Entrelaçada em sua obsessão

Capítulo 15

Yara

Naquela noite, fui para a cama com a mente em turbilhão. A pulseira continuava sobre a mesa, um lembrete incômodo de que Drew estava sempre presente, mesmo sem estar fisicamente ali. Fechei os olhos, esperando encontrar um pouco de paz, mas meu coração continuava acelerado, os pensamentos embaralhados entre a irritação, o medo e algo que eu não sabia distinguir.

E então, no meio da madrugada, um barulho me despertou.

Era um som baixo, quase imperceptível, vindo de algum lugar na casa. No princípio, pensei que fosse o vento batendo nas janelas, mas logo percebi que era algo diferente. Meu coração acelerou ainda mais. Saí do quarto com passos cuidadosos, tentando não fazer barulho enquanto descia as escadas em direção à sala.

A casa estava envolta em um silêncio perturbador, o ar pesado, como se algo invisível estivesse me observando. A escuridão parecia mais densa naquela noite.

Foi então que o vi. Drew estava parado próximo à porta, uma sombra iluminada pela luz fraca que vinha da rua. Por um momento, congelei, a mente tentando processar o que estava acontecendo.

"Drew?" Minha voz saiu hesitante, mal um sussurro.

Ele se virou lentamente, os olhos fixos em mim. Estavam diferentes, mais intensos, como se ele estivesse carregando o peso de mil emoções que não conseguia expressar.

"Eu precisava te ver, Yara." Sua voz era baixa, quase um murmúrio, mas carregava uma urgência que me fez tremer.

"Como você entrou aqui?" perguntei, tentando manter a calma. "Drew, o que você está fazendo na minha casa no meio da noite?"

Ele deu um passo à frente, e eu recuei instintivamente. Algo nele me fazia hesitar. Drew sempre fora atencioso, mas naquele momento, havia algo desconcertante em sua expressão, algo que eu não sabia como lidar.

"Eu não conseguia mais esperar." Ele passou as mãos pelos cabelos, visivelmente agitado. "Precisava falar com você. Precisava explicar."

Eu o encarei, meu corpo rígido, tentando processar suas palavras. "Explicar o quê? Drew, você invadiu minha casa! Isso é—" fui interrompida.

"Eu te amo, Yara."

As palavras dele me atingiram como um golpe, era a primeira vez que ele dizia isso,mas é sempre um choque. Por um momento, tudo parou. Eu olhei para ele, esperando que houvesse alguma explicação, algum motivo para transformar o que ele havia acabado de dizer em algo menos... definitivo. Mas ele apenas continuava me encarando, os olhos cheios de uma intensidade que me deixou sem ar.

"Você não pode dizer isso," consegui murmurar, minha voz quase um sussurro. "Isso é... errado. Nós nem sequer—"

"Nós sentimos, Yara. Não finja que você não sente também." Ele deu mais um passo em minha direção, e desta vez, não recuei. Havia algo em sua voz, uma convicção misturada com desespero, que fez meu coração vacilar.

"Drew..." Comecei a falar, mas ele me interrompeu.

"Eu sei que você acha tudo que eu faço ridículo, sei que isso parece loucura, mas eu só quero ter você." Ele parou a poucos centímetros de mim, seu olhar me prendendo no lugar. "Eu precisava que você entendesse que tudo o que faço, tudo o que sinto, é por você."

Minhas palavras morreram na garganta. Havia algo intoxicante na proximidade dele, algo que fazia minha mente lutar contra meu corpo. Uma parte de mim queria mandá-lo embora, gritar, dizer que ele estava errado, que isso não podia acontecer. Mas outra parte... outra parte queria algo a mais,eu não estava entendendo.

Antes que eu pudesse reagir, ele deu mais um passo e segurou meu rosto com as mãos. Seus dedos eram firmes, mas ao mesmo tempo gentis, como se ele tivesse medo de me quebrar. E então, sem aviso, ele me beijou.

O beijo foi intenso, uma tempestade que me envolveu completamente. Por um momento, todos os meus pensamentos desapareceram. Não havia mais perguntas, nem medos, nem barreiras. Apenas nós dois, presos naquele instante.

Ele começou a descer os beijos para meu pescoço,e acredito que esteja deixando marcas,tava tão bom.

Drew voltou sua atenção para minha boca,enquanto tentava se movimentar para o sofá.Eu estava tão entretida com seu beijo e suas carícias que nem percebi o que estava prestes a acontecer.

Quando finalmente me afastei, ofegante, olhei para ele com uma mistura de choque e confusão. "Você não devia ter feito isso," sussurrei, minha voz tremendo.

"Eu não podia evitar," ele respondeu, sua respiração tão instável quanto a minha. "Eu te amo, Yara. E sei que você sente algo por mim também."

Aquelas palavras me trouxeram de volta à realidade como um balde de água fria. Talvez,só talvez , havia algo ali, algo que eu tentava negar, mas isso não justificava suas ações. Ele havia cruzado um limite ao invadir minha casa, ao impor seus sentimentos sem me dar espaço para processar os meus.

"Drew, eu... não posso." Dei um passo para trás, tentando recuperar o controle. "Isso não é certo. Eu preciso de tempo, de espaço. Você não pode simplesmente aparecer assim e esperar que eu—"

"Eu não espero nada," ele me interrompeu, mas sua voz era mais calma agora. "Só queria que você soubesse."

Ele tentou se aproximar novamente, mas levantei a mão para detê-lo. "Não. Você precisa ir embora, Drew. Agora."

Por um momento, ele pareceu hesitar, como se quisesse argumentar, mas então assentiu lentamente. "Eu vou. Mas saiba que eu estarei aqui. Sempre que você precisar."

Eu não respondi. Apenas fiquei ali, parada, observando enquanto ele se virava e saía pela porta, deixando-me sozinha na sala silenciosa.

Meu coração ainda batia descompassado, meu corpo ainda sentindo o calor de seu toque. Mas minha mente estava um caos. Drew havia mexido comigo de uma maneira que eu não esperava, mas isso não mudava o fato de que ele havia ultrapassado todos os limites.

Olhei para a pulseira sobre a mesa e suspirei. Ele havia deixado mais do que memórias naquela noite; ele havia plantado dúvidas, sentimentos conflitantes que eu não sabia se conseguiria resolver.

A única coisa que eu sabia com certeza era que nada seria o mesmo depois daquela noite.

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