Dei um salto conforme ouvi aquele som esquisito. Abri a porta do quarto e vi a minha irmã caída no chão.
- Ai Sara, até me assustaste! - queixei-me.
- Não me consigo levantar... - disse ela, fazendo uma expressão de dor. - Ajuda-me...
- Quem te manda andares sempre a correr? - reclamei.
- A sério Miriam, ajuda-me... - continuava a queixar-se, quase com lágrimas nos olhos. Eu tentei ajudá-la, mas não dava, ela desatava aos berros.
- O que se passa aqui? - perguntou a minha mãe, subindo as escadas que davam acesso ao corredor.
- A Sara caiu e não se consegue levantar... - expliquei.
- Dói-me a perna quando me tento levantar... - acrescentou, já a chorar. - Ai!...
A minha mãe tentou levantá-la mas era impossível colocá-la de pé.
- Temos que te levar ao hospital... - concluiu a minha mãe. - Miriam, ajudas-me a pegar nela e a deitá-la no carro. - ordenou. - Com cuidado!
Fui ao meu quarto para pegar no meu telemóvel e de seguida fiz o que a minha mãe me pediu. A minha mãe pegou nela com muito cuidado para não a magoar, tranquei a porta, ajudei-a orientando-a para não dar passos em falso nas escadas, e levámo-la até ao carro. Porém, foi difícil porque descer as escadas e ir até lá abaixo, colocá-la no carro, tudo sem a magoar, é quase impossível. A Sara ainda se queixou algumas vezes. É nestas alturas que eu gostava que o meu prédio tivesse um elevador, e mesmo que chamássemos uma ambulância, primeiro que chegassem era o tempo de fazermos o que fizemos.
- Só tu Sara, para me vires fazer perder tempo para um hospital! - resmunguei.
- Miriam, menos, está bem? - repreendeu-me a minha mãe. - Se fosse ao contrário, não gostavas que ela te dissesse isso!
Não, é claro que eu não gostava. Mas já sabia que ia perder uma noite no hospital porque enquanto se está numa sala de espera, dá para escrever um livro, dançar o "Macarena" três vezes, pintar as unhas, deixá-las secar, fazer um casaco de renda, e mesmo assim às vezes ainda sobra tempo. Demora sempre imenso tempo até uma pessoa ser atendida.
Quando chegámos ao hospital, pedimos logo que trouxessem uma maca para deitar a minha irmã, e enquanto a minha mãe falava com a senhora das urgências, eu fiquei junto da Sara. Ela chorava. Entretanto, a minha mãe voltou e ligou para o meu pai a avisar que estávamos no hospital, e para ele ir lá ter assim que pudesse. Porém, hoje ele não podia largar o trabalho e ia sair muito tarde, mas irá ter connosco assim que puder e se ainda lá estivermos. Ele sabe que se estamos aqui as três, nada pode correr mal, apesar de ficar preocupado e poder ligar de vez em quando para perguntar se há novidades.
Já eram quase 23h e nós ainda na sala de espera, sem a minha irmã ter sido chamada. Até que de repente, o meu telemóvel toca. Era mensagem... do Miguel. Dizia "Que tenhas uma boa noite. Dorme bem, linda. Beijos ♥". Foi fofo da parte dele... mas aquilo que vou ter é tudo menos uma boa noite. Respondi "Tomara eu que sim, se não estivesse no hospital com a minha irmã... Whatever, boa noite para ti, bons sonhos ♥". Poucos segundos depois de ter enviado a mensagem, ele estava a ligar-me.
- Estou?... - atendi.
- Olá! Então, o que se passou com a tua irmã? - perguntou, preocupado.
- Caiu, e suspeitamos de que tenha partido a perna... - expliquei.
- Que mau... Estás aí há muito tempo? - questionou.
- Desde as 19h e tal... - respondi. - Logo hoje que queria dormir tão bem na minha caminha, é que vou ter que passar aqui uma seca! - e bufei.
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(Des)Aventureira do Amor
Ficção AdolescenteMiriam é uma jovem de 16 anos, apaixonada por um amor não correspondido. Porém, não deixa de viver aventuras amorosas típicas da adolescência com o objetivo de esquecer o que provavelmente não terá futuro. Mas será que é no meio dessas aventuras que...