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13 de Agosto, Terça.
48 dias após a morte de Christopher 1224 anos em Nefarious
— Você vai ficar bem? — Sussurrei no pé do seu ouvido.
Asafe assentiu e apertou os dedinhos nas alças de sua mochila. Os olhos apreensivos estavam grudados nos meus, como se temessem me perder de vista.
Estávamos agachados diante da entrada da creche. Era o seu primeiro dia após a volta às aulas.
— Se você se sentir mal, ou se não quiser ficar aqui, é só avisar a sua professora, que eu venho imediatamente.
— Você vai pra longe, mamãe? — Perguntou, com a voz hesitante. Ele mantinha a postura encolhida.
Asafe temia que eu fosse morrer, assim como o seu pai.
Não lhe contei que iríamos fazer um ritual para invocar Christopher, pois seria cruel alimentar esperanças que talvez eu não pudesse cumprir. Preferia que, se tudo desse certo, fosse eu e o seu pai a recebê-lo ainda hoje.
Essa ideia fazia meu coração disparar mais forte.
Passei incontáveis noites imaginando todos os cenários possíveis. No pior deles, invocaríamos algo realmente maligno que mataria a todos nós. Para esta possibilidade, deixei a Loren o trabalho de cuidar de Asafe.
Eu havia vendido o colar milionário que Christopher me presenteou em meu aniversário de dezoito anos. Se por acaso tudo desse errado, deixaria toda a quantia para eles.
A esta hora, Loren estava trabalhando no bar, o que a manteria longe de casa tempo suficiente para concretizarmos o ritual.
Caso ela não recebesse novas informações nossas até o fim do dia, teria apenas que pegar Asafe na creche e fugir.
Não era o melhor dos planos, mas eu não poderia deixar os dois desamparados.
— Eu estarei por perto, está bem? — Afaguei as madeixas do seu cabelo e depositei um longo beijo em sua testa. — Eu amo você!
Ele curvou um quase e imperceptível sorriso, mas foi o maior que eu havia visto há muito tempo em seu rostinho.
Grande parte do dia, eu o encontrava deprimido em seu quarto, enquanto brincava sozinho. Ou então, sentado na grama do jardim de casa, com Lúcifer mastigando a sua roupa.
— Eu te amo. — Repetiu, beijando o meu queixo.
Quando me olhou nos olhos novamente, os seus estavam mergulhados em lágrimas. Acho que Asafe sabia o que aquilo poderia significar. E mesmo que doesse em nós dois, talvez isso fosse uma despedida.
Forcei os meus lábios a sorrir quando tudo o que eu queria era apenas apertá-lo em meus braços e chorar junto a ele.
