"Você tem que entender que, quando você está dentro de algo, não consegue ver o quão difícil vai ser sair."
— Stephen King, "O Cemitério"
Dois dias haviam se passado desde aquela conversa no escritório, mas o peso do que aconteceu ainda estava comigo. Tentei enterrar os pensamentos em tarefas do dia a dia, mas toda vez que o silêncio se instalava, minha mente voltava para ele. "Não se esqueça disso, Zaika..." As palavras, tão carregadas de intensidade, ecoavam como se fossem uma marca invisível.
Naquele dia, Anastasia e eu caminhávamos pela faculdade, o sol da manhã batendo forte enquanto discutíamos trivialidades. Ela parecia especialmente animada com algum plano que eu não tinha absorvido completamente, mas sua energia me fazia rir.
— Você ainda não superou o fato de ter passado no estágio, né? — Disse ela, empurrando meu ombro de leve.
— E você ainda não superou o fato de que vai me fazer enlouquecer com toda essa animação. — Respondi, revirando os olhos com um sorriso.
— É meu papel como sua melhor amiga, ué. E, falando nisso, você não acha que meu pai foi meio intimidador demais? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto me olhava de lado.
Minha respiração travou por um segundo. Era quase impossível agir de maneira natural quando ela mencionava ele, mas fiz o melhor que pude.
— Não... Ele foi profissional. — Respondi, desviando o olhar para evitar que ela percebesse algo de errado.
— Hmm, tá bom. Vou fingir que acredito. — Anastasia riu, puxando o celular para tirar uma foto de nós duas. — Agora faz uma cara feliz, porque essa vai direto para o meu Stories!
Enquanto ela mexia no celular, avistei Gabriel, o cara que conheci no ponto de ônibus na semana passada. Ele parecia estar perdido, os olhos varrendo o corredor como se procurasse alguém.
— Ei, quem é aquele? — Anastasia perguntou, seguindo meu olhar.
— Só um conhecido. — Respondi, tentando parecer indiferente.
Mas Anastasia, sendo quem era, ignorou completamente minha resposta e me puxou em direção a ele.
— Eduarda! — Gabriel chamou, um sorriso abrindo-se em seu rosto ao me ver.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Anastasia já estava agindo como se o conhecesse há anos.
— Oi, sou Anastasia, melhor amiga da Eduarda. — Ela disse, com uma confiança que só ela tinha.
Gabriel, para minha surpresa, riu, apertando a mão dela.
— Gabriel. É bom te conhecer. — Ele disse, antes de se virar para mim. — Estava procurando você. Preciso te perguntar uma coisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A marca do proibido
RomanceEduarda Hermann sempre foi uma garota reservada, vivendo uma vida discreta entre os estudos faculdade que faz de TI. Porém, ao se mudar para Nova York, ela se vê envolvida em um jogo perigoso e sedutor, onde o que é proibido se torna irresistível. Q...