Capítulo 2: Cúmplices

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12 de Agosto, Segunda

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12 de Agosto, Segunda.

47 dias após a morte de Christopher

1197 anos em Nefarious


Sentada à mesa, sentia seu olhar perfurando a minha pele como um alfinete.

Demétrius não poderia ser mais óbvio.

Eu tinha o pressentimento de que a qualquer momento surgiria um letreiro neon em meio a sua testa berrando "Temos dois corpos escondidos no porão".

Tentei não lhe dar a atenção que exigia de mim, mas era quase impossível não notar o seu semblante curioso.

Ele estava sentado em uma das pontas da mesa da sala, segurando uma xícara marrom sem graça, enquanto todos os outros se mantinham presos em uma conversa matutina qualquer.

Prendi o fôlego.

Eu não lhe daria nenhuma pista do que estava sentindo.

Tentei não lembrar-me da madrugada passada.

Um esforço inútil.

Conseguia enxergar sem esforços o sangue daquele casal impregnado sob as minhas unhas e nas roupas que queimei.

Os seus lábios pálidos e as peles frias. Os globos oculares arregalados e permanentemente estáticos, presos ao nada dentro daquele freezer velho.

Eles jamais seriam aquecidos novamente. Não sentiriam mais dor, tristeza ou felicidade. Não eram mais seres vivos. Não eram mais nada.

Eu havia feito aquilo.

Mas o arrependimento nunca veio. Me sentia tão culpada por suas mortes quanto por abrir uma porta.

Meus olhos estavam fixos sobre o pequeno rosto do meu filho, distraído com o seu café da manhã, no entanto, somente quando ele suspirou alto, que deixei minha mente recobrar a consciência para o agora.

O sol refletia por entre as janelas de vidro, um raro e frágil reflexo amarelado cobria os seus cabelos negros.

Ele não parecia prestar atenção em nenhum de nós, estava comendo o seu cereal enquanto fuzilava o seu mais novo dinossauro, presente da sua tia-não-preferida Samantha.

Ele estava obcecado por dinossauros.

Lúcifer — o cabrito — estava de pé ao seu lado, lambendo os dedos melados de cereal de As.

— Eu consegui um novo emprego. — Loren sussurrou ao meu lado. — Vou trabalhar como barman... — Ela uniu as sobrancelhas. — ou talvez seja bargirl. — Riu sem sentir emoção.

Havia dias que ela estava mais desanimada que o seu habitual.

Eu não a via muito. Ela costumava sair bem cedo da mansão, pegava um táxi ou uma carona com Leví e ia entregar currículos.

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⏰ Última atualização: Nov 11 ⏰

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