Capítulo I - Playboy mimado

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Rio de Janeiro, Grajaú. 06:30

- Tchau mãe, estou indo! - Andressa gritou quando estava prestes a sair de casa.
Filha, espera! - Cristina saiu da cozinha, enxugando as mãos em um pano de prato.
- Você não vai comer?
-Mãe, tô super atrasada. Como algo no caminho! - ela disse impaciente.
- Tudo bem, só não fique sem se alimentar, ruivinha. Promete?
Ela riu diante da preocupação sem tamanho da mãe.
- Prometo, mulher. - continuou rindo. Será que eu posso ir agora?
- Não chegue muito tarde. - a mulher suspirou. - E boa sorte.
- Obrigada.
Mandou beijo no ar para a mãe e saiu apressadamente de casa com a mochila preta e branca nas costas. Vestia uma roupa básica, uma calça jeans escura, uma blusa azul claro e nos pés um par de sapatilhas. Os cabelos ruivos estavam naturalmente soltos. No rosto uma maquiagem simples, apenas lápis, um pouco de rímel nos olhos e um pouco de blush nas bochechas.
Andressa caminhou apressadamente até o ponto de ônibus e deu graças a Deus que não perdera a condução.
Era seu primeiro dia na universidade e ela estava muito nervosa e ansiosa. Mais uma etapa de sua vida iniciaria e ela não tinha ideia do que esperar. Sua mente vagava e o coração batia acelerado, ela era muito persistente e mesmo com medo, iria enfrentar esse começo de cabeça erguida. Como sempre fez.
Demorou uma hora até chegar ao seu destino final, a UFRJ. Havia passado no vestibular para o curso de Jornalismo, seu grande sonho. Respirou fundo quando se viu diante do prédio e entrou de uma vez.
Andressa se viu meio perdida diante da multidão de gente que habitava o prédio e foi meio difícil achar sua sala, mas alguns minutos depois de andar, subir e descer escadas, ela finalmente entrava no lugar.
Vários jovens encontravam-se ali, alguns sentados, outros de pé e já conversando. Ela respirou fundo e foi encontrar um lugar para sentar, que por fim era na fila do canto, quinta carteira.
- Oi! - ouviu uma voz feminina e meio rouca soar atrás de si. virou-se.
- Oi. - sorriu simpática. - Tudo bem?
- Sim e você?
- Também. - ela suspirou.
- Ansiosa? - a garota perguntou.
- Muito. Mas... Vamos que vamos, não é?
A outra riu.
- Sempre! Eu sou Alice e você?
- Andressa. Isso aqui é tudo meio que uma loucura!
- Nem fala. - Alice sorriu. - Mas tenho certeza que vai ser legal!
- Eu também. Sempre quis jornalismo, meu sonho. Você também?
- Toda a minha vida. Eu tenho um blog, onde escrevo alguns textos. Sempre gostei!
- Ah, que maneiro. Já eu morro de vergonha de mostrar o que escrevo! - ela disse, encabulada. - pediu. - E vou pensar sobre mostrar o que escrevo.
- Isso mesmo!
Logo todos que havia na sala se acalmando e uma mulher que aparentava ter por volta de seus quarenta anos vestida elegantemente entrar na sala e se apresentar como professora.
Houve, na sala mesmo, uma pequena recepção aos calouros e todos puderam interagir melhor, afim de se conhecerem.
Andressa adorou Alice e vice versa, por isso no fim daquele dia de aulas, ambas já estavam grudadas, conhecendo a vida de uma a outra.
-Vou pegar um suco de laranja. - Andressa anunciou quando chegaram a lanchonete do prédio. - Você quer algo?
- Traz uma latinha de coca-cola para mim? - Alice pediu, estendendo uma nota de cinco reais. - Vou pegar uma mesa para a gente. Me dá sua mochila.
- Ok. - entregou a bolsa a nova colega e saíram para lados opostos.
Andressa caminhou em direção ao caixa e fez os pedidos. Guardou nos bolsos de seu jeans os trocos e logo estava com ambas as bebidas em mãos.
A ruiva tinha um pequeno problema, se distraía facilmente. E era pensando em qual ônibus pegaria dali para o emprego, que topou, acidentalmente, com alguém, derramando pelo menos metade do conteúdo de seu copo de suco.
- Sua idiota! - a voz masculina e grossa soou, irritada. - Não olha por onde anda?
Andressa tremeu e encarou o loiro alto que estava em sua frente, com uma expressão furiosa olhando para a camisa polo branca, agora suja de suco. Ela não pôde deixar de notar no quanto o rapaz era bonito e estranhou quando sua pulsação acelerou, imediatamente deixando sua garganta seca e sua respiração descompassada.
- Me desculpa. - ela lamentou. - Foi totalmente sem querer.
- Você estragou minha camisa! - ele gritou
- Não foi por que quis, eu não te vi. Me perdoe!
- É cega por algum acaso? - a voz dele era cheia de odio.
O cara poderia ser um Deus Grego, de tão belo que era, porém era arrogante e ela odiava pessoas assim. Por isso, empinou o nariz e mexeu em seus cabelos.
- Olha aqui! - ela falou em um tom autoritário, que normalmente não usava. O rapaz a encarou finalmente e teve que engolir em seco. Quem era aquela moça? Linda! Absolutamente linda. Pena ser descuidada, porém, maravilhosa. O tom vermelho de sua pele, vindo devido a irritação só lhe deixava ainda mais atraente.
- Eu já te pedi desculpas, já disse que foi sem querer. Não vou ficar me humilhando, tá legal? - ela bufou. - Quanto a sua camisa, pede pra sua mamãezinha lavar, que a mancha sai, simples assim.
Sem esperar nenhuma resposta dele, Andressa saiu em direção oposta a que ele estava, à procura de Alice.
- Playboy mimado! - resmungou enquanto buscava com o olhar a colega.
Logo a viu levantar o braço, em meio a multidão que encontrava-se ali e foi em sua direção. Andressa colocou a latinha de refrigerante na frente de Alice, juntamente com o troco.
- Por que demorou? E cadê seu suco?
A ruiva bufou, cruzando os braços.
- Topei com um idiota e derramei meu suco nele!
- Uou! Que chato. - fez uma careta.
- Bastante. Era um playboyzinho de merda que se acha o centro do mundo. - revirou os olhos.
- Como assim?
Andressa contou brevemente o encontrão que teve há alguns minutos e Alice apenas riu, fazendo a Andressa ficar com mais raiva.
- Desculpa, mas foi engraçado.
- Que seja! . - Tenho que ir nessa.
- Pra casa? Mas já?
- Não, Lili, pro meu emprego. - riu. - Até amanhã.
- Até.
Andressa saiu apressadamente em direção à saía do prédio da Universidade, sem notar que um par de olhos castanhos a observava fielmente.

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