O filho roubado de Bellatrix

Capítulo 23 - O Jovem

Estava chovendo, ele podia ouvir a água pingando pelas goteiras do calabouço e as correntes presas em seus pulsos e tornozelos estavam frias

Ele normalmente gostava da chuva, gostava do cheiro quando a água tocava o solo, mas nesse calabouço, toda vez que chovia as pedras ficavam úmidas e o cheiro de mofo era insuportável. O jovem não entendia o que tinha feito de errado, ele estava ali há tanto tempo que já tinha perdido a noção do tempo. Ele não sabia se tinham se passado dias, meses, anos...

Sua boca estava doendo, doía muito, os pontos não tinham cicatrizando antes de serem retirados e assim que sua pele foi curada pela poção, os pontos foram refeitos, fazia tanto tempo que ele estava assim que já tinha até esquecido o som da própria voz

Seu cabelo estava grande e bagunçado, já tinha passado dos ombros e batia no quadril, estava tão bagunçado que ele tinha certeza que teria que cortar pelo menos metade.

O jovem fez uma pequena careta ao ouvir o som de passos ficando cada vez mais perto e abriu lentamente os olhos enquanto a porta da cela rangia ao abrir

- Então está acordado, bom

Ele ergueu o olhar e fechou os punhos com força vendo o velho ali parado com uma pequena bolsa na mão

Túnica em um azul bem claro. Uma longa barba branca amarrada na metade por uma pequena corda, como um bode velho. Antigamente o velho tinha um longo cabelo brancos, mas agora estava mais ralo e tinha várias entradas, ele estava ficando careca, quem estivesse causando essa queda com certeza já virou seu amigo

- Não me olhe assim, eu já vou tirar esses pontos então seja um bom menino e fique comportado se quiser que eu tire com magia, manualmente vai doer muito mais

Que mentira, se não doesse muito agora, iria na hora que ele costurasse, sempre era assim

- Que bom que já tomou sua decisão - Disse segurando com força o queixo do jovem, o mantendo parado e apontou a varinha para seus lábios, desfazendo cada um dos pontos, um por um - Bom menino

Ele afastou a cabeça quando o último ponto foi desfeito e respirou fundo sentindo um grande alívio no peito, era sufocante não conseguir abrir a boca nem para respirar

- Eu não dei permissão para se afastar! - Rosnou segurando com força seu cabelo e puxou sua cabeça de forma violenta, a erguendo - Eu odeio quando me olha assim, me dá vontade de arrancar seus olhos! A cor pode ser igual a do seu pai mas o olhar, esse olhar é todo da sua mãe

Bastardo imundo! Ele lembrava como se fosse ontem do dia que o miserável apareceu em sua porta e matou seus pais

O jovem fechou os punhos com força, sentindo o aperto em seu cabelo afrouxando um pouco e se virou rapidamente mordendo o braço do velho, ele merecia sentir um pouco de dor. O homem gritou, puxando o braço com força e com um pequeno feitiço, arremessou o jovem contra a parede, causando um alto gemido de dor e uma pequena rachadura na pedra

Seu corpo todo estava doendo, principalmente a cabeça, ele tinha certeza que estava sangrando

- É isso que eu ganho por cuidar tão bem de você? Uma mordida? - Rosnou virando seu corpo com um simples aceno da varinha e colocou o pé em seu peito, fazendo uma pequena pressão

O bastardo merecia coisa muito pior! Uma simples mordida não chegava nem aos pés, o bode velho merecia sofrer por todo o mal que causou, merecia Azkaban!

O jovem respirou fundo com um pouco de dificuldade e sorriu, ele não iria dar ao velho o gostinho de vê-lo com dor, não iria mesmo

- Porque você teve que nascer? Tudo ia ser tão mais fácil se você não existisse... - Disse se afastando, pegando na bolsa um frasco com um líquido amarelado e o abriu enquanto se abaixava perto do jovem, colocando o joelho em seu peito - Abra a boca