Capítulo 7

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Se os meus pais descobrirem que o Miguel dormiu aqui, na minha cama, de boxers, vão esfolar-me viva! Para evitar que tal aconteça, começo a tentar acordá-lo, abanando-o.

- Miguel! Miguel! - dou-lhe umas estaladinhas leves na cara. - Acorda! Rápido! - ele abre os olhos.

- Ahn?... - gemeu, meio a dormir.

- Os meus pais chegaram e nem avisaram! - anunciei, sussurrando. - Tens que te esconder! - ele apressou-se a sair da cama, aflito, e a pegar nas roupas que estavam no chão. - Mete-te dentro do roupeiro e tenta vestir-te! - ordenei. - Sei que não é o melhor sítio, mas pronto... Vou ver se saio daqui e fecho a porta à chave, assim ninguém entra aqui e não te descobrem. Levo o telemóvel, para ir falando contigo! - ele não dizia nada, apenas ouvia aquilo que eu lhe dizia. Ele estava tão aflito como eu. Pegou nas roupas e meteu-se dentro do roupeiro. Sei que o meu roupeiro não é muito grande, nem tem muito espaço, mas tem que ser assim! 

Tentei procurar a chave do meu quarto nas gavetas mas não encontrei. MERDA!

- Afinal nem vais poder sair daí, não encontro a chave... - avisei. - Desculpa! - ele bufou, impaciente e cada vez com mais medo de ser apanhado. Como eu! 

Peguei no meu telemóvel, saí do quarto, fechei a porta e afinal a chave estava do lado de fora da porta. Fechei o quarto à chave, peguei no telemóvel e escrevi-lhe "Afinal encontrei-a! podes sair do roupeiro!".

Desci as escadas e fui ter com os meus pais. 

- Então, como estão as coisas por aqui? - quis saber. Depois vi que a Sara tinha gesso numa perna e estava de muletas. 

- Miriam, fala baixo... - pediu o meu pai. - Estamos cansados, cheios de dores de cabeça, precisamos de dormir e o mínimo barulho faz-nos dores de cabeça... 

- Desculpa... - disse eu, falando mais baixo. - Sara, queres que te ajude a ires para o quarto? - dirigi-me à minha irmã.

- Sim, eu vou dormir... - respondeu. - Estou cansada... - fiz-lhe sinal para vir comigo e ajudei-a a subir as escadas. Levei-a até ao seu quarto e abri-lhe a cama.

- Queres o pijama? - perguntei.

- Sim... - afirmou, quase a dormir. Tirei-lhe um pijama qualquer da gaveta, dei-lho, ela vestiu-o com muito cuidado por causa da perna, e deitou-se. Dei-lhe um beijinho na bochecha.

- Vá, descansa... - disse-lhe. Acho que ela nem ouviu o que eu disse, pois parece ter adormecido assim que se deitou. 

Saí do quarto e encostei a porta. Enquanto descia as escadas enviei uma mensagem ao Miguel. "A minha irmã já dorme. Só faltam os meus pais!". Mal cheguei lá abaixo, a minha mãe falou. 

- Miriam, vamos dormir... Estamos muito cansados. Qualquer coisa sabes onde estamos... - disse. Realmente, tinham ambos umas olheiras que até metiam medo ao susto. 

- Vão lá... - disse eu, vendo-os a ir para o quarto que ficava no andar de baixo. Isto facilitava que o Miguel descesse as escadas sem eles o verem. Apressei-me a enviar para o Miguel "Já vão dormir. Não há-de tardar muito para poderes sair daqui.". Ele respondeu com um coração.

Contudo, tive que aguardar pacientemente que os meus pais apagassem a luz do quarto. Demorou um pouco, mas quando ouvi o meu pai a ressonar, tive a certeza de que a costa estava livre. Subi as escadas devagar para não fazer barulho, destranquei a porta do meu quarto, abri-a e quando entrei o Miguel estava sentado em cima da minha cama mexendo no telemóvel, e olhou para mim assim que entrei. 

- Está tudo sob controlo! - sussurrei-lhe. - O meu pai já ressona! - quando acabei a frase, o Miguel puxou-me para ele e beijou-me.

- Que belo filme de ação que as tuas estratégias dão, menina Miriam... - sussurrou-me ao ouvido, mordendo-me a orelha.

(Des)Aventureira do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora