Fofocas

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A volta para casa foi extremamente irritante.  Arthur passou a viagem inteira contando para nossa mãe como seu primeiro dia de aula tinha sido INCRÍVEL.

- E você Anny? - ela me olha pelo retrovisor.

- Puro terror psicológico. - sorrio falsamente.

Inferno de escola.

Chegamos em casa finalmente. Corro para meu quarto e jogo minha mochila no chão. Deito sobre a cama e sinto que posso finalmente respirar.

A cena do desentendimento de mais cedo entre Yann e Samanta volta a minha mente.

Eu estava louca ou Yann parecia sem paciência?

Não o julgo. Ficar tanto tempo perto da Samanta deve ser estressante. Eu não entendia como ele a aguentava.

Pego no sono enquanto penso sobre isso e acordo com batidas frenéticas na minha porta.

- O que é? - grito com a voz rouca.

- Já tá sabendo? - Arthur abre a porta com um sorriso perverso no rosto.

- Sabendo de que? - coço o olho sem entender nada.

- Yann e Samanta terminaram.

Fofoqueiro.

- Hã? Mas.. Que? Como assim.

Calma. Muito informação pra alguém que acabou de acordar.

- E estão dizendo que é por sua culpa. - ele ri.

- Minha? - franzo a testa. - Onde eu entro nessa história? - observo Arthur sentar na beira da cama.

- Então, viram você e Yann conversando no corredor...

- Isso foi tipo, por 2 minutos. - o interrompo.

- Aham, e viram que rolou uma treta quando a Samanta viu vocês.

- Eu não chamaria aquilo de treta. Foi uma situação meio desconfortável?! Talvez. Mas não é pra tanto.

- Não sei. Só sei que ele terminou com ela logo depois dessa treta. A Samanta contou pra Gabi, e a Gabi meio que espalhou pra todo mundo.

Aquela vaca.

- E todo mundo tá achando que é por minha causa? - questiono.

- Sim. - Arthur ri. - Boa sorte com a Samanta amanhã.

- Eu vou morre. - coloco as mãos entre o rosto preocupada.

- Vai mesmo. - o olho com raiva. - Se ela te ameaçar com uma faca é só gritar meu nome que eu vou te socorrer. - ele ri alto.

- Idiota. - grito enquanto ele sai do meu quarto.

Como que uma conversa de 2 minutos tinha me colocados naquela situação?

Samanta me odiava por anos mesmo sem eu ter feito nada pra ela - até onde eu sei -, e com um motivo desse, ela provavelmente cometeria um crime sem nem pensar duas vezes.

Seria eu realmente o motivo do término?

Impossível!

Yann parecia estar no limite, talvez aquela manhã tinha sido o basta para ele.

Me vejo roendo as unhas pensando em maneiras de me tirar daquela situação, mas o único jeito seria me fingir de doida. Até porque eu realmente não tinha nada a ver com aquilo.

Sinto um frio na barriga assim que desço do carro

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Sinto um frio na barriga assim que desço do carro. Olho para Arthur e ele parece se divertir com a situação.

Torço mentalmente para Samanta estar de luto pelo relacionamento e não venha para escola.

Ando pelos corredores e sinto os olhares sobre mim. Quando Arthur disse que todo mundo estava sabendo, eu não imaginava que ele estava sendo literal.

Ando rápido até o banheiro. Eu odiava aquele tipo de atenção, na verdade, eu odiava qualquer tipo de atenção, e ter pessoas olhando para mim e me julgando por algo que eu nem tinha feito, estava sendo um pesadelo.

Assim que entro no banheiro, dou de cara com a última pessoa que queria ver.

Samanta.

Meu coração para por um milésimo de segundo, e já consigo visualizar meu corpo sem vida estirado no chão sujo do banheiro. Péssimo lugar para morrer.

Antes que eu possa dar meia volta e fugir de lá, ela me encara e posso observar seu rosto vermelho com alguns lágrimas espalhadas.

Ela rapidamente seca seu rosto e sai do banheiro me empurrando.

Suspiro.

Acho que ela realmente estava de luto, mas infelizmente não o suficiente para não vir para a escola.

Me escondo em uma das cabines e aguardo até o sinal tocar anunciando o início das aulas.

Caminho até minha sala. Assim que chego, vejo Yann sentado na cadeira do dia anterior.

Finjo que não o vi e vou em direção a uma cadeira longe de onde ele está, mas ele sussurra meu nome me chamando para o lugar atrás dele.

Sorrio falsamente e me sento.

- Você já sabe o que tá rolando né?! - ele pergunta se virando pra trás.

- Que eu sou a causa do seu término? - ele faz que sim com a cabeça. - Sei.

- Desculpa por ter te metido nessa situação, você não tem culpa nenhuma. Eu vou tentar tirar teu nome disso, tá bom? - ele sorri pegando na minha mão.

- Tá de boa, você também não tem culpa se espalharam essa mentira. - sinto o coração sair pela boca nesse momento.

Olho em volta e tem algumas pessoas nos observando.
Yann percebe também e tira sua mão de cima da minha.

O professor entra em sala e a aula começa, porém não consigo ouvir nada do que é dito. Minha cabeça está no toque da mão de Yann na minha.

As vantagens de ser invisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora