Primeiras ideias

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E lá estou eu, ajoelhada diante do assassino, com sua garganta cortada profundamente , agora já sem vida. Seu sangue espalha sobre a calçada daquele minusculo beco. Me levanto, meu casaco com respingos de sangue fresco. Não consigo parar de olhar. Sinto... nada, não sinto nada... sinto apenas um toque no meu ombro. A mão de Aaron, indicando sua aprovação. Oque quer dizer que fiz a coisa certa. Ele mereceu morrer, por tudo que fez. Assim como meus agressores merecem. Não, eles merecem pior, mas nada vem na minha mente agora.
Olho pra Aaron, que encara firmemente o vazio, e fala:
-Achei que iria recuar. E eu mesmo teria que fazer. Você pode surpreender. Vamos.
-Aonde?-digo, nervosa- Olha pra mim, estou com roupa de quem vai passear? Com certeza, se alguém me ver assim já era.
-Para de drama. A gente vai pra sua casa, lá é seguro, eu acho. Tira esse casaco e me da, junto com a faca.
E assim faço. Ele vira o casaco ao avesso, e coloca a faca dentro dentro. Segura o casaco com uma mão, e com a outra ele... segura a minha. Sua mão é fria, macia, me sinto segura assim. Por que está fazendo isso? Por que gosto? Não sei, e nem me importo. Apenas gosto, e não o questiono sobre isso.
-Vamos então...-diz ele, devagar, com uma hesitação na voz talvez?

[...]

Chegamos na minha casa, e fomos pra sala. Soltamos as mãos faz um tempo. Eu soltei. Tive vergonha, não entendo, fiquei nervosa, e no mesmo instante que soltei, me arrependi.
-Oque você sente? - Eu engasgo com o vento - Em relação ao homem que você matou, quero dizer...- diz ele, com uma pitada de timidez, que logo se vai.
Já tinha esquecido isso, completamente, foi como matar uma formiga. Quem sou eu? Por que não sinto remorço?
-Eu sinto...-digo- nada... Não sinto absolutamente nada. Deveria sentir, não é?
-Foi a primeira vez que fez isso. Sim, deveria. Eu senti algo quando fiz. - Não me surpreendo, já imaginava- Mas não foi pena, nem dor. Eu só senti alegria. Você não?
Respondo que não.
-Ok... preciso lhe perguntar, o quanto você deseja se livrar de todos. Se eu devo confiar em você pra isso... se confia em mim.
-É, eu confio, mesmo não sabendo quem você é de verdade, e sim, e realmente quero isso. Não, eu quero algo melhor que isso. Mas não sei oque.
-Você vai saber sobre mim quando for necessário. Mas agora, eu sei como dar algo melhor do que apenas a morte. -pergunto oque seria -Terror psicológio, usar a vida de alguém contra ela, até que ela mesma não aguente, e deseje a morte.
Eu admirei a ideia, pois era isso que eles sempre faziam comigo, eles me torturam assim, usam tudo que sabem contra mim, e nada mais justo do que fazer o mesmo. Usam a minha família, infância, amores, tudo contra mim, e chegou a hora de eu fazer o mesmo. E digo, como uma criança pedindo por doce:
-Isso é perfeito. E quando vamos fazer?
-As coisas são devagar. Precisamos deixa-los com medo. Só... machucaremos... um deles, no colegio. Vamos deixar claro que não estão mais seguros, em lugar nenhum. Quem vai ser?
Por mais frio que pareça, eu gostei da ideia, só não sei como vamos fazer isso. Mas pra mim, isso é o de menos, o que me importava era fazer. Mas, quem vai ser... O pior ser que conheço... e naquele instante, soube quem seria a primeira pessoa a morrer em nosso maravilhoso plano:
-Brenda. Brenda Stilmer...
A linda loira, mais loira que eu, com cabelos tão claros que chega a ser branco, com sua face meiga, é o ser mais cruel que conheço. A maldita que começou isso tudo comigo, que já fez de tudo comigo, que já foi minha amiga, melhor amiga, e agora, quero mata-la.

Não. Não quero só mata-la. Eu vou mata-la. E lhe tirar aquela doce face.

Os AnônimosOnde histórias criam vida. Descubra agora