Entrelaçada em sua obsessão

Capítulo 13

DREW

Dois meses se passaram, mas eu continuo no piloto automático. Gravei as cenas da nova temporada de Outer Banks, mas não consigo lembrar de uma única fala. O rosto dela ainda está lá, assombrando cada canto da minha mente.

E agora estou no Brasil. A equipe decidiu que seria o local perfeito para promover a série e fazer algumas filmagens especiais para os fãs. No entanto, minha única motivação para estar aqui é Yara.
Desde que descobri que ela poderia estar no Brasil. Eu segui pistas, contratei pessoas, fiz tudo o que estava ao meu alcance para encontrá-la. Eu não vim aqui só para divulgar a série. Vim para trazê-la de volta.

Depois de uma entrevista exaustiva para um canal local, algumas pessoas do elenco decidiram que seria uma boa ideia curtir a praia no fim do dia. O sol já estava se pondo, e a luz alaranjada do céu parecia zombar de mim, como se dissesse: ela está perto, mas ainda longe demais para você alcançá-la.

"Cara, você precisa relaxar. Estamos no Brasil, um dos lugares mais bonitos do mundo. Olha só essa vista!" Comentou Austin enquanto se sentava ao meu lado.

"Não vim aqui para apreciar a vista, Austin." Soltei,ele sabia muito bem porque eu aceitei vir para o Brasil.

"Ah, deixa eu adivinhar... é sobre ela de novo, né?" Disse ele de maneira calma e óbvia.

"Ela está aqui, Austin. Eu sei disso." Suspirei.

"Drew, você tá se ouvindo? O Brasil é imenso. Você acha que vai esbarrar nela andando pela praia?" Austin riu em descrença,eu sabia que no fundo ele me achava um louco.

"Eu não só acho. Eu tenho certeza." Afirmei com confiança.

"Tá bom, Sherlock. Mas e se você realmente a encontrar? Qual é o plano? Vai arrastá-la de volta como um cavaleiro medieval?" O mesmo zombou tentando trazer um ar leve para o assunto

"Eu só... quero que ela me ouça. Que me dê uma chance de explicar." Não tinha oque explicar,eu nem ao menos pensei no que falaria se a encontrasse.

"Explicar o quê? Que você tá obcecado? Isso não vai trazer ela de volta, cara."Austin cruzou os braços após beber um pouco de seu refrigerante.

"Você não entende. Eu preciso dela." Falei entristecido,enquanto me levantava pra caminhar pela praia.

Caminhando por um bom tempo,percebi que já tava um pouco escuro,talvez a melhor escolha fosse voltar para perto do resto do elenco,e eu estava prestes a fazer isso.

Foi então que a vi.

Ela estava de costas, rindo de algo que um cara disse – um homem alto, moreno, com uma tatuagem no braço. Ele parecia à vontade ao lado dela, como se a conhecesse a vida toda. Minha visão ficou turva de raiva e um desejo possessivo tomou conta de mim.

"Yara!"

Minha voz ecoou pela praia, carregada de emoção e intensidade. Eu vi quando ela congelou, o riso desaparecendo de seus lábios. Ela se virou lentamente, e nossos olhares finalmente se encontraram.

Por um instante, o mundo inteiro pareceu parar. Só havia nós dois.

YARA

Meu coração parou quando ouvi a voz dele. Eu sabia que ele viria – sempre soube que, de alguma forma, Drew me encontraria. Mas ainda assim, não estava preparada para vê-lo ali, parado na areia, com aquele olhar perturbadoramente intenso.

"Você está brincando, né?" murmurei para mim mesma, sentindo um misto de medo e irritação.

Meu irmão, Rhalpy, deu um passo à frente, instintivamente ficando entre nós. "O que você quer aqui, cara? Ela não te quer mais."

Drew nem sequer olhou para ele. Seus olhos estavam cravados em mim, como se o resto do mundo fosse insignificante. Ele deu alguns passos na minha direção, sua expressão uma mistura de alívio e loucura.

"Dois meses, Yara. Dois meses sem você. Você acha que pode simplesmente desaparecer e esperar que eu aceite isso? Que eu siga em frente?" Ele estava tremendo, e eu não sabia se era de emoção ou de raiva.

"Eu não devo nada a você, Drew. Nada." Minha voz saiu firme, mas meu coração estava acelerado.

"Você não entende?" Ele passou as mãos pelos cabelos, frustrado. "Eu fiz tudo por você! Eu dei tudo de mim!"

"Você deu tudo de você?" Eu ri, amarga. "Drew, tudo que você me deu foi sufoco. Controle. Você não sabe o que é amor, porque amar não é transformar a vida de alguém em uma prisão!"

Rhalpy deu mais um passo à frente, ficando ainda mais entre nós. "Acho que já ouviu o suficiente. Cai fora daqui antes que as coisas fiquem feias."

DREW

Ignorei o irmão dela. Ele era irrelevante. Não era sobre ele. Era sobre mim e Yara. Sempre foi. "Você tá dizendo isso agora, mas eu sei que não é verdade. Sei que você sentiu o mesmo que eu naquela noite."

Ela recuou, os braços cruzados, como se estivesse tentando se proteger de mim. "De novo essa mesma pauta,cansei de falar que aquela noite não significou nada. Foi um erro. Um erro que eu não vou repetir."

Aquilo foi como um soco no estômago. "Você tá mentindo", sussurrei, mais para mim do que para ela. "Eu vi como você olhava pra mim. Eu vi como você sorriu antes de ir embora."

"Porque eu tava tentando ser educada, Drew! Mas você não sabe quando parar!" Ela gritou, a voz carregada de raiva e algo que parecia ser medo.

YARA

Ele estava ali, quebrado e obsessivo, e por mais que eu quisesse ignorar, havia uma parte de mim que sentia pena. Mas pena não é amor.

"Drew, você precisa aceitar,eu vim pro Brasil pra fugir de você. Porque eu não aguentava mais a maneira como você fazia tudo ser sobre mim."

Os olhos dele estavam marejados, e eu senti um nó na garganta. Ele parecia um menino perdido, mas eu sabia que não podia me deixar levar por isso.

"Você não quer ficar comigo porque acha que eu sou insuficiente, é isso?" Ele deu um passo à frente, e Rhalpy ergueu a mão, impedindo-o.

"Mais um passo, cara, e você vai desejar não ter vindo."

DREW

"Eu não vou desistir de você, Yara." Minha voz saiu mais baixa, quase um sussurro, mas cheia de determinação. "Eu sei que você sente algo. Eu vou esperar,mais que 2 meses,mais que 10 anos se for preciso."

Ela me olhou como se eu fosse um caso perdido. Talvez eu fosse.
Eu queria gritar, implorar, mas as palavras ficaram presas na minha garganta. Ela não estava disposta a me ouvir, não naquele momento e em nenhum outro.

Imaginei nosso reencontro de várias formas,menos assim.

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