano. Apesar do frio, o Natal aquecia seu coração de uma forma única. A ideia de ver as crianças do hospital abrindo os presentes, esquecendo por um momento suas batalhas, fazia valer cada segundo que dedicava àquele gesto.
Enquanto ajustava a caixa em seus braços, equilibrando-se na neve, ela não percebeu a figura que vinha na direção oposta. O impacto foi inevitável.
— Ah, meu Deus! — Kate exclamou, soltando a caixa e vendo os brinquedos espalharem-se pelo chão coberto de neve.
— Mil desculpas! — disse uma voz masculina, grave e um tanto desajeitada.
Kate olhou para cima, encontrando os olhos azuis penetrantes de um homem que parecia deslocado no ambiente festivo ao redor. Ele usava um sobretudo escuro, e sua expressão, inicialmente séria, suavizou-se ao perceber a confusão que causara.
— Não, está tudo bem! — Kate respondeu, apressando-se em abaixar para recolher os brinquedos.
Klaus Mikaelson hesitou por um momento antes de fazer o mesmo, ajoelhando-se ao lado dela e pegando um urso de pelúcia com um pequeno chapéu de Papai Noel.
— Deixe-me ajudar.Kate sorriu, ajeitando os óculos no rosto enquanto recolhia uma boneca caída na neve.
— Obrigada.O silêncio entre os dois foi preenchido pelo som distante de uma música natalina vinda de um café próximo. Enquanto colocavam os brinquedos de volta na caixa, Klaus quebrou o silêncio com uma pergunta casual:
— Estou curioso... Por que tantos brinquedos?Kate riu levemente, erguendo o olhar para ele.
— É época de Natal, e, infelizmente, muitas crianças não possuem brinquedos ou ganham algo nessa época tão linda.Klaus inclinou a cabeça, observando-a com genuíno interesse. Havia algo na simplicidade daquela resposta que o intrigava.
— Então você é tipo a Mamãe Noel dessa cidadezinha?Ela se levantou, batendo as mãos no casaco para tirar a neve acumulada, e sorriu.
— Algo assim. Mas sem o trenó ou as renas.Klaus também se levantou, segurando a caixa com facilidade. Seus olhos ainda estavam fixos nela, analisando-a com uma curiosidade silenciosa.
— Bem, você está fazendo um trabalho admirável. Poucos se dedicam tanto a alegrar o Natal de outras pessoas.Kate deu um sorriso tímido, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.
— Acho que é o mínimo que podemos fazer, não é?Antes que Klaus pudesse responder, ela estendeu as mãos para pegar a caixa.
— Obrigada pela ajuda.Ele hesitou, como se não quisesse encerrar a interação tão rápido, mas finalmente entregou a caixa.
— Foi um prazer, Mamãe Noel.Kate riu novamente, balançando a cabeça.
— Tenha uma boa noite...Ela fez uma pausa, percebendo que não sabia o nome dele. Klaus sorriu de lado, percebendo a curiosidade em seus olhos.
— Klaus.— Tenha uma boa noite, Klaus. — Ela disse, antes de virar e seguir seu caminho pela calçada.
Enquanto ela se afastava, Klaus ficou parado por um momento, observando-a desaparecer em meio às luzes e à neve. Um sorriso discreto surgiu em seu rosto – o primeiro em muito tempo.
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Íris - Klaus Mikaelson
Roman d'amourSinopse Klaus Mikaelson sempre viu o amor como uma fraqueza, algo perigoso demais para alguém como ele. Um sentimento que apenas trazia dor e perda. Mas tudo muda quando ele conhece alguém diferente - uma mulher que não tenta consertá-lo, tampouco t...