❄️ Tão Frio Como Gelo❄️

O Preço da Mentira

Extra: Harumi & Yuwei

Pov: Yuwei

O quartel-general do Lin Kuei fedia àquela tensão masculina e àquela aura de falsa bravura. Observei-os da minha posição vantajosa, um sorriso petulante brincando nos meus lábios. Yuzuru estava ali, absorto em seus próprios pensamentos sombrios, distante até mesmo de seu trio inseparável de aberrações. Sektor, com sua carranca perpétua e o olhar cortante dirigido a Kenshi – aqueles dois se detestavam com uma paixão quase engraçada – mantinha-se isolado. Smoke, como sempre, era uma sombra no canto, sua presença quase inaudível. A única exceção era Cyrax, com sua postura um pouco mais relaxada, embora houvesse uma tensão subjacente até nele. E, claro, os dois pombinhos brigados: Bi-Han, com sua frieza habitual intensificada por um ódio gélido direcionado a mim, e Hanzo, o espectro carrancudo, mergulhado em seus próprios demônios, mantendo uma distância segura do ex-noivo.

Esperei nas sombras, saboreando a ironia da situação. Eles, tão absortos em seus próprios dramas e na patética discussão – seja lá qual fosse a emergência que reunira essa coleção de indivíduos disfuncionais –, completamente alheios à pequena bomba fedorenta que eu estava prestes a jogar no meio de sua preciosa reunião. Aquele ar de importância deles... patético. E eu apostava que até aquele cego ressentido do Kenshi e o infeliz do Kuai Liang tinham algum tipo de "laço especial". Os olhares furtivos, os silêncios cúmplices... gente doente.

Lembrei-me de como foi fácil manipular o pobre Bi-Han durante suas lamúrias autoindulgentes nas últimas semanas. Tão previsível, tão cheio de culpa e raiva daquele fantasma fedorento. Minhas palavras melosas, minha falsa preocupação... ele engoliu cada pedacinho, como um peixe faminto mordendo uma isca brilhante. E aquela noite... ah, aquela noite foi uma obra-prima da minha genialidade. Um pó sonífero sutilmente misturado em sua bebida – aquele verme nem percebeu o gosto amargo –, uma cama estrategicamente bagunçada e a imaginação fértil do espectro fizeram o resto. Eu sabia que Bi-Han desconfiava de algo, seus questionamentos posteriores foram sutis, mas presentes. Mas a certeza de Hanzo era meu trunfo.

No momento exato em que a discussão deles – um debate tenso e silencioso, pontuado por olhares frios e sussurros contidos – atingiu um impasse frustrante, avancei com um suspiro exagerado, atraindo todos os olhares para minha graciosa pessoa. As expressões em seus rostos eram uma mistura deliciosa de surpresa e irritação. Ótimo. Que fervam em sua impotência.

"Perdoem essa humilde serva por interromper seus importantíssimos assuntos," comecei, minha voz melosa e carregada de uma falsa modéstia que eu sabia que faria o estômago de Bi-Han se contorcer. Seus olhos gélidos se cravaram em mim, e um ódio frio e puro brilhou ali. Ele me desprezava. Eu era o verme que se insinuou entre ele e seu amado. Que bom. Que ele sinta essa raiva.

"Yuwei," ele sibilou, a voz baixa e carregada de um desprezo cortante. "O que você quer?" Cada palavra era carregada de uma repulsa que me aqueceu por dentro.

"Oh, mas diz respeito a você, Bi-Han, meu querido," respondi, erguendo o queixo com uma presunção calculada. Varri o olhar por aquele círculo de figuras tensas. Yuzuru finalmente pareceu despertar de seus pensamentos, seus olhos fixos em Bi-Han com uma intensidade fria. Sektor parou de encarar o nada, sua carranca agora direcionada ao Grão-Mestre com uma mistura de surpresa e julgamento. Smoke emergiu um pouco mais das sombras, seus olhos fixos em Bi-Han com uma curiosidade discreta. Cyrax arregalou os olhos, sua atenção totalmente voltada para a reação de seu líder. E então havia Hanzo. Seus olhos, já carregados de uma dor antiga e da certeza amarga da minha "traição", agora estavam marejados. Não era raiva que eu via ali, mas uma profunda e cortante decepção. Pequenas gotas brilhavam nas bordas de seus olhos, refletindo a luz fraca do salão. Era como se cada esperança que ele pudesse ter nutrido tivesse acabado de se esvair.