A caçadora

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A aula passa devagar, lentamente, e entro em desespero pela ansiedade, sede de vingança, se é que posso me dar o luxo de falar assim, uma menina fraca, sem beleza chamativa, roupas que não são especiais ou algo do tipo. Mas nesse momento, não ligo pra nada disso, nunca liguei, só penso no por que esse tal de Aaron decidiu querer falar comigo, colocando sua futura reputação em jogo pra me ajudar em fazer uma brincadeira, ou seja lá oque for que se passa na sua cabeça...
Ultimos segundos até o intervalo, e encaro o relógio da parede ferozmente...3...2...1... e o sinal toca. Todos saem apressados, como animais atrás de suas presas. Oque poucos sabem, é que nós somos nossos próprios caçadores.
Saio então da sala, e vou para meu banco matival, na sombra da árvore, onde é mais dificil eu ser notada, mas isso é quase impossivel. Não devido a minha beleza, mas pelo meu jeito. Não me orgulho disso, mas não mudarei.
Vejo Aaron, o jovem misterioso, vindo até mim, e se senta do meu lado. Por simples curiosidade, pergunto:
-Pensei que só iamos nos falar depois.
E ele responde:
-Falaremos sobre os outros depois. Só quero lhe fazer uma pergunta simples, e você responde sim ou não... -espero ele terminar- ... Você seria capaz de matar?
Finalmente, doce para meus lábios. Foi como musica para meus ouvidos. Matar é tudo aquilo que mais quero, mas não sei se poderia, sou uma covarde, a maioria sentiria remorço, nojo dele só por falar. Mas eu não, isso me fez confiar nele, e pela primeira vez na vida sinto confiança em dizer:
-Sim. Matar é tudo que mais quero...
-Vai ter que me provar.
Sem entender oque quis dizer com isso, ou simplismente não quis entender, respondo:
-Oque quer dizer com isso?
-A vida é feita de escolhas, Kaylee. Ou você caça, ou eles caçam você.-E o sinal toca, hora de entrar.
A aula passa mais rápido agora, talvez porque não penso mais em nada. Não, eu penso en algo. Penso agora em quem ele é, quem eu sou. Onde estou me metendo. Mas honestamente não ligo. Já se passou algum tempo da aula. Falta pouco.
E abro meu caderno, para fingir que anoto algo no caderno, antes que o professor me dirija a palavra, e percebo uma folha de papel em destaque, saindo pra fora do caderno. Não pertence ao meu caderno, tenho certeza, e nela está escrito á mão as seguintes palavras:

Praça Routmorreland, Rota 103, White's Coffer. 17:00. Não chegue atrasada.

Olhei pra o Aaron, mas este não olhava pra mim, porém, soube naquele instante que tinha sido ele quem mandou. E que não era armação, igual 1 ano atrás, onde mandaram cartas pedindo pra ir em uma lanchonete, que eu conheceria alguem, e quando cheguei, toda a turma estava lá, pra zombar de mim, me tacaram ovos, comida, e até pedras, e desde então decidi não confiar em ninguem, ser uma anônima no meio da multidão, fingir que não me importo, e talvez assim eu sofresse menos....
O sinal toca, são 14:40, e saio rápido dessa vez, e vou direto pra minha casa, onde morro sozinha, meu pai morreu e minha mãe é uma alcoólatra que está internada, e a partir de advogados, consegui ser independentes de pais antes dos 18.
Moro perto, e me arrumo rápido, espero a hora passar... são 16:40, o lugar marcado é perto daqui, e vou direto pra lá

[...]

Passo em um beco sombrio, escuro e frio, o caminho mais rápido até o White's Coffer, quando uma mão cobre minha boca, me sinto em choque, não sei oque fazer, e tento me livrar disso, tento gritar, e não sai nada, ninguem passa para me ajudar, quando uma voz rouca, porém suave, e familiar diz:
-Calma, sou eu, fica quieta
Reconheço na mesma hora, e me acalmo, não porque ele mandou, mas sim por instinto.
-Mas que droga qu... -Então, antes que pudesse terminar de falar, vejo uma sombra no chão, e consigo ver que não é só uma sombra, e sim uma pessoa, um homem amarrado com venda nos olhos e boca, paralisado de medo, ou seria de quaisquer outra sentimento? -Meu Deus, oque é isso? Ajude ele, faça alguma coisa.
-Não. -diz Aaron.- Esse homem é um assassino de mulheres e crianças, mata por simples prazer, não merece viver. Chegou a hora de me provar oque disse mais cedo, querida Kaylee.
Depois de uns segundos, que pareciam ser horas, eu raciocino sobre oque ele quis dizer. Terei que mata-lo, como ele fez com as mulheres, e crianças. Não sinto nada agora, e a única coisa que penso, é livrar o mundo desse ser sujo. E então, Aaron segura uma faca na minha frente, oferecendo ela para mim. E então, eu a pego, e a seguro com firmeza. Digo:
-Ok. Vou provar pra você. Vou provar pra mim mesma.

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