Capítulo 1: A Ruína de Nhar-Thalas

11 2 0
                                    

O mundo de Nhar-Thalas, outrora cheio de vida, agora era um eco do que já fora. Um planeta em ruínas, coberto por desertos de cinzas onde florestas densas antes floresciam. As montanhas de pedra negra, corroídas por tempestades mágicas, eram um lembrete sombrio das batalhas que devastaram o mundo. O céu, sempre nublado, parecia sufocar os últimos fragmentos de esperança dos sobreviventes. Apenas o reino de Thalendor permanecia de pé, o último refúgio de uma humanidade à beira da extinção.

Entre as muralhas desgastadas de Thalendor, na aldeia de Eldarion, vivia Uruk Ferreira, um jovem de coração gentil, que ajudava o pai, Alaric Ferreira, na forja da família. Apesar do caos ao redor, os dois encontravam consolo no som rítmico do martelo contra o metal e no calor do fogo.

– Pai, você acha que essa guerra vai acabar? – Uruk perguntou, limpando o suor da testa enquanto segurava uma espada recém-terminada.

Alaric, um homem robusto e calejado pela vida, ergueu os olhos para o filho, um sorriso breve em seu rosto.

– Vai acabar, filho, mas talvez não como esperamos. Até lá, nosso dever é proteger o que amamos.

Uruk sentiu um peso nas palavras do pai, mas não teve tempo para refletir. Gritos ecoaram pela aldeia. Quando saíram da forja, viram as muralhas sendo destruídas.

No horizonte, Rustoven Wenter surgia como uma força imparável. Vestido em uma armadura negra que parecia viva, ele brandia uma espada monstruosa enquanto uma aura de magia negra girava ao seu redor. Rustoven, o maior guerreiro de Khar'Zathar, o "Trono de Ossos", um planeta onde a força era a única lei. Ele marchava como um predador, espalhando destruição com um sorriso sádico.

– Fique aqui, Uruk – ordenou Alaric, pegando sua espada.

– Pai, você não pode lutar contra ele sozinho!

Alaric segurou os ombros do filho, seus olhos refletindo uma determinação inabalável.

– Prometa que vai sobreviver, filho.

Antes que Uruk pudesse protestar, Alaric correu para o campo de batalha. Rustoven o notou e sorriu.

– Você veio morrer com honra, ferreiro? Que adorável.

Sem hesitar, Alaric atacou. Seus movimentos eram precisos, cada golpe carregava a experiência de anos. Mas Rustoven não era um oponente comum. Ele bloqueava cada ataque com facilidade, como se estivesse brincando.

– É isso? Você é mais fraco do que eu pensava.

Rustoven desarmou Alaric em um único movimento e, sem piedade, atravessou seu coração com a espada.

– Não há espaço para esperança aqui.

Uruk gritou, seus olhos fixos no corpo do pai caindo ao chão. Ele correu até Alaric, segurando-o nos braços enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.

– Pai, por favor, não me deixe!

Alaric, com as últimas forças, tocou o rosto do filho.

– Seja forte, Uruk… viva…

Essas foram suas últimas palavras.

Uruk sentiu algo quebrar dentro de si. Ele pegou a espada caída do pai e se levantou.

– Rustoven! Eu vou acabar com você!

Rustoven virou-se, rindo.

– Que coragem patética. Vamos ver o que você pode fazer, garoto.

Uruk atacou com fúria. Seus movimentos eram desajeitados, mas cheios de emoção. Rustoven desviava com facilidade, zombando dele a cada passo.

– Você é apenas um inseto, tentando morder um dragão.

Rustoven ergueu a mão, e a espada de Uruk quebrou em pedaços sob o efeito de sua magia. Uruk caiu de joelhos, exausto e derrotado. Mas então, algo dentro dele despertou.

Com a dor e a raiva dominando seu corpo, Uruk gritou. Ele mordeu o próprio braço até sangrar, e uma magia antiga emergiu. O Sacrifício de Sangue. Sua energia vital foi drenada, mas, em troca, um poder avassalador o envolveu.

Rustoven deu um passo para trás, surpreso.

– O que é isso?

Uruk atacou, e o golpe carregado pela magia rasgou o braço direito de Rustoven. Pela primeira vez, o sorriso desapareceu do rosto do guerreiro.

– Impressionante… mas isso não é suficiente.

Rustoven abriu um portal com sua magia negra.

– Você vai me ver de novo, garoto. E, quando isso acontecer, eu terminarei o que comecei.

Ele desapareceu, deixando Uruk sozinho em meio às cinzas. Mas o preço do Sacrifício de Sangue era alto. Sem forças, o jovem desabou no chão, sua visão escurecendo enquanto o mundo ao seu redor se apagava.

No distante planeta de Noctharys, o Rei Demônio caía em batalha. Derrotado por seus inimigos, ele usou uma magia proibida com seu último suspiro. Sua alma deixou o corpo e começou a vagar pelos universos, em busca de um novo hospedeiro.

A alma chegou a Nhar-Thalas, atraída pelo poder latente de Uruk.

– Você deseja vingança?

A voz ecoava na mente de Uruk, fria e poderosa.

– Quem… quem está aí?

– Eu sou o Rei Demônio de Noctharys. Posso te dar o poder que deseja, mas, em troca, você deve me aceitar como parte de si.

Uruk hesitou. O nome era suficiente para fazê-lo recuar.

– Um demônio… por que deveria confiar em você?

– Porque, sozinho, você nunca terá força suficiente para proteger o que resta. Comigo, você será invencível.

Uruk cerrou os punhos, o rosto ainda marcado por lágrimas.

– Se isso me der poder para destruir aqueles que fizeram isso… eu aceito.

A alma do Rei Demônio riu.

– Excelente.

Uma explosão de energia percorreu o corpo de Uruk. Seu cabelo, antes negro, tornou-se cinza como as cinzas que cobriam o chão. Seus olhos, antes vazios, agora brilhavam com um vermelho intenso.

Quando Uruk se levantou, não era mais o jovem gentil que havia segurado o corpo do pai. Ele era agora algo novo, forjado pela dor e pela escuridão, carregando a promessa de reescrever o destino de todos os mundos.

A Forja do Abismo Onde histórias criam vida. Descubra agora