A chuva caiu sobre o jardim da mansão, Amapá estava no momento enrolado ao cobertor, reclamando do porquê estava tão frio daquela forma. Ele se joga no sofá, deitado de barriga para cima enquanto observa o lustre na sala de estar. Amapá sabia que São Paulo tinha algumas casas, mas ele pensava que eram apenas casarões antigos ou apartamentos voltados para as principais avenidas. Mas nunca pensou numa mansão.
O paulista é alguém com muito dinheiro, mas mantinha uma aparência desleixada e até simples. Preferindo usar moletom simples do que de marca famosa. Amapá fecha os olhos, ele estremece ao ouvir o barulho alto do trovão do lado de fora. As luzes piscam pela chuva forte, os clarões dos relâmpagos brilham.
Sampa desce as escadas da mansão segurando uma toalha de banho, ele boceja alto, a franja cobrindo os olhos. O rapaz levanta a mão e penteia o cabelo molhado para trás, as olheiras nos olhos com um pouco de creme, alguns fios de cabelo caem no rosto novamente, o paulista se aproxima lentamente, os músculos tensos pela correria do dia-a-dia.
— Tenho uma reunião agora, você pode pedir o que quiser para comer, já que não quer comer o cuscuz… — Sampa resmunga a última parte. Ele ainda estava magoado pelas palavras do Rio sobre sua culinária. Amapá abre os olhos e treme de frio novamente.
Sampa percebe, ele sorri fracamente, aproximando-se do sofá, o rapaz pega o controle do aquecedor e aumenta a temperatura. Subindo 15°C a mais do que o clima do lado de fora. Amapá sente o calor abraçar seu corpo através do cobertor. Ele se desenrola e suspira baixo, o corpo moreno sente novamente o calor desejado.
Amapá abre os olhos e encara Sampa colocando o cartão de crédito na mesa de centro. Ele sai resmungando algo baixo, possivelmente xingando Rio ainda sobre o cuscuz. Amapá olha para o cartão de crédito e depois para o rapaz, ele senta no sofá, franzindo as sobrancelhas.
Seus olhos seguem o paulista enquanto ele sobe as escadas, deixando-o sozinho na sala de estar. Amapá ouve o celular tocando, sabendo que a única pessoa que ligaria para ele era a pessoa que havia lhe colocado nesta situação constrangedora. Amapá olha para o lado, ele estica o braço e pega o celular na mesa de centro, ao lado do cartão de crédito.
Amapá aperta no botão de atender a ligação, a foto de Tocantins mostrando a língua faz a adrenalina subir por suas veias. Ele aproxima o celular do ouvido, escutando atentamente a risada travessa de Tocantins.
— Pensei que estivesse sentado no Sampa pra não atender de primeira.
— Quando eu voltar para o Norte você estará morto, ouviu, Tocantins?! Morto! — Amapá ameaça, fechando a mão esquerda em punho. As bochechas ficam vermelhas de raiva ao ouvir a risada do jovem aumentar. — Quero que me tire daqui imediatamente, devolva o dinheiro do São Paulo.
— Então... tenho duas notícias boas...a primeira é: conseguimos comprar um novo terreno para o Pará, agora podemos expandir nosso agronegócio! E o segundo é: comprei um novo celular. Ah, também sobrou 2 reais dos 60 mil.
— Vocês fizeram o que?! Que porra de notícias boas são essas, égua?! — Amapá congela ao ouvir que só sobraram 2 reais. Ele se sentiu tonto, uma vertigem forte. O mundo parecia girar, ele olha para o punho, não conseguindo ver nada além de um borrão. Sua visão estava turva, a resposta do corpo pela frase inesperada.
— Notícias boas para mim, amore.
Amapá abre a mão e toca na testa, ele abria e fechava a boca, não conseguindo formar nenhuma palavra. Parecia que seu cérebro estava no piloto automático. Ele levanta do sofá, caminhando em passos lentos para perto da estante de discos, que ficava encostada na parede, ao lado do sofá. Amapá só conseguia soltar chiados baixos, palavras incompreendidas.
— Para de drama, Amapá. Você tem um ricaço entre suas pernas...Deus me livre, mas quem me dera. Eu ia comprar tanta coisa que ia falir ele.
Como uma âncora acertando sua cabeça, Amapá fecha a boca e range os dentes, os olhos brilham de raiva, as veias das têmporas inflam, o coração palpita rápido, a respiração fica ofegante. Amapá fecha a mão em punho e soca a parede, ao lado da estante, descontando sua raiva do jovem.
— Mas e aí? Como você está lidando com o Rio? Paraná me contou que os dois estavam em um relacionamento, sabe. Um comia o outro, passado, chocado. Me fala...o Rio sabe que está sendo chifrado?
— O que você está falando, Tocantins?! Não aconteceu nada, eu só estou limpando a casa dele e o carro, sou mais como um empregado doméstico. — Amapá diz rangendo os dentes, o rubor se expande até a ponta das orelhas. — Você e o Paraná são dois fofoqueiros.
— Fofoqueiro, não! Divulgador de notícias.
— Já tomou no cu hoje, Tocantins?
— Já, e foi ótimo.
Enquanto Amapá revira os olhos, ele bate algumas vezes a testa na parede, tentando forçar um desmaio para deixar de ouvir as provocações de Tocantins. Seus olhos se desviam para a estante de CDs, vendo álbuns de bandas de Heavy Metal e Rock. Alguns papéis com notas musicais, uma composição que São Paulo escreveu.
— Nossa, bafão, Amapá. Você sabia que peguei o Acre e o potiguar atrás do arbusto? Nossa, tem muita fofoca que preciso contar pra você. Sabe o Minas Gerais? Eu soube que ele e o Mato Grosso do Sul…
Amapá bate a mão no rosto e puxa para baixo, ouvindo Tocantins fofocar. O amapaense volta a olhar para a composição musical, os olhos lendo os rascunhos ao lado de cada estrofe. Ignorando completamente Tocantins no celular.
Amapá caminha lentamente em frente à estante, seus olhos vagando pelos discos e álbuns, além de algumas fotos de show que Sampa havia ido no passado. Ele para ao encarar uma foto de São Paulo e Rio de Janeiro juntos curtindo o Lollapalooza, ao lado da foto existia outra, dessa vez no Rock In Rio.
Um sentimento estranho surge em seu estômago, um enjôo ao encarar as fotos. O sorriso alegre de Rio e o olhar desinteressado de Sampa traziam tais sentimentos e pensamentos conturbados para o Amapá.
— Ainda bem que comprei um celular novo, porque é tanta fofoca que ia ficar sem espaço no celular. Você podia pedir para o Sampa comprar um celular novo para você, já que ele é seu Sugar Daddy.
— Nem com nojo! Vocês vão me tirar daqui! Está me ouvindo, Tocantins? Consiga todo o dinheiro, foda-se como você vai tirar. Tira do cu se for preciso! E pague a porra do leilão! Eu não quero ficar aqui mais nenhum minuto, égua! — Amapá exclama socando a parede várias vezes. As luzes piscam e se apagam, o sinal da linha telefônica some, deixando Amapá sem resposta de Tocantins.
Ele franze as sobrancelhas afastando o celular do ouvido, vendo que não tinha mais sinal. Amapá revira os olhos e bate com força a testa na parede.
— Não acredito que Pará aceitou gastar o dinheiro...com certeza Tocantins está zombando da minha cara...eles não teriam gasto meu dinheiro...
Enquanto isso, no norte do país, Tocantins olha para o celular, esperando Amapá atender novamente a ligação. — Por que o Amapá desligaria na sua cara, Tocantins? — Acre pergunta balançando as pernas, ele sorri sentado na cadeira de balanço. O Sol descendo no horizonte, deixando a cozinha em uma tonalidade alaranjada.
— Talvez tenha acontecido alguma coisa com ele...precisamos ir ao seu encontro. — Pará falou com uma voz calma, ele está encostado no batente da porta da cozinha, observando toda a cena entre os dois jovens. Tocantins mostra a língua ao ouvir a ligação indo para a caixa postal.
— Não...ele com certeza está se divertindo. Vocês sabem como o Amapá é, quer ser machão, mas gosta de sentar. — Tocantins dá de ombros desligando o celular, ele cruza as pernas e sorri para Pará colocando as mãos nos ouvidos de Acre. Impedindo o menor de ouvir as palavras de duplo sentido. Pará balança a cabeça, reprovando as atitudes do jovem. — O que? Até parece que o Acre é um santo... você devia ter ouvido os gritos quando o potiguar pegou ele de vez.
— Tocantins!
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N/A: Era para ser um hot, mas achei melhor escrever um soft antes dos hot que virão a seguir. :)
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+ 18 Amapá || Leilão Ilícito || OcEstados
FanficApós ser leiloado sem seu consentimento, Amapá vê-se forçado a viver e trabalhar para São Paulo, consequentemente aos Estados Sudestinos também. Tendo que conviver dia após dia em uma montanha-russa emocional, onde o levará ao romantismo ou simplesm...