Capítulo 2

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Após voltar a colocar tudo no sítio certo peguei num top preto, nuns calções de ganga de cinta subida, numas meias pretas altas, numas botas com o mesmo tom e em roupa interior, e caminhei até aos balneários para tomar um banho.  Hoje vou a uma entrevista para um emprego e, depois,  vou a uma festa da universidade, preciso de me divertir e descontrair, porque amanhã começam as aulas e ainda por cima não fiz amigos.

Depois de ter tomado o banho e de me ter vestido retornei para o meu quarto, onde completei o meu look com alguns acessórios e, por fim, um blazer vermelho. Antes de sair do meu dormitório procurei pela minha odiada colega de quarto, mas esta não deu sinais de vida desde que saí com o diretor, e ainda bem, não a quero ver à minha frente nem banhada de ouro, e eu tenho muito afeto a dinheiro.

Saí do campus e dirigi-me, com a ajuda do GPS do meu telemóvel, ao meu futuro local de trabalho, pelo menos é o que eu espero. Quando cheguei ao meu destino bati à porta, tendo esta sido aberta por um homem, que suponho que seja um segurança devido ao seu físico. Este, sem abrir a boca, levou-me ao gerente, que se encontrava à minha espera. Entrei no seu escritório e aquele lugar era horrível, todo decorado em tons demasiado escuros o que me dava dores de cabeça. Um homem com os seus 50 anos encontrava-se atrás de uma secretária preta que combinava com a cadeira de escritório em que o mesmo se sentava.

"Tu deves ser a Charlotte, eu sou o Steve, senta-te por favor" diz com uma voz grossa provocando-me arrepios, ele parece ser um homem poderoso e importante nesta "área" e isso dá-me vómitos." Eu estive a analisar o teu currículo e pelo que vi já trabalhas-te em sítios bastante conhecidos neste ramo e parece que te saíste muito bem, também sei que foste tu que te despediste do teu antigo emprego, posso saber porquê? "

"Eu mudei-me para Nova Iorque" respondi de mau grado devido à sua pergunta, não gosto que as pessoas me saibam demasiado de mim, por isso limitei-me a responder da forma mais vaga possível.

"Deixa-me adivinhar tu vens trabalhar para aqui para poderes pagar os teus estudos?" Não respondi deixando a pergunta no ar. Pela sua cara posso perceber que ele não gostou muito da minha atitude, mas ele não precisa de saber nada sobre mim.

"Se queres este trabalho tens de responder as perguntas" Ele disse num tom sinistro e eu apenas encolhi os ombros. "Tu foste recomendada do teu último club, mas sabes que não tens este trabalho por garantido" Ele afirmou e eu só queria sair dali, mas eu realmente preciso do dinheiro. Bufei e ele sorriu de canto como se tivesse ganho alguma coisa.

"Levanta-te e tira o blazer" Ele mandou e eu obedeci contrafeita. "Tira a roupa" Arregalei os olhos e eu só queria mandá-lo à merda. Eu não sou uma cadela, ele não me pode dar este tipo de ordens, no entanto ele é o patrão e ele tem a faca e o queijo na mão. Retirei os calções e o top e senti-me exposta, mas eu já estou familiarizada com esta sensação. Senti os olhos dele a percorrer cada parte do meu corpo. Encolhi-me no meu lugar cruzando os braços. Ele levantou-se e veio ter comigo analisando o meu corpo mais de perto.

"Tens uma cara bonita, as curvas no sítio certo, mas eu gostaria de ver mais" Ele propôs, mas eu sinceramente não percebi. A minha cara continha uma expressão confusa, mas tudo ficou esclarecido a partir do olhar tarado do velho homem à minha frente. Mal ele colocou a mão direita na minha cintura, torci o braço dele metendo-o atrás das suas costas e encostei-o à parede.

"Nem pensar, eu preciso do dinheiro, mas não sou uma prostituta. É que nem venhas com a conversa de que precisas de experimentar o "produto" porque isso não vai acontecer. Já recusei muitas ofertas e, posso afirmar que nunca perdi nada, muito pelo contrário, apenas ganhei. Se me queres a trabalhar aqui vai ser da minha maneira. É pegar ou largar." Afirmei confiante e irritada.

"Podes ficar com o trabalho, mas não vai ser à tua maneira, vai ser à minha." Ele disse e eu apenas peguei na minha roupa e saí do seu escritório. Felizmente consegui encontrar uma casa de banho, onde me vesti, sem que ninguém me tivesse visto de roupa interior.

(...)

Uma das melhores coisas da universidade são as festas, principalmente a de despedida das férias, ou pelo menos foi o que eu ouvi dizer. A música já se fazia ouvir e eu ainda não tinha entrado na fraternidade. Esta em particular é muito cobiçada o que significa que dão as melhores festas. Já muitos dos adolescentes estavam bêbados e ainda são 11 p.m.

Fui buscar uma bebida e tive literalmente de empurrar imensos idiotas pelo caminho.

Quando cheguei à cozinha, peguei na primeira garrafa que encontrei e enchi um copo com o líquido que ela continha. Engoli-o de uma só vez o que me fez tossir uma vez que eu não esperava que fosse tão forte. Um grupo de rapazes que se encontravam no mesmo local que eu aproximaram-se de mim.

"Calma tigre, assim vais-te engasgar" Um rapaz de olhos azuis falou.

"Não tens nada a ver com isso" Respondi com veneno na minha voz, não quero saber se fui rude, ele merece. Ele aproximou-se ainda mais, demasiado na minha opinião, o que me permitiu sentir o desagradável cheiro a álcool.

"Podes tentar, mas não me vais resistir." Ele afirmou confiante e tudo o que eu conseguia pensar era qual seria a maneira mais dolorosa de o fazer afastar.

Levantei o meu joelho pronta para lhe dar uma joelhada na sua zona mais sensível, mas ele parou-me e encostou-me ao balcão. Uma das suas mãos agarrou as minhas e a outra apenas percorria o meu corpo. Estava pronta para me defender quando o Rapaz caí ao chão após levar um forte soco na cara. Olhei para o dono do punho que pôs o rapaz quase inconsciente e dei por mim a admirar o seu físico. Consigo ver que ele tem uns abdominais bem definidos, devido à t-shirt branca que ele usa, e possui uns olhos verdes escuros.

"Eu sei defender-me sozinha" Respondi secamente

"Anotado" Ele disse e foi-se embora. Entretanto um rapaz moreno de olhos castanhos chega à cozinha e revira os olhos perante a situação. Eu ainda estava de boca aberta devido à atitude do rapaz de olhos verdes.

"Desculpa, o Louis terminou com a namorada e bebeu demais e o Harry é mesmo assim, já agora, sou o Liam" Ele disse sorrindo e eu não fazia ideia de quem é que ele estava a falar. Ele percebeu a minha confusão e voltou a explicar "Este é o Louis..." disse apontando para o rapaz ainda estendido no chão que me "atacou" "e o que saiu daqui, aquele com uma péssima atitude é o Harry"

"Pois, sinceramente, eu não quero saber" Respondi-lhe e virei costas deixando-o a olhar para mim enquanto eu saía sem sequer olhar para trás.

Nyctophilia (H.S.) [Reescrever]Onde histórias criam vida. Descubra agora