Capítulo 2 - Ecos de um Mundo Perdido

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O silêncio em Térion era ensurdecedor

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O silêncio em Térion era ensurdecedor. Após a fusão com o rei demônio, Uruk Ferreira despertava aos poucos. Sua mente estava pesada, tomada por imagens confusas: o rosto do pai manchado de sangue, o som metálico da espada de Rustoven, e uma presença sombria que parecia envolver sua alma.

De pé, diante das ruínas de sua terra natal, ele sentia algo novo. Não era apenas dor ou raiva, mas uma voz calma e imponente ressoando dentro de si.

— Finalmente, acordou. — A voz reverberava como o eco de um trovão distante. — Achei que havia morrido na fusão. Não seria muito útil para mim assim.

Uruk respirou fundo, tentando ignorar o tom arrogante.

— Quem é você?

— Sou Malzareth, o último rei de Drazgar. Um demônio, como você já deve ter percebido.

Uruk apertou os punhos, sentindo o peso da responsabilidade. Ele hesitou por um instante. Havia aceitado a fusão, mas o que significava compartilhar sua alma com um rei demônio?

— Por que me escolheu?

— Escolher? — Malzareth riu suavemente. — Foi você quem me libertou, garoto. Agora estamos ligados. Não me culpe por sua imprudência.

Uruk não respondeu. Ele olhou ao redor, sentindo a destruição de Térion como uma faca em seu peito. Quando fechou os olhos, imagens de sua infância surgiram: brincadeiras com sua mãe, os ensinamentos de seu pai. Tudo aquilo agora parecia um sonho distante.

— Não importa o que você diga, Malzareth. Eu te aceitei por um motivo. Não vou descansar até destruir Rustoven.

— Admirável, mas infantil. Se quer vingança, vai precisar de muito mais do que bravatas. Por sorte, eu estou aqui.

Uruk sentiu uma onda de energia percorrer seu corpo. Uma queimação intensa atingiu seus olhos, forçando-o a cair de joelhos.

— O que está fazendo comigo?

— Um presente, como gesto de boa-fé. Estou despertando o Olho do Rei Demônio. Ele permitirá que veja além do óbvio, que compreenda o mundo ao seu redor de uma forma que nenhum mortal poderia.

Uruk gritou, sentindo o calor em seus olhos aumentar. Quando a dor cessou, ele abriu os olhos novamente. Tudo parecia diferente. Uma aura translúcida envolvia o que restava de Térion. De repente, informações começaram a surgir em sua mente: números, imagens, sensações.

— Térion... está completamente destruído.

— Sim, e apenas cinco nativos ainda vivem. Curioso, não acha? Um número tão pequeno em meio a tanto caos.

Uruk não conseguiu responder. A quantidade de informações o deixou zonzo. Mas, em meio à confusão, sua determinação se manteve firme.

— Cinco pessoas... Não vou deixá-los morrer.

A jornada começa

Uruk levantou-se com dificuldade e começou a caminhar até os escombros de sua antiga casa. Ele sabia que encontrar sobreviventes era prioridade, mas algo o chamava de volta àquele lugar. As ruas estavam cobertas de cinzas, os prédios destruídos. O cheiro de morte era opressor, mas ele continuava.

Enquanto caminhava, Malzareth voltou a falar, dessa vez em um tom mais calmo, quase reflexivo.

— Você é teimoso, garoto. Mas admiro sua força de vontade. É raro encontrar mortais com essa determinação, mesmo depois de perder tudo.

— Eu não perdi tudo. Ainda tenho a mim mesmo. E vou lutar.

Malzareth deu uma risada baixa.

— Veremos quanto tempo essa chama vai durar.

Quando Uruk chegou à sua antiga casa, o que restava dela era irreconhecível. Ele vasculhou os escombros em busca de algo que pudesse levar consigo. Após alguns minutos, encontrou uma foto de sua família, milagrosamente intacta, e um papel com uma localização misteriosa.

Ele segurou a foto com força, olhando para os rostos sorridentes de seus pais.

— Pai... Mãe... eu prometo que não vou parar até honrar vocês.

A descoberta

Determinado, Uruk deixou sua antiga casa e começou a buscar os sobreviventes. Sua caminhada o levou por lugares que marcaram sua vida: a escola onde estudou, agora em ruínas; os campos floridos onde colhia flores para sua mãe, reduzidos a cinzas.

Ele passou pelo mercado central, onde a vida sempre parecia vibrar. Agora, os corpos dos moradores estavam espalhados pelo chão, em meio a mercadorias destruídas. Ele se ajoelhou no meio do mercado e fechou os olhos.

— É isso que sobra quando a ganância destrói tudo. Térion não é mais um lar. É um túmulo.

Malzareth permaneceu em silêncio, talvez reconhecendo a gravidade do momento.

Horas depois, Uruk finalmente encontrou os corpos dos últimos sobreviventes. Eles estavam empilhados, já sem vida. Ele se ajoelhou novamente, sentindo a raiva crescer dentro de si.

— Rustoven... isso é obra sua. Eu juro que vou acabar com você.

Antes que pudesse se levantar, o Olho do Rei Demônio brilhou. Ele sentiu uma onda de energia, como se algo o chamasse. Seguindo sua intuição, encontrou uma jovem de cabelos azul-escuros caída entre os escombros. Ela estava gravemente ferida, sem uma perna e uma mão, mas ainda viva.

— Uma sobrevivente...

— Garoto, se vai salvá-la, é melhor ser rápido. Ela não tem muito tempo.

Uruk tirou a poção de cura que havia encontrado e tentou fazer a garota beber. Mas ela estava inconsciente. Ele hesitou, olhando para o rosto pálido dela.

— Desculpe por isso...

Ele pressionou os lábios contra os dela, derramando o líquido na boca da jovem. Por um momento, ele se lembrou de sua mãe, que sempre dizia para nunca desistir, mesmo diante das maiores dificuldades.

O renascimento

Carregando a garota nos braços, Uruk encontrou uma antiga ferraria ainda de pé. Ele a acomodou em uma cama improvisada e começou a trabalhar. O som do martelo batendo no ferro ecoava pelo que restava de Térion.

Malzareth observava em silêncio. Quando finalmente falou, sua voz estava carregada de um tom incomum: respeito.

— Você é mais resiliente do que eu esperava, garoto. Talvez, apenas talvez, você seja digno do poder que agora possui.

Horas depois, a jovem abriu os olhos lentamente. A visão era turva, mas ela conseguia distinguir a figura de Uruk de costas, trabalhando no que parecia ser uma arma.

— Onde... eu estou?

Uruk se virou, os olhos brilhando em vermelho.

— Em um lugar seguro. E viva, por enquanto.

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