Oliver-Onii-Chan: Daijobu, daijobu

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Cheguei em casa tão mental e fisicamente cansada, que nem reparei que todas as luzes estavam ligadas. Fui direto para o sofá da nossa modesta sala e desabei. Os moveis da mudança, assim como eu, tinham chegado mais cedo.

   - Isso foi realmente apenas um dia?! Sinto que tiveram acontecimentos demais... - Murmurei me espriguiçando. - Enfim, vou tomar um banho e... Que som é esse?

   Foi então que eu percebi o som baixinho que vinha de um dos quartos da casa. Do meu quarto?! Era uma respiração pesada, alguns soluços... Era alguém chorando?!?!?!

   Fui correndo para meu quarto e, quando me perguntei o por que do meu corpo ter reagido tão rápido, foi que eu raciocinei. Eu conhecia aquele choro, ah se eu conhecia muito bem. E também sabia de que quarto ele estava vindo: do último do corredor, bem ao lado do meu: O quarto de Oli-Onii-chan.

   Tudo que eu tinha pensado estava certo: chorando no cantinho da cama de seu quarto, Oli-Onii-Chan estava encolhido. A resposta foi automática: sentei na cama junto e abracei ele também:

   - Calma, calma, a Onee-sama está aqui... Tudo vai ficar bem... A Onee-Sama vai fazer um chocolate quente... não, um bolo!

   Sim, eu era uma irmã coruja, PROBLEMA?!?! Espero que não...

   - Onee-sama! - Quase tive um sangramento nasal quando o pequeno Oli-Onii-chan se virou para mi. Mas eu apenas encostei nossas testas e o olhei bem nos olhos.. Quer dizer, no olho e na sua bandagem, ensanguentada pelo choro. Mas depois eu explico esse pequeno detalhe. - Ahhh, que bom, pensei que a Onee-sama não ia voltar!

   Ele me abraçou e acabou me derrubando na cama. Ficamos abraçados, ali mesmo, deitados.

   O que devo dizer? Nós dois temos um complexo de irmão muito forte!

   - Eu estou aqui agora, Oli-Onii-chan, eu estou aqui. Para sempre ouviu? E isso é uma promessa!

  Ele assentiu prontamente:

   - Agora, sobre o bolo com chocolate quente que você mencionou... - o estômago dele roncou, no timing perfeito. - E-eu não comi nada desde o almoço, Onee-sama.

   - Claro... - A cara do Oli-Onii-chan de cachorrinho perdido estava ganhando mais poder ou era impressão minha? Me levantei da cama e o puxei junto. Andamos no corredor de mãos dadas. - Mas, Oli-Onii-chan, por que você está aqui? Você devia vir daqui a uma semana. Suas aulas também começam daqui a uma semana...

   - Bem, Onee-sama, isso é uma história meio longa...

=_= - +_+ - =_=

   - Resumindo, você fez chantagem emocional para vir mais cedo e me ver? - Dei mais uma garfada do bolo.

   Sem um pingo de vergonha, ele assentiu:

   - Sim, tudo pela Onee-sama!

   Suspirei. Tudo bem, nossos pais tinham deixado, e eu estava feliz de não ter me separado dele por tanto tempo, mas uma menina do ensino médio cuidando de se irmãozinho mais novo, com os pais fora do país?! Como não tem uma lei que proíba isso?!? Tudo bem que nossos avós estão na cidade, mas ainda assim...

   - Ah, Onee-sama, como foi a escola? - Ele se levantou e ajeitou as bandagens encharcadas sobre o seu olho, levando os pratos para a pia logo depois - Achou mais um oponente para mim?

   Sim, ele tinha um complexo de irmã mais velha assumido e falava na cara que, qualquer cara que se aproximasse de mim, era um inimigo.

   - Claro, vários! - Comentei, brincando. Se bem que não era bem uma brincadeira...

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