Alguns dias são bons. Outros, nem tanto. Mas há dias especiais, em que você não está nem feliz, nem triste. Você só começa a pensar sobre o que você sempre quis dizer e nunca pôde.
Você, que já não se preocupa mais em consertar as rachaduras recorrentes do seu coração. Que abriu as comportas da hidrelétrica dos seus olhos. Que observa suas lágrimas competindo entre si, para ver qual é a primeira a chegar ao chão e levar consigo a amargura contida nela.
Você, que está cansado da sua própria tristeza. Está abatido pela perda. Perda, talvez, de uma pessoa, de um sentimento, de uma memória... ou até mesmo perda do seu "eu". Está num perigoso ócio, com os olhos no teto e a cabeça no universo. Está com várias perguntas na mente, algumas até filosóficas, buscando sentido para suas angústias e dúvidas. A reflexão nunca esteve tão presente (e ausente) em você como nos últimos dias.
Você que enfrenta tempos difíceis. Semanas, meses, anos... não importa a quantidade. A intensidade do seu problema pode ser muito maior em um segundo do que em toda a sua vida. Depende de quem sente. Você, que anda somatizando mágoas durante sua convivência conturbada com aqueles seus relacionamentos platônicos e as pequenas decepções do seu cotidiano. Não é necessariamente ruim, se partirmos do princípio de que são as pequenas coisas da vida que a adoçam.
Você, cuja visão anda há certo tempo embaçada. Ou, para tornar isso mais direto, desfocada. Que enxerga a sua vida em um raio curto, por conta do seu humor. Que infinitiza os momentos ruins. Que não se recorda das boas memórias. Que sofre da repetição dos pesadelos, não por mero acaso.
É difícil retomar os bons tempos, não é mesmo? É torturante saber que tudo isso anda guardado em algum lugar do seu cérebro, mas você não consegue acessar. O paradoxo da ausência mais simples e mais complexo de todos os infinitos que existem: tão perto, e tão longe. Mas, ao menos, você só não consegue se lembrar. Mas consegue adquirir novas informações. Sendo assim, tenho apenas uma única frase para colocar na sua vida.
Quando você era uma criança, você costumava olhar para o céu e sorrir. Com a felicidade mais pura de todas. Agora, você cresceu, seu sorriso diminuiu e você recebeu o kit básico de problemas para a maturidade. Mas já que a fé move montanhas, acredite no que eu te digo: o universo retribui, e hoje ele sorri de volta para você.
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Poesia Diversa
PoesíaPoemas, prosas poéticas, teorias filosóficas... quem nunca passou uma tarde olhando para o céu, sem dizer uma palavra sequer, apenas falando interiormente com sua alma? Digamos que eu gosto de pensar um pouco demais sobre a vida (e, às vezes, sobre...