O silêncio era a única companhia que Klaus Mikaelson conhecia há meses. Cada noite se arrastava, vazia e interminável, como se o tempo zombasse da sua existência imortal. Longe de sua família e de sua filha, ele vagava pelas ruas de cidades desconhecidas, tentando evitar a dor que o seguia como uma sombra.
Nova Orleans estava distante, e Hope, ainda mais. A maldição do Hollow o mantinha isolado, incapaz de oferecer proteção ou amor àqueles que mais importavam. Ele era um rei sem trono, um pai sem filha, um homem condenado a viver em um mundo que sempre parecia tirar mais do que dava.
No último século, Klaus aprendera a conviver com sua escuridão, a aceitá-la como parte de quem ele era. Mas agora, sem ninguém para compartilhar seus dias e sem um propósito além de sobreviver, até mesmo as trevas pareciam desgastadas. Seus passos o levaram até uma pequena cidade ao sul, onde o Natal estava em todos os lugares – luzes nas janelas, guirlandas nas portas, música em cada esquina.
Ele não odiava o Natal, mas tampouco o entendia. A alegria que os outros compartilhavam parecia inalcançável, uma ilusão frágil demais para suportar as verdades do mundo. E ainda assim, havia algo naquelas luzes piscantes e no cheiro doce de biscoitos recém-assados que o mantinha ali, observando de longe.
Era dezembro, e a cidade inteira estava imersa no espírito natalino. Crianças corriam pelas ruas, carregando sacolas de doces, e adultos se apressavam com presentes em mãos. Entre eles, uma mulher chamava sua atenção. Não era por sua aparência – embora fosse impossível não notar seus cabelos dourados que pareciam capturar a luz de cada lâmpada ao redor – mas pela energia que ela emanava.
Ela caminhava pela calçada com passos apressados, uma sacola cheia de brinquedos em um braço e um pequeno enfeite de Natal na outra. Seu sorriso era suave, quase imperceptível, mas carregava uma calma que contrastava com o frenesi à sua volta. Klaus não conseguia desviar o olhar. Não era apenas curiosidade; era algo mais profundo, algo que ele não sabia nomear.
Ele a seguiu com os olhos enquanto ela atravessava a rua, entrando em um pequeno hospital infantil decorado com luzes e flocos de neve artificiais. Do lado de fora, uma placa indicava o que aquele lugar significava: um refúgio para crianças que precisavam de esperança. Ela entrou sem hesitar, e Klaus ficou ali, parado, sentindo um peso familiar em seu peito.
Algo naquela mulher o desconcertava. Talvez fosse a maneira como ela parecia alheia ao caos ao seu redor, ou a forma como ela se dedicava àqueles que precisavam dela. Klaus não sabia o que o atraía, mas sentiu uma faísca dentro de si, algo que há muito pensava estar extinto.
Naquela noite fria de dezembro, em meio ao brilho das luzes de Natal e ao som de risadas infantis, Klaus Mikaelson, o híbrido original, encontrou algo que ele não sabia que ainda buscava. Não era redenção ou perdão – era calor. Era humanidade. Era a possibilidade de um novo começo.
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Íris - Klaus Mikaelson
RomansaSinopse Klaus Mikaelson sempre viu o amor como uma fraqueza, algo perigoso demais para alguém como ele. Um sentimento que apenas trazia dor e perda. Mas tudo muda quando ele conhece alguém diferente - uma mulher que não tenta consertá-lo, tampouco t...