Inspirações

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- RDJ ON

Acordei por volta das 9h, um tanto assustado, pensei que fosse mais tarde, confesso. Caminhei até o banheiro, era diferente olhar para a casa daquele jeito... sem minha zona, pontas de cigarro e garrafas vazias por todos os lados, mas havia adorado aquilo, S/A não precisaria se constranger se me visitasse de novo. Minha cabeça estava doendo um pouco, já haviam se passado mais de 24 horas desde a ultima vez que eu havia me drogado, e podia sentir meu corpo clamar por aquilo. 

Passei minha mão pelo rosto tentando controlar a ansiedade que estava me tomando aos poucos, as pontas dos dedos das mãos formigando, aumentando pelos braços, peitos e barriga, a dor na cabeça me deixando irritado, eu precisava de um banho. Liguei o chuveiro gelado. A manhã estava tão fria quanto a noite, mas eu não podia me dar ao luxo de um banho quentee, ou não acordaria daquele pesadelo tão cedo. A água gelada bateu contra os meus cabelos me fazendo suspirar e tentar me concentrar no banho. Quando você se droga acaba tendo insônia, quando você tem insônia, você nunca dorme de verdade,  e nunca acorda de verdade. Eu tinhaa a sensação de estar fora do meu corpo ali no chuveiro, ou de viver num modo quase que automático, não conseguia sentir ou pensar em nada além da dor de cabeça e dos nervos tremendo pela ansiedade. Abri os olhos  mantendo-os fixos no chão, e depois nas minhas duas mãos, que uni a fim de reunir um pouco de água. Minha visão estava um pouco turva, eu precisava fumar ao menos um cigarro. 

Levei a água que havia acumulado nas mãos até o meu rosto, e ergui a cabeça sentindo o frio em minha pele, aos poucos respirando fundo e me desprendendo daqueles pensamentos, eu preciso ser forte, preciso honrar minha decisão ao menos uma vez na vida, preciso ser alguém melhor. 

Tomei um banho lento, desligado da vida, e saí do banheiro enrolado na toalha. Vesti roupas quentes e estrei meus olhos avistando dentro do guarda roupas o meu óculos de grau, eu não o usava a algumas semanas, talvez me ajude com as dores de cabeça. Tentei procurar por algum pílula para dor por ali, mas não encontrei nada além de mais cigarros e preservativos. 

Eu precisava me livrar daqueles cigarros... mas e se eu precisasse deles outra vez? Que se foda, deixe-os ali. Sai de casa sem remédios, eu suportaria aquela dor. Observei de longe a casa de S/N, parecia vazia, talvez ela estivesse no novo estágio... tão linda. Eu não vou decepcioná-la! 

Caminhei por alguns minutos com as mãos nos bolsos até a casa de Morgan, torcendo para que depois de tanto tempo, ele ainda vivesse lá. Quando cheguei lá, a casa parecia vazia, e então caminhei até a porta de entrada, tocando a pequena campanhinha que soou imediatamente. Eu estava ansioso, precisava de respostas, talvez um apoio ou inspiração. Toquei-a de novo, quase desistindo, e então finalmente a porta me foi aberta. Me tirando um riso envergonhado, Morgan tirou seus óculos de carpinteiro amarelos e sorriu para mim como se sentisse saudades. 

- Robert! - exclamou empolgado em me ver ali, e então gesticulou para que eu entrasse na casa.

- Não precisa, Morgan eu... não quero que seus filhos vejam um viciado dentro de casa e...

- Não se preocupe, Rob, eles não estão em casa, Margaret os levou para o mercado, não voltarão enquanto não gastarem todo o meu dinheiro - o homem riu, e eu curvei a cabeça concordando em entrar. 

Acompanhei-o até uma porta que nos levaria para o quintal, onde algumas peças de madeira estavam juntas à ferramentas. 

- Carpintaria? - perguntei quando chegamos lá, e Morgan puxou duas cadeiras para o gramado, se sentando e rindo com a pergunta - Não sabia que você trabalhava com isso - me sentei juto a ele, escondendo minhas mãos do frio nos bolsos da jaqueta que vestia. 

- Acho que todos nós temos bons talentos que foram ofuscados pelas drogas, huh? - ele respondeu sugestivo, e eu permaneci em silêncio, pensar naquilo trazia-me a mesma sensação que um luto - Você está limpo? 

PT | Safe & Sound - RDJOnde histórias criam vida. Descubra agora