# Capítulo 2

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- Meu caro sr. Mark - disse-lhe a esposa. - Já soube que alguém finalmente alugou Netherfield Park?

O sr. Mark, com a cabeça enterrada num almanaque de chatíssimas questões matemáticas, apenas resmungou uma resposta.

Diferente do primeiro, do segundo, do terceiro e do quarto marido da sra. Johanna Deakin - cujas mortes prematuras foram causadas pelo excesso de sexo -, Mark Tomlinson não era afeito a conversas. Em suma, seu único propósito nas páginas desta fanfiction é agir como um decifrador, representar um ideal de masculinidade baseado na caça, na pesca e no "faça você mesmo" com o objetivo de formar um contraste com o anti-herói meticuloso, excêntrico e um tanto afetado.

Desse modo, o autor não quis se preocupar dando-lhe muitas falas.

- O senhor me ouviu, sr. Mark? -  reclamou a sra. Johanna, impaciente. - Netherfield foi alugado por um jovem muito rico do norte da Inglaterra, sr. Zayn Malik, que vem acompanhado pelo grande amigo, sr. Harry Styles.

Sr. Mark permaneceu sentado, taciturno, olhando para a revista, enquanto aguardava a invenção da televisão.

A esposa não foi, de forma alguma, desencorajada pela falta de audiência.

- Ouvi dizer - continuou ela, ávida - que eles são consideravelmente bem providos. Ambos têm bolsos enormes, foi o que me disseram, e agora eles vêm para Meryton, sem dúvida, desejando conhecer jovens damas ou rapazes, se for o caso, com quem possam se dar bem.

Louis, o único filho das meninas Tomlinson, estremeceu por dentro. O uso inadequado de gírias de rua e a total falta de modéstia da mãe eram fontes constantes de mortificação para ele e a irmã virtuosa, Charlotte.

Por exemplo, por que, perguntou-se Louis, a sra. Johanna não poderia sentar-se discretamente com as mãos cruzadas no colo como qualquer matriarca do século XIX, em vez de se jogar em uma chaise longue com as pernas abertas para que todos notassem sua vulgaridade?

- Bem providos? - perguntou Felicite, a filha do meio, e, sem dúvida, a menos gostosa, erguendo o olhar do livro de latim para iniciantes e lançando um olhar de desaprovação para ela. - Não me parece certo falar sobre a fortuna de um cavalheiro - reprovou ela.

- Quem disse qualquer coisa sobre fortuna, menina? - retrucou a mãe. - Não estou falando do tamanho de seus ganhos. - A sra. Johanna revirou os olhos, exasperada. Por que será que as filhas e o filho eram tão irremediavelmente conservadores? Embora as mais jovens, Phoebe e Dayse, estivessem começando a exibir sinais de interesse em jovens oficias da cidade, tinha certeza de que iria para o túmulo antes que uma delas fosse comida. Mãe de cinco virgens! Aquele era um tormento demasiado grande para aguentar!

- Tolinha - censurou ela. - Alguns dos criados têm conversado com as leiteiras em Meryton e dizem que ambos os cavalheiros possuem enormes caralh...

Por sorte, no exato momento em que Johanna estava prestes a proferir uma palavra que faria uma cortesã (puta) corar, o cabelo rebelde de Louis decidiu dar um mergulho no buraco do lambril. (revestimento de madeira)

- Vamos meninas! - gritou Johanna, enquanto a juba castanha e atraente, mas rebelde, resvalava de um lado para o outro no chão em uma tentativa de evitar Louis e suas irmãs, que pulavam de lá para cá, golpeando-o com escovas.

Por alguns instantes, reinou o caos na sala de visita, até que Louis - que, assim como muitas das heroínas românticas, era irremediavelmente propenso a acidentes - recuperou o equilíbrio se segurando no pé da mesa de carteados, aterrissou bem em cima do seu cabelo lustroso e o colocou para trás jogando sua cabeça.

- Pronto - declarou ele ofegante, esparramado sobre o tapete de Aubusson. - Já está tudo sob controle!

A sra. Johanna admirou as pernas longas e grossas de Louis, as quais ficaram visivelmente tensionadas pelo esforço. "Um lindo par!", pensou, orgulhosa. "Perfeitas para envolverem a cintura de um tenente da cavalaria." Que ironia saber que o filho tinha formas tão perfeitas para o ato sexual, mas demonstrasse tão pouco interesse no assunto.

Johanna sempre soube desde o começo que o seu filho não gostava da fruta que a mesma possuía, então sempre o educou da forma como ele queria ser educado, como uma garota.

Louis parecia preferir ocupar seu tempo lendo livros, usando roupas simples e saindo para caminhadas no campo. A sra. Johanna suspirou descontente.

- Sr. Mark, é claro que o senhor deve visitar o sr. Malik assim que ele chegar.

Por fim, o sr. Mark ergueu os olhos.

- Se ele praticar tiro, jogar sinuca ou tiver um curral, eu o visitarei. Se ele for um desses modernos metrossexuais, por certo que não irei.

- Considere, ao menos, a sorte de suas filhas ou filho! - continuou Johanna. - Charlotte tem 22 anos e o Louis já passou dos 20 e ninguém nunca ao menos tentou lhes passar a mão, e nem o Louis tentou fazer o mesmo, com certeza! Se não fosse por Dayse, que suspeito ter sido apalpada pelo sr. Pinto, o ajudante da cocheira, eu já teria perdido por completo todas as esperanças.

- Não sei por que pensa assim - declarou o marido. - Se tivéssemos no século XXI, concordo que seria absurda a ideia de um garoto de 21 anos e beleza impressionante nunca ter caminhado de mãos dadas com uma jovem moça... ou rapaz. Na verdade, eu acharia ser algum tipo de recurso literário forçado para tornar eventual defloração ainda mais lasciva. Mas estamos em 1813, e é bastante aceitável que um jovem ou uma jovem permaneça casto até o casamento.

- Casto ou casta? É fácil para o senhor dizer, sr. Mark! - exclamou a esposa. - O senhor não precisa aturar as fofocas da vizinhança: "As filhas sapatonas e o filho viado virgens da sra. Johanna!" - Johanna se abanou com o seu exemplar de Piratas mais Gostosos da Inglaterra. - O senhor precisa visitar o sr. Malik e o sr. Styles na primeira oportunidade e perguntar se algum deles não gostaria de tentar algo com uma de nossas filhas... ou filho. Eu insisto!

E, com aquilo, a questão foi resolvida.

50 Sombras de Mr. Styles [Paródia] » Larry Stylinson VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora