Lily

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Lily estava observando James Potter. De novo.

Era a terceira vez em 10 minutos que seus olhos vagavam inconscientemente para o braço musculoso dele que estava totalmente descoberto e totalmente atraente cruzado atrás de sua cabeça.

Lily queria pegar seu livro de biologia e dar naquele rosto atraente.

Quem diabos James Potter pensava que era para fazê-la ficar daquele jeito?

Honestamente, ela tinha uma mãe no hospital que 50% de chance de vida, uma vida escolar corrida e muitas outras coisas para pensar para perder tempo sentindo borboletas no estomago pelo capitão do time de futebol. Na verdade, só essa frase fazia com que o estomago de Lily embrulhasse. Ela não era uma dessa garotas sonhadoras que se imaginava um desses amores de cinema onde o mais gato da turma, contra todas as lógicas, ficava a fim da pessoa mais improvável e eles viviam felizes para sempre depois de alguns conflitos.

Lily tinha os dois pés bem cravados no chão e sabia muito bem que se apaixonar pelo mais popular só lhe traria problemas e dores de cabeça.

Mas quem disse que esse pensamento impedia ela de segui-lo?

Seu local de estudo havia passado a ser a arquibancada, apenas por ser lugar de todos os treinos do capitão. Constantemente via ele lançar olhares para perto de onde ela estava e cerrava os dentes aos escutar os cochichos das garotas ao seu lado.

Conclusão inevitável, ela estava apaixonada pelo capitão de futebol.

Mas Lily não poderia falar que não houveram avisos. Desde o primeiro dia em que o viu a observá-la pela reação que causou no professor de biologia, Lily não conseguia tirar os olhos avelã da mente. Toda vez que seus caminhos se cruzavam em algum corredor daquele gigante castelo (sim! Academia Preparatória Hogwarts era um castelo!) ela tratava de tentar se fundir a parede, sempre fingindo estar ocupada com algo em suas mãos, mas sempre dava uma olhada por cima do ombro para observá-lo cruzar o corredor, as mãos enfiadas nos bolsos e cabeça levemente abaixada.

Já sem paciência para negar o obvio, apenas o seguia discretamente, sempre preocupada com o que aconteceria se ele descobrisse o que ela sentia. Iria zombar dela ? Apenas dar de ombros e voltar a andar normalmente, como o havia visto fazer com muitas outras garotas nos últimos dois meses?

Lily não sabia e não estava nem um pouco a fim de descobrir.

Porem, em um dia particularmente normal, onde ela guardava tranquilamente suas coisas dentro do armário, escutou alguns barulhos a suas costas. Se virou apenas para se deparar com James Potter junto de Cassie Hindow.

Voltou os olhos para dentro do armário aberto com o cenho franzido e uma sensação de soco no estomago. Tentou agir com naturalidade, mas sua garganta se fechava cada vez mais, a fazendo desconfortável.

Quando enfim não pode agüentar mais tentou fugir dali, apenas para trombar com ele.

Seu coração falhou uma batida para então acelerar loucamente. Franziu o cenho pensando em algo para falar sem que parecesse ridícula mas nesse momento James deu dois passos para trás antes de voltar a andar rapidamente pelo corredor.

Lily havia se deixado cair contra o armário, ignorando o olhar que Cassie lhe mandava, e achando que nada naquele universo conspirava a seu favor.

– Sra. Evans – dedos foram estralados na frente de seu rosto, a trazendo imediatamente para o presente – Escutou algo que disse? – uma carranca ia se formando na face geralmente amigável (para ela) do Sr. Lancaster.

– Desculpe professor – se ajeitou ainda mais na cadeira, sentindo-se tonta de repente.

"Olha o que você ganha pensando nele" sua consciência gritou "Desse jeito vai ser expulsa da escola antes mesmo do trimestre ter terminado"

– Que isso não se repita – abriu-lhe um leve sorriso, o que a deixou mais calma. Pelo menos não era um fracasso em tudo – Agora pode se sentar com seu parceiro.

– E quem seria? – olhou pela sala. Apenas uma ou duas bancadas estavam com um aluno que esperava seu parceiro chegar para começar a lição.

– James Potter.

O corpo de Lily congelou em choque. Aquilo só poderia ser brincadeira.

"Eu não estou na merda de um filme" essas palavras faziam força para sair "Me coloque com qualquer uma daquelas vadias que não farão nada, deixando todo o trabalho para mim, que já estarei feliz da vida!"

Obviamente não as falou. Em vez disso arrancou sua bolsa com força da mesa e foi andando a passos fortes até a mesa do garoto.

Ele não a percebeu de imediato, ocupado demais rodando um lápis entre os dedos e perdido em pensamentos. Só a notou quando a mesma deu um leve pigarro que o fez olhá-la.

Se a reação dele não tivesse a ofendido, Lily poderia ter rido.

Primeiro ele deixou cair o lápis, sua boca abrindo levemente e então seus olhos se arregalaram.

– Não sou tão feia assim – Forçou-se a dizer, ao tomar o assento ao seu lado.

– E-eu não... – ele tentou se desculpar, mas Lily o interrompeu. Não precisava de sua voz rouca ressoando em seus ouvidos e acabando com todo seu autocontrole

– Deixe isso, temos um trabalho para fazer.

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