Bleach: Veil On The Poison

034. The curse beneath your feet

A batalha havia se transformado em algo além do que Byakuya Kuchiki poderia ter antecipado. Ele, que havia enfrentado incontáveis ameaças à Soul Society, agora se via paralisado diante do que seus olhos testemunhavam. A figura de Tine, envolvida em uma aura estranhamente ameaçadora, parecia transcender tudo o que ele entendia sobre o poder de um shinigami.

A lâmina da jovem capitã começou a mudar. O som da voz de Tine ecoou com uma clareza que parecia cortar o ar.

— Bankai, Kiyomaru Seijitsuhara no Noroi.

No momento em que as palavras foram proferidas, sua zanpakutou se transformou. A lâmina assumiu a forma de uma longa fita brilhante, que ondulava de maneira quase hipnótica. Ela se estendia até dois metros, envolvendo lentamente o corpo de Tine, subindo como uma serpente em direção ao pescoço dela. Quando finalmente completou o movimento, com um golpe súbito e preciso, a lâmina cortou o próprio pescoço de Tine.

Byakuya conteve o instinto de intervir, mas suas mãos se apertaram ao redor de sua própria zanpakutou. Ele não entendeu, no início, o que estava testemunhando. A lâmina cortava, mas não derramava sangue. Em vez disso, um líquido verde-escuro viscoso jorrou, caindo em cascata e se acumulando no chão. A substância parecia viva, ondulando e borbulhando. Uma poça enorme se formou ao redor de Tine, e dela começaram a emergir formas distorcidas, como sombras de almas que gritavam em agonia, cada som cortando o ar como lâminas invisíveis.

Daquela poça de pesadelo, uma figura começou a se erguer.

Yukudo.

Byakuya sentiu um calafrio subir por sua espinha ao reconhecer aquele ser. Um nome que ele havia ouvido em histórias proibidas, uma presença que há muito havia sido apagada da história da Soul Society por puro terror. A última vez que ele ouviu sobre aquele ser foi durante uma conversa sigilosa em sua juventude, nos salões silenciosos do clã Kuchiki, onde até o simples ato de mencionar o nome de Yukudo era considerado um ato de afronta.

Os olhos de Byakuya se estreitaram enquanto ele observava a forma do monstro tomar forma. Yukudo parecia tanto uma sombra quanto uma entidade física, algo entre o etéreo e o material. Sua presença era sufocante, e Byakuya imediatamente compreendeu: aquilo não era uma simples manifestação de um poder. Era ele. Yukudo estava ali.

Ainda assim, Byakuya permaneceu parado, imóvel, como uma sombra no campo de batalha, seus olhos analisando cada movimento. Ele sabia que sua intervenção, naquele momento, poderia ser desastrosa. Se Yukudo realmente havia emergido daquela poça, era algo incontestável.

O Athanarktos avançou novamente, ignorando Yukudo, como se apenas a capitã fosse uma ameaça real. Os movimentos de Tine eram rápidos e precisos, a fita venenosa da zanpakutou dançando no ar e atacando com precisão mortal. Quando o veneno tocava o Athanarktos, os efeitos eram devastadores. Partes do corpo da criatura se desintegravam quase instantaneamente, derretendo em uma reação que era, ao mesmo tempo, fascinante e repulsiva.

No entanto, o Athanarktos parecia se adaptar. Mesmo com membros se desintegrando, ele avançava com uma ferocidade cada vez maior, forçando Tine a recuar. O controle dela sobre sua Bankai parecia vacilar, mas ela continuava, determinada, atacando sem hesitação. A batalha era um espetáculo grotesco, uma dança entre o poder avassalador e o puro instinto de sobrevivência.

Enquanto isso, Yukudo, embora presente, não intervinha. Ele parecia... observar. Como um predador paciente, seus olhos escuros varriam o campo de batalha. E então, de repente, seus olhos se voltaram diretamente para Byakuya.

Foi um movimento tão súbito e intencional que Byakuya se viu quase instintivamente segurando a bainha de Senbonzakura mais forte. O sorriso de Yukudo era perturbador, um arco cruel que carregava uma mensagem clara: Eu sei que você está aí.