☀️ Eu projetei o quarto do Yoongi, para que fosse acessível a maca e cadeira de rodas. A planta baixa está no final do capítulo.
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Eu tenho um relógio com calendário que ajuda a me localizar no tempo. Hoje é 12 de julho. Acho que fazem 5 dias desde que "acordei". Em todas essas manhãs meu Coelhinho vem me dar oi e conversar um pouco. Hoje passo a manhã sozinho. Ele tinha me avisado ontem que faria alguns exames, mas que tentaria aparecer depois do almoço.O problema é que ainda são 7 horas da manhã e os números digitais parecem congelados. Só sei que o tempo ainda passa pelos bips contínuos que escuto.
Até agora o Suga não apareceu por aqui. Meu lobo não estava escondido, mas também não conversava. Não teve os exercícios no gramado, tentei refazer os passos que o instrutor ensinou outro dia, mas não era tão divertido sem a música e eu nem gosto de me alongar.
E ainda são 7:15. Olho novamente os detalhes do quarto. Venho fazendo bastante isso pra controlar a ansiedade, não é minha técnica preferida, mas é umas das poucas que consigo aplicar sendo um fantasma.
Também gosto de medir o quarto, não existem azulejos para contar, não tenho uma trena, passos abertos variam e o quarto acaba muito rápido, por isso normalmente vou colocando um na frente do outro e contando. Como hoje preciso me distrair até o almoço, vou fazer com polegadas.
São 53 polegadas da cama até a parede que fica a poltrona. A poltrona parece macia, fica ao lado da mesa de cabeceira e do monitor. Nenhum deles tem aranhas ou bichinhos para eu observar. A parede que a cabeceira da cama fica apoiada tem várias coisas médicas, botão de energia e entrada para diferentes tipos de tubo.
O outro lado da cama tem 58 polegadas. Um pouco maior. Não tem objeto nenhum. Apenas um corredor com janela. Dá direto pra porta de entrada do quarto.
São 85 pés da beirada da cama até a porta do banheiro. A porta é de correr. Dá pra observar alguém cagando e o meu corpo ao mesmo tempo. O espaço do chuveiro tem um assento que eu queria muito ter na minha casa, mas é pequeno. No geral o banheiro tem um grande espaço vazio no meio. Dá pra girar de braços abertos sem encostar em nada.
Saio do banheiro e pego o corredor novamente. Quem entra no quarto dá direto com uma parte de um móvel planejado que ocupa toda a parede de frente para a cama. As portas que são do guarda roupa dão 70 polegadas. A televisão, 40. A escrivaninha, 64.
O quarto é espaçoso e bem afetivo, tentando fingir que não é para pessoas doentes. Mas nenhuma decoração consegue ocultar o barulho do monitor, que chama a atenção para a cama hospitalar e o painel médico, lembrando que ninguém ali está realmente em casa.
Longe de ser inútil, o design do interior parece lembrar que ainda existe vida, mesmo na doença. Embaixo da TV e acima da escrivaninha há nichos com diferentes quadros e adornos.
O meu preferido é o conjunto com quatro vasinhos de concreto que fica na escrivaninha. Cada vaso mede 3 polegadas e tem um arbustos de planta falsa, escrevendo HOPE. Ter esperança é tudo que me resta nesse lugar.
Na escrivaninha também tem uma alexa. Lembrei que meu pequeno companheiro tinha colocado músicas no alto-falante inteligente. Tentei pedir algo pra ela.
"Alexa toque músicas instrumentais"
Mas assim como as pessoas, ela não me ouviu. Acho que fantasmas não estão na lista de usuários compatíveis. Então, apenas fiquei batucando na mesa, sem fazer som, e cantando melodias que gostava.
"Olha só quem tá achando que é um personagem da Disney cantando sozinho pra afastar os problemas."
"E o que mais eu posso fazer? Convidar os bipes para uma festa?"
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Preso dentro de mim
FanfictionYoongi se encontra confinado em um quarto de hospital, ferido e impotente, mas com a mente inquieta e ativa. Acompanhado de Nun, seu espirituoso lobo interior fã de desenhos animados, ele começa uma jornada de reflexões profundas sobre sua vida e su...