Capítulo 13

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Na manhã seguinte, fiz tudo o que costumo fazer nas outras manhãs. Levantar-me, escolher a roupa, fazer a minha higiene matinal, comer, lavar os dentes, sair de casa... ups! Esta última não podia fazer sem que o Duarte e a Rosa chegassem.

- Será que demoram muito? - perguntei para a minha mãe. Já só estávamos nós em casa. Eu estava sentada no sofá e via as horas a passar e esperava que se despachassem, pois não queria chegar atrasada.

- Não... - respondeu ela. De repente, a campainha toca, e ela vai abrir. - Miriam, já chegaram!

Fui em direção à porta, despedi-me da minha mãe e fomos os três para a paragem. Ainda só tínhamos dito um "olá, bom dia", mais nada. Por vezes, o silêncio faz-me impressão, e isso estava a acontecer naquele momento. Quebrei o motivo do meu desconforto.

- Então, falem-me um pouco sobre vocês... - pedi, já que ninguém dizia nada. Que bela maneira de começar uma conversa, menina Miriam! Realmente, acertas sempre! Os dois irmãos olharam-se com cumplicidade e a Rosa falou.

- Que queres que diga? - e riu-se, envergonhada.

- Qualquer coisa... - disse eu. Mas tanto ela como ele permaneceram calados, e então eu disse a primeira coisa que me veio à cabeça. - Adoro a cor do vosso cabelo!

- Obrigado! - responderam em uníssono.

- A sério, quem me dera tê-lo assim... - confessei. O meu cabelo de loiro não tem nada. É castanho com reflexos vermelhos, por isso a única coisa que deve ter que talvez se admire é ser quase ruivo.

- Miriam, depois levas-me à sala onde vou ter aulas, se faz favor? - perguntou a Rosa. - Eu ainda não conheço a escola...

- Sim, eu ajudo-vos em tudo o que precisarem! - aceitei. - Mostra-me o teu horário para ver em que sala é que vais ter aulas... - e ela mostrou-mo e era mesmo na sala ao lado da donde eu e o Duarte íamos estar. - Não te preocupes, é mesmo ao lado da nossa. - e ela sorriu. O Duarte permanecia calado e apetecia-me perguntar-lhe o que ele achou de tão interessante em mim para estar a falar sobre a minha pessoa com a irmã, à noite, na varanda. Ao invés disso, falei outra coisa. - Depois qualquer apontamento que seja necessário, eu empresto-te, Duarte!

- Mas eu não quero incomodar... - rematou.

- Ora essa, não incomodas nada! À Rosa também posso emprestar, quer dizer... és de que curso? - perguntei-lhe.

-  Artes. - respondeu. Que giro, adoro, mas não tenho jeito! Por alguma razão estou em Humanidades.

- Então afinal só te posso emprestar das disciplinas gerais, desculpa... Mas se pudesse emprestar-te os cadernos todos do meu 10º ano, acredita que o faria de muito boa vontade. - referi.

- Obrigada... Não faz mal! - agradeceu. - És simpática!

- Sim... - e ri-me. - Diz que sim...

O nosso autocarro chegou, por fim. Sentámo-nos no "banco dos parvos" (é assim que o povo chama àquelas cadeirinhas lá do fundo) que quase nunca vai desocupado àquela hora. Fomos para a escola, e durante o caminho, íamos comentando sobre coisas da paisagem exterior ou até mesmo de coisas que aconteciam dentro do autocarro, como por exemplo, o facto de as pessoas só se levantarem do seu lugar apenas quando o autocarro pára na paragem onde querem sair. A viagem até à escola (que era curta) ficou ainda mais curta com as nossas conversas. Eles foram perdendo a vergonha de falar comigo.

Chegámos à escola, e como ainda faltavam uns minutinhos, apresentei-lhes a escola, e de seguida fomos para o corredor onde íamos ter aulas. Ao aproximarmo-nos, já ouvíamos as vozes e dava impressão de que já toda a gente tinha chegado menos nós. Indiquei para a Rosa a sala onde ela ia ter aulas e desejei-lhe boa sorte. Apercebi-me de que ela perguntou logo a umas pessoas que lá estavam à porta da sala se eram da turma dela. É mesmo assim, girl! Não há que ter vergonha! Quanto ao Duarte...

(Des)Aventureira do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora