Pennywise - Hot

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Fazia semanas que uma tênue linha, quase invisível, conectava você e Pennywise. Não era um relacionamento definido, apenas um emaranhado de selinhos furtivos, toques suaves e uma intimidade crescente que nenhum dos dois ousava nomear. Pennywise, criatura sobrenatural surgida de um parasita interdimensional, jamais compreendera o amor. A solidão dos esgotos havia sido sua única companhia até você chegar.

Mas você o despertou. Sua doçura, sua gentileza, sua inusitada beleza e coragem... você era a única que não o temia. E ele, para não sucumbir ao enfraquecimento de seus poderes, se aproximou, buscando em vão o medo em sua alma mortal. A busca pelo medo, porém, se transformou em algo inesperado: uma profunda amizade.

Inseparáveis, vocês se tornaram confidentes. Você achava Pennywise estranho, sim, mas também hilário e, estranhamente, adorável. Seus dentes de coelho, seu olhar vesgo - detalhes únicos que você apreciava. Ele, por sua vez, encontrava em sua companhia um conforto que jamais experimentara. Parques de diversões, cinemas... e sempre, um doce diferente para adoçar seus encontros.

Em meio a essa troca, a um aprendizado mútuo e constante, algo mais profundo florescia. Os sentimentos, antes tênues, se intensificavam, tecendo uma trama complexa de afeto e admiração. Era uma jornada de descobertas, onde Pennywise aprendia o significado de companheirismo e você, a beleza de amar uma criatura tão singular. A cada doce compartilhado, a cada passeio sob a luz do luar, o laço entre vocês se fortalecia, transformando a estranha conexão inicial em um romance tão peculiar quanto mágico e inesquecível. Era um amor que desafiava as fronteiras entre o mundo real e o sobrenatural, um amor que florescia na escuridão, alimentado por uma amizade inabalável e um carinho que transcendia as diferenças.

Mas uma noite havia mudado tudo. A necessidade de uma conversa com Pennywise era um peso incômodo no peito. Amizade? Algo mais? A dúvida martelava, implacável. O medo, porém, era um monstro ainda maior: a conversa poderia destruir o delicado laço que os unia, riscando para sempre o que tinham. Mas o selinho roubado naquela noite no parque de diversões - um selinho que ecoava em sua memória - impedia qualquer fingimento. Era preciso falar.

Os dias seguintes foram um turbilhão de toques e selinhos furtivos, cada vez mais ousados. Ele demonstrava seus sentimentos, você os retribuía. A recíproca era clara, palpável, mas a conversa, essa permanecia adiada, um abismo de medo se abrindo entre vocês.

Ao entrar em casa, você o encontrou na sala de estar, um espetáculo inusitado: Pennywise, o ser de pesadelos, degustando a pizza da noite anterior. Ele raramente comia comida humana, mas algumas iguarias o cativavam - talvez o sabor fosse tão bom quanto o medo das crianças.

- Oi, Pennywise, voltei! - você disse, abrindo a porta para fecha-la atrás de si em seguida.

Num instante, ele estava sobre você, um abraço caloroso e inesperado que a ergueu do chão, a envolvendo em um turbilhão de risos e arrepios.

- Trouxe o que dessa vez, Paçoquinha? - ele perguntou, depositando-a delicadamente no chão e vasculhando sua bolsa com avidez infantil. A decepção pintou seu rosto ao encontrar apenas o vazio habitual.

Você riu, divertida com a expressão de decepção.

- Fiquei tão ocupada com o trabalho que esqueci de comprar algo para você, desculpa. - Você disse, pegando a bolsa e indo em direção ao sofá, seguida pelo palhaço, que parecia um pouco desanimado, mas ainda assim, com um brilho peculiar nos olhos.

Sentados no sofá, o palhaço ofereceu um pedaço de pizza. Você aceitou, agradecendo a gentileza. Ele devorava o restante com entusiasmo, a pizza estranhamente viciante, oleosa, mas deliciosa. A cada mordida, um pensamento te assombrava: ela me lembra de uma pizza. Ele pensava enquanto te olhava, alternando o olhar entre você e a fatia em suas mãos.

𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆 𝑺𝒍𝒂𝒔𝒉𝒆𝒓𝒔 (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora