Capítulo 4

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HOPE

Procurei no meu armário alguma roupa para ir ao cinema e encontrei um vestido azul de modelo tomara que caia e saia tule. Joguei em cima da cama e me sentei na beirada.

— O que está acontecendo comigo? — perguntei a mim mesma.

Desde que conheci Stefan, ele não sai de minha mente, aqueles olhos de um azul tão cristalino, os cabelos escuros que sempre estavam bagunçados. Seu péssimo flerte, mas que me conquistavam.

Acredito que esses pensamentos sejam apenas por estar cansada de Robert, que já tinha toda minha vida planejada.

Assim que eu me formasse a gente iria se casar, um ano depois teríamos um filho e depois de mais três anos, teríamos outro.

Eu seria dona de casa, ou seja, minha faculdade de nada serviria. Ele? Bem, ele seria um grande empresário bem sucedido.

Eu não queria isso, queria viver. Não queria me preocupar com o futuro, apenas viver o agora intensamente.

Infelizmente sinto que não consigo mais alimentar esse amor.

Agora com Stefan está ainda mais difícil e o que eu fiz? Bem, o dei para minha melhor amiga.

Disquei seu número e esperei.

— Já está com saudade? — Sua voz rouca ecoou pelo quarto.

Não bastava seu flerte, seu humor era imbatível.

— Apenas gostaria de confirmar sua presença hoje — falei.

— Ainda há tempo para mudar de ideia e ao invés de eu ficar com Carol, você pode vir me fazer uma visita — sugeriu.

Acabei por rir, não por ter achado engraçado e sim por nervosismo. Medo de que eu acabasse aceitando sua proposta.

— Te vejo no cinema — falei e desliguei sem esperar sua resposta.

Coloquei meu vestido. Fiz uma maquiagem básica. Enrolei as pontas de meu cabelo e na frente do espelho me vi perdida em devaneios.

Queria estar nos braços másculos de Stefan e isso parecia não querer mudar.

***

Assim que entrei no carro de Robert, uma de suas mãos tocaram em minhas pernas e seus lábios vieram aos meus, eu os recebi por mais que quisesse me afastar.

— Espero que hoje a noite tenha recompensa, pois aguentar uma tarde com esse tal de Stefan não será fácil.

Sexo, era disso que estava falando, era só disso que sabia falar.

Forcei um sorriso e o fiz um cafuné.

Ficamos esperando em frente ao cinema, logo Carol chegou. Estava linda. Usava um vestido preto colado em seu corpo. Já sabia de suas intenções e não gostava muito.

Carol minha melhor amiga, era bem atirada, não duvido que na primeira noite já não esteja na cama de Stefan o que me deixava enciumada.

Quando vi Stefan vindo de longe sorri.

Usava uma calça jeans, uma camisa preta de manga curta, onde deixava expostos seus braços másculos. O brilho de seus olhos, os lábios abertos em um sorriso lindo me tiravam o fôlego.

A primeira coisa que fez assim que se aproximou foi abraçar Carol, acariciando sua cintura. Depois cumprimentou Robert com aperto de mãos e me deu um beijo no rosto, nada a mais.

Entramos na sessão do cinema, e ao invés de focar no filme. Apenas fiquei de cantos dos olhos encarando Stefan que paparicava Carol.

— Está tudo bem meu amor? — Robert perguntou segurando uma de minhas mãos.

— Claro, estou perfeitamente bem — falei.

Robert franziu a testar e suspirou.

Assim que acabou o filme, antes de entrar no carro de Robert perguntei.

— Carol, quer que Robert a leve para casa?

— Vou leva-la — Stefan disse sorrindo.

— Não precisa se preocupar Robert a leva — Insisti. Carol me olhava com reprovação.

— Eu vou com Stefan — Carol disse de uma maneira como se quisesse me estrangular se eu continuasse com essa ideia.

Despedi-me deles com um aceno e entrei no carro de Robert. Por incrível que parece Robert deixou-me em casa e foi para a dele, como desculpa disse que não estava se sentindo muito bem. Talvez tenha se sentindo incomodado com a presença de Stefan, ou mesmo percebido meu interesse por ele. O que fosse, não me deixaria abalar.

Acordei com meu celular tocando.

— O que foi Carol? — perguntei.

— Você não vai acreditar! — Sua voz animada me fez suspirar.

— Acho que não quero acreditar.

— Ele é tão... — Carol deu um longo suspiro.

— Você dormiu com ele? — perguntei.

— Não! Quem você acha que sou?

— Quer mesmo que eu responda?

Carol começou a rir e falou.

— Na verdade, eu até que queria, mas ele é tão certinho que acabou nesse sentido me decepcionando, porem ele é sexy, ainda sinto o calor dele próximo a meu corpo.

Que bom, eu realmente estava ouvindo minha amiga falar do cara que flertava comigo.

— Hope está ai?

— Oi, sim.

— Você ouviu o que falei?

— Claro que sim — infelizmente sim. — Vou dormir agora Carol. Até amanhã.

— Certo chata, até.

Assim que desliguei o celular, novamente começou a tocar.

— O que foi Carol?

— Tente novamente — sua voz rouca fez com que meus pelos enrijecessem.

— Stefan — Sussurrei.

— Desculpa se lhe acordei.

— Carol acabou de me ligar, para contar os detalhes.

— Devo agradecer, Carol é muito bonita.

— Ligou para isso? — minha voz soou um tanto quanto agressiva.

— Liguei, pois queria ouvir sua doce voz antes de adormecer.

Sorri, mas fiquei na defensiva.

— Fica com uma garota na noite e na madrugada liga para outra.

— Infelizmente a da madrugada não quis permanecer comigo a noite.

Respirei fundo e falei.

— Boa noite Stefan.

— Boa noite, minha doce Hope.

FUTURO DESCONHECIDO degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora