Capítulo 12

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O mundo pareceu ficar em câmera lenta. Fui um pouco pra trás por causa do impacto do tiro. Vi a bala viajar até chegar no braço de Alexandre. Ele se agacha por causa da dor.

- SUA VADIA! Atirou em mim!! – ele tentava estancar o sangue que saia aos jorros de seu braço. Noto, só agora, que ele estava com o mesmo uniforme dos garçons do restaurante. Desgraçado.

- Errei ainda. Era pra acertar seu coração... – digo dando de ombros.

- Você me paga... – ele vem furioso em minha direção, mas tropeça em algo no caminho, caindo de cara no chão.

Solto uma grande sopro de alívio ao ver Nicolas sentado com as pernas esticadas, e foram nelas que Alexandre tropeçou.

Entra uns três policiais e algemam Alexandre. Ele sai praguejando e levado para fora. Corro em direção a Nicolas.

- Nicolas! Meu deus... Pensei que estivesse morto!! – grito brava, segurando sua cabeça.

Tinha uma mancha de sangue em seu ombro esquerdo. Ele sorri levemente.

- Eu estou acostumado a levar tiros... Não se preocupe...

- Desgraçado! Te vi morto no chão!! – eu estava histérica. – NÃO SABE O MEDO QUE SENTI!! – sentia as lágrimas caírem por meu rosto. – Eu não suportaria te perder também...

Nicolas me puxa para um abraço, onde desabo de tanto chorar.

- Ssshhh... Ei, está tudo bem. Mas veja por um lado positivo. Meu plano deu certo...

- Que plano?

- O de prender ele. Sabia que ele ia nos seguir caso saíssemos. Já estava tudo preparado.

Encaro seu rosto meio abatido. Sorrio levemente. – Sim...

- Mas saiba que... O lance do anel foi sem pensar. Eu já tinha comprado ele faz um tempinho, mas não tinha coragem pra colocar em seu dedo...

Sorrio e beijo sua testa. – Você tem que ser levado ao hospital. Vem, vou te ajudar como puder...

Ele se levanta cambaleante e coloco um de seus braços em meu pescoço, para servir de apoio. Caminhamos até a saída, onde encontramos alguns enfermeiros saindo da ambulância. Dava para escutar os berros de Alexandre ainda.

[...]

Nicolas e eu somos levados para o hospital mais próximo. Seu terno foi retirado e sua camisa estava encharcada de sangue. Ele estava encostado na parede do carro e eu encostada nele. A viagem foi em constante silêncio. Fiquei agarrada nele enquanto algumas pessoas tentavam deixar ele acordado. Ora mediam sua pressão, ora verificavam como estava seu ferimento.

Eu tentava fugir do meu estado de medo. Medo de ter perdido as pessoas que mais amavam em toda a minha vida. Uma que estava ainda em minha barriga e a outra que ainda estava perdendo sangue ao meu lado.

Quando chegamos ao hospital, uma enfermeira me ajuda a descer e logo Nicolas desce atrás de mim. Ele estava fraco, sua pele pálida pela grande perda de sangue.

Ele conversa com alguns médicos e depois vem cambaleando até mim.

- Vou ter que entrar, ok?

- Tudo bem... – beijo delicadamente seus lábios e depois ele some dentro dos corredores do hospital. Sou encaminhada para fazer alguns exames, para checar se estava tudo ok. Não tinha sofrido nenhuma fratura e nada ruim aconteceu a ela. Só me receitaram descanso depois dessa noite intensa de estresse.

Espero em uma salinha de espera. Me aconchego em um sofá bem macio para passar o tempo. Tiro um livro da estante que estava ali e começo a ler. Parecia ser um clássico da literatura.

Depois de esperar um tempão e nada, pego o terno de Nicolas, faço um bolo e coloco atrás de minha cabeça, um travesseiro improvisado. Encosto a cabeça nele e tempo dormir com o cheiro do perfume dele.

Acordo a DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora