Decisões

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Diego se aproximou da porta com a sensação de que não conseguia respirar. Não estava pronto para seguir em frente, para deixar a mulher que ama para trás. Ele abriu a porta, sem olhar para trás, já com um pé fora do apartamento, pronto para deixar o amor da sua vida raciocinar tudo que ele havia lhe dito. Mas, antes que pudesse dar o último passo, Alice o chamou.

Ele  deu um passo para trás em direção dela e deu um leve chute à porta, fechando-a com um golpe seco. Ele caminhou até ela e colocou as mãos em sua cintura, sem permitir que ela se afastasse dele novamente. Alice se virou, surpresa e um pouco assustada com a atitude repentina dele. O olhar de Diego  estava mais intenso do que nunca, uma mistura de desespero e uma força que ela não sabia de onde vinha. Ele não parecia mais o chefe arrogante e insensível que ela conhecia, mas alguém vulnerável, que estava em busca de algo mais — algo que ela não sabia se conseguiria dar.

— Diego, o que você está fazendo? — Alice perguntou, a voz tremendo levemente.

Ele não respondeu com palavras. Em um movimento rápido, ele puxou Alice para mais perto de si, sem dar espaço para que ela protestasse. O corpo dele estava tenso, quase como se estivesse lutando contra algo dentro de si. Antes que ela pudesse reagir, Diego inclinou-se para frente e a beijou.

O beijo foi intenso e arrebatador, como se ele tentasse transmitir todas as palavras que não conseguia dizer, tudo o que havia escondido por tanto tempo. A princípio, Alice se esticou para trás, tentando se desvencilhar, mas a força com que ele a segurava e o peso de suas emoções fizeram com que ela perdesse o controle por um instante. O gosto do álcool ainda estava na boca dela, misturado com o calor de algo mais profundo, algo desesperado. Era como se ele estivesse tentando provar algo a si mesmo, a ela, ao mundo inteiro. Como se aquele beijo fosse a última chance de se redimir.

Quando finalmente se separaram, ambos estavam ofegantes. O silêncio entre eles era tenso, carregado de significados não ditos. Diego olhou para Alice com um olhar cheio de urgência, seus olhos marejados de frustração e arrependimento.

— Alice, eu sei que tudo o que fiz foi errado. Eu errei com você de maneiras que você não merece. Mas... — ele parou, como se as palavras não quisessem sair, como se tivesse medo de que elas fossem insuficientes. — Eu vou mudar. Eu te prometo. Vou mudar o meu comportamento. Eu sei que posso ser melhor para você. Se você me der apenas uma única chance... Eu farei tudo o que puder para te fazer feliz. Para te mostrar que você pode confiar em mim. Eu vou te fazer sentir amada todos os dias. Não importa o tempo que leve, eu quero ser a pessoa que você merece.

Alice olhou para ele, ainda processando o que acabara de acontecer. O beijo, a declaração, tudo parecia surreal. As palavras dele soavam como um pedido desesperado, e mesmo que a racionalidade lhe dissesse para não cair nessa, uma parte dela não conseguia ignorar a sinceridade que, de alguma forma, transparecia. Ele estava vulnerável, aberto, exposto. Mas também estava ferido, e seu comportamento passava um claro sinal de insegurança que ela não sabia se poderia suportar novamente.

Ela fechou os olhos por um momento, sentindo um turbilhão de emoções. Havia algo dentro de si que ainda queria acreditar que ele poderia mudar. Algo que desejava não ter que abrir mão daquilo. Mas a dúvida também estava ali, como um peso crescente em seu peito. Será que ela estava disposta a arriscar mais uma vez? Ou seria aquela a última tentativa de alguém que já havia se perdido no jogo da obsessão?

— Diego... — Ela falou, sua voz suave, mas firme. — Eu não sei se consigo acreditar nas suas palavras agora. Você me fez passar por tanta coisa... Como posso ter certeza de que vai ser diferente dessa vez?

Diego olhou para ela, quase implorando com o olhar. Ele estendeu a mão, como se pedisse para que ela o tocasse, para que ela acreditasse nele.

— Eu entendo, Alice. Eu sei que você tem suas razões para duvidar de mim. Eu me dei conta de como fui insensível, e agora sei que não posso pedir para você acreditar de imediato. Mas... eu não posso te deixar ir. Não agora. Eu vou lutar por isso. Eu te prometo que vou mudar, e se você me der uma chance, eu te farei sentir que todo esse tempo valeu a pena. Eu vou ser o homem que você precisa.

Alice olhou para ele, as palavras que ele dizia agora não soavam tão vazias como antes. Talvez fosse o momento de um novo começo, talvez uma chance para ambos encontrarem algo mais genuíno. Mas a dúvida ainda pairava sobre ela. O que ela realmente queria? Seria possível confiar novamente em alguém que havia a ferido tanto?

Ela deu um passo para trás, sentindo o peso das escolhas, mas também a possibilidade de um recomeço. Talvez, só talvez, ela pudesse tentar.

Alice ficou ali, o coração batendo descontroladamente enquanto seu olhar se fixava em Diego. A vulnerabilidade nos olhos dele, a promessa de mudança, tudo aquilo mexia com ela de uma forma que não queria admitir. Mas, ao mesmo tempo, a razão lhe dizia que as palavras não eram suficientes, que ele teria que mostrar algo mais do que promessas vazias. Ela respirou fundo e, com uma decisão lenta, deu um passo à frente.

Diego a observou, seu olhar esperando ansiosamente, como se qualquer movimento dela fosse decidir seu destino. Alice não disse nada de imediato, apenas se aproximou mais dele. O silêncio entre os dois parecia ser mais eloquente que qualquer palavra. Quando ela parou bem diante dele, Diego esticou a mão, como se estivesse esperando que ela o rejeitasse, mas Alice tomou a iniciativa. Com um gesto suave, ela colocou as mãos no peito dele e o puxou para um beijo — não tão desesperado quanto o anterior, mas cheio de uma expectativa silenciosa, uma promessa de algo novo, algo mais consciente.

O beijo durou um momento, mas quando se separaram, Alice olhou nos olhos de Diego, que estava atônito pela intensidade da reação dela.

— Eu te dou uma chance, Diego. Mas, se quiser que isso funcione, você vai precisar me mostrar, não apenas com palavras, mas com ações. Esta noite, você vai me mostrar, me fazer sentir o quanto você está disposto a mudar, a ser o homem que prometeu ser. E se eu sentir que estou fazendo parte de um jogo, se eu sentir que é só mais uma ilusão, eu vou embora. Não há segunda chance.

A voz de Alice estava firme, sem hesitação, mas havia uma leve vulnerabilidade nas palavras dela, como se estivesse colocando a própria esperança à prova. Ela queria acreditar nele, mas sabia que não poderia se dar ao luxo de ser enganada de novo. Ela estava cansada de viver de promessas.

Diego, em um impulso, pegou as mãos dela entre as suas, olhando com sinceridade. Seus olhos estavam brilhando com um desejo profundo de se redimir.

— Eu vou mostrar, Alice. Eu vou fazer você acreditar em mim, eu te prometo. Esta noite, e todos os dias daqui em diante, eu farei de tudo para que você saiba o quanto você significa para mim. Você merece mais do que qualquer coisa que eu tenha feito até agora. Eu vou ser o homem que você merece.

Alice sentiu uma leve onda de alívio ao ouvir aquelas palavras. Não era garantia de que tudo mudaria de imediato, mas talvez fosse um começo. Ela não podia se deixar enganar por falsas esperanças, mas também sabia que se não desse uma chance a ele, estaria se negando algo que ainda existia dentro de si, uma faísca de amor que ela não queria apagar sem lutar.

— Então, Diego... me mostre. Mostre que vale a pena. Porque, se for para ser só mais um erro, eu não vou mais me prender a isso.

Ela deu um passo para trás, ainda observando-o, esperando por algo mais, esperando que ele estivesse disposto a ir além das palavras. Diego, com os olhos fixos nela, assentiu devagar, e então se aproximou, pegando-a pela cintura com uma suavidade que contrastava com a urgência em seu olhar.

— Você vai ver. Eu vou te mostrar.

Uma noite de natal Onde histórias criam vida. Descubra agora