O começo de tudo

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Sempre acordo antes do celular despertar... talvez por mania, ou simplismente porque antes de me levantar gosto de olhar pra janela, e pensar: "Quem sou eu? Oque faço? Por quê?" E chego a conclussão que nem eu sei as respostas para minhas perguntas.

E então meu celular desperta, e faço a minha rotina: Tomar banho, escolher uma roupa qualquer, tomar café e ir pra aquele maldito lugar.

Primeiro dia de aula do ano, e mesmo que eu já tenha acostumado com os mesmos rostos, mesma rotina, e mesmos xingamentos, todo ano isso me doi. Não que eu ligue, mas sim porque eu nunca sei oque responder, me defender... Estou na rua Antônio de Agosto agora, e já posso ver meu colégio, e alguns alunos entrando. Lá vou eu pra essa tortura de novo. E passo pelos portões, e vou direto para o meu banco de costume, e me sento, e pego meu livro disposta a ler. "O distrito 12 não tem um voluntário há..." e sinto que alguem me observa, olho pros lados, e vejo um garoto aparentemente com a minha idade me observando, cabelos curtos e negros, moreno, não consigo ver os olhos, escondidos pelo capuz, mas sinto que me observa. Não ligo, pois já acostumei com olhares curiosos pra cima de mim. E então o sinal toca, e todos vamos para nossas salas, e no meio do cruzamento de pessoas, alguns pisam no meu pé, me empurram, e eu só reprimo as lágrimas

[...]

Me dirijo até minha cadeira no fundo da sala, mas aquele jovem misterioso já esta lá, e eu fico furiosa, sem saber se vou reclamar. Decidi que era melhor não. E sento na cadeira da lateral, a direita dele, encostada na parede fria. Todos já entraram, e se ouve o som de conversa, mas eu ouço um barulho diferente, de arrastar, arranhar. Olho pro lado, e vejo o garoto arrastar sua cadeira pra mais perto de mim. Não ligo. E então ouço uma voz rouca, grave dizendo:
-Ei, me ajuda aqui - olho pra ele- Sou novo aqui, não faço ideia de como falar com as pessoas daqui, dicas??
-Só uma, - respondo - fique bem longe de mim, e talvez você se dê bem com todos.
Ele me encara, e eu também, isso estava me dando nos nervos. E então ele diz:
-Eu sei como te ajudar.
E respondo:
-Ah 'tá bom, oque vai fazer por mim? Oque sabe sobre mim?
-Não sei nada, mas eu posso te ajudar. Ou melhor... você vai se ajudar. Você é do tipo mocinha né?
-Sou do tipo que odeia engraçadinhos, vai matar quem me fizer mal? - aquilo me soou melhor do que eu esperava, essa ideia saiu como um doce que eu não poderia ter - Não, você não vai.
-Nada contra sangue, na verdade a dor merece ser sentida, mas se olhar pros seus pulsos, posso ver cicatrizes que podem ser vingadas.
Com uma mistura de raiva e vergonha, puxo a manga do casaco até quase cobrir toda a minha mão. Ele pode ter razão, a dor é algo merecido pra alguns, e muitos as merecem. Ele pode realmente me ajudar? Como? Sem pensar nas consequências, falo:
-Você precisa me ajudar
Ele diz:
-Farei isso, temos muito o que conversar. Meu nome é Aaron. Vamos nos ver na hora de ir embora.
Sem reação digo:
-Tá... eu sou Kaylee. Kaylee Waters

A aula começa, e naquele instante, só penso na minha vingança, em como farei. oque tiver que fazer. O mais rapido possivel.
Eu preciso disso. Sempre precisei, mas só agora estou percebendo isso....

Os AnônimosOnde histórias criam vida. Descubra agora