A viagem

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Entro no avião com uma dor terrível no peito e os olhos cheios de lágrimas. Tenho nas mãos uma pequena caixa que minha mãe me deu hoje de manhã pelo meu aniversário, que foi ontem. Eu sempre quis ir embora dessa cidade, desse estado, mas nos sonhos tudo é lindo ,você não precisa abandonar uma vida, para realiza-los.Mas é tão incrível como essa dor, de ir embora, fosse quase nula, comparada aos sentimentos que foram provocados em mim nesse último mês.
Parecer que foi ontem, que o LH voltou pra minha vida...

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8 de março...

-Lan, vamos, o Ber tá aqui- Disse minha amiga, me tirando do meu momento Hollywoodiano de cena de filme romântico. Lilian Garden, eu te mato!-Vamos, ele tá indo pra cozinha, preciso esbarrar com ele "acidentalmente" , quem sabe nossas bocas se colidam nesse "acidente"-Falou ela , fazendo aspas no ar com os dedos , logo após me puxou para a cozinha.

Bernardo estava dentro da cozinha, com mais 8 pessoas, tendo duas delas praticamente penduradas no seu pescoço, as gêmeas, Patricia e Larissa, as loiras duplicatas, que dividiam tudo, tudo mesmo. E parece que a vítima da vez era o meu amigo, tadinho. Bernardo era alto, ruivo e tinha olhos castanhos iguais aos meus. Pode-se dizer que ele é bonito. Quando eu tinha treze anos, o Ber tinha quise, eramos inseparáveis, até um dia a gente estava voltando da escola e ele disse que gostava  de mim. Eu disse que ele era um idiota e que nunca mais iria falar com ele, depois sai correndo e passei um mês evitando-o. Quer o que? Eu era criança, não ia pular no pescoço dele e dar vários beijos, , apesar de naquela época eu ter uma quedinha por ele. Depois disso voltamos a ser os velhos amigos de sempre.
-Lan ! Lili!- disse Bernardo, assim que nos viu. Saiu de perto das loiras aguadas, e veio na nossa direção.
-Oie, Ber- disse Lili quanse em um sussurro, de tão baixo que falou. Minha amiga deve tá ficando doida se acha que vai conquistar um cara falando tão baixo que nem se ele usasse aparelho com função master blaster iria conseguir ouvir.
-Oie, Bernardo! Ruivo da minha vida- disse tando um abraço apertado no meu amigo.
-O único, Luna.
-Bom, isso não vem ao caso.
-Você está linda-Disse ele
-Obrigada, obrigada.
-Sai dai, sua convencida. Estou falando da Lili- Disse Bernardo, depois abraçou Lili , que disse algo como "obrigada", mas eu não pude realmente compreender. Minha amiga corou instantaneamente, e eu comecei a rir da situação.
Duas mãos me apertaram por trás, as mesmas envolveram a minha cintura.
-Saudades de fazer isso.- Disse o dono das mãos que me apertavam e provocavam arrepios em mim. -Saudades de você, Lulu.- Sussurrou no meu ouvido. Todo o meu corpo estremeceu. Só uma pessoa me chama assim... LH!
Bernardo me puxou pelo braço e me abraçou me colocando de frente para um Luis, dois anos melhorado, ele não era mais aquele garoto magro de dezesseis anos que eu era apaixonada,ele está bem melhor .
- Cara, solta ela. Carioca folgado. - Disse Ber dando risada.Me soltou para comprimentar o amigo. - Tudo bem , cara?
- Sou paulista, cara. Tá me tirando? -Falou Luis, e os dois entram em uma conversa animada sobre o Rio de Janeiro.

Eu e Lili fomos para a sala, local onde estava uma galera dançando e outros sentados no sofá, nesse caso, Samanta e Pedro se agarrando na poltrona ao lado do sofá e , Leticia, Marina, César , Fernando , Lili e eu ,  aglomerados no sofá da casa do Fernando.
-Se eu soubesse que a comida iria acabar tão rápido eu teria feito uma marmita pra trazer-Falou Leticia e todos começamos a rir.
-Deixa de ser morta de fome, Leticia!- disse Fernando- Aqui não é casa de apoio pra sustentar ninguém- E começou a dar gargalhadas da cara dela.
-Cheguei para resolver o problema de você- disse Luis entrando na sala com um saco de batatas fritas na mão, sentou do braço do sofá, que era ao meu lado. Todos bateram palmas, menos eu. Eu não conseguia ter nenhum tipo de reação , a proximidade do corpo dele do meu, fez com que eu entrasse em estado de choque.
-O que foi, Lulu? Está sem fome? -perguntou ele no meu ouvido, tão baixo que só eu consegui ouvir.
- Não
- Não o que?- perguntou Bernardo. Ele tinha chegado , mas a presença do Luis me impediu de notar qualquer coisa de acontecia naquela sala.
-Nada!
Às 1:00hrs da madrugada  só restava sete pessoas na casa.
-Gente, acho que já vou nessa. Vamos, Lili!- Falei com a minha amiga que estava sentada entre eu e Bernardo.
-É, vamos- Disse minha amiga desanimada.
-Não, ainda está cedo.- Percebi que ela estava desanimada e decidi esperar mais um pouco, afinal ela estava tendo uma conversa decente com o garoto que ela gostava. -Vou na cozinha beber água.
Já  na cozinha, depois de ter bebido minha água me deparo com um Luis Henrique atrás atraz da porta da geladeira.
-Nossa, Luis. Que susto! -Falei com uma mão no peito.
-Desculpa, Lulu. É que eu queria ficar sozinho contigo. -falou ele e eu fiquei mais surpresa ainda. Ele se aproximou de mim, e eu fiquei praticamente presa entre o espaço do seu corpo e a mesa da cozinha. - Você está linda, sabia?
- Ah, obrigada!- disse, com a voz, nitidamente ,abalada pela sua proximidade.
- Quando falei que estava com saudades de você, eu também estava falando disso...- E antes que eu pudesse ter qualquer reação, ele aproximou seus lábios dos meus e começou a me beijar, e depois disso eu não consegui pensar em mais nada, só em retribuir aquele beijo apaixonante e tão necessitado. Eu precisava daquilo mais do que preciso de respirar.
-QUE PORRA É ESSA?- Gritou Bernardo, me fazendo pular.
-Nada! O Luis só estava com cede.
-Com muita cede , pode ter certeza. -Disse ele com um sorriso de lado e olhar sinico.
Eu me apressei e sai daquele espaço.
Bernardo já tinha se virado e estava voltando para a sala, quando Luis me puxou e disse:
-Não acabou ainda- me deu um selinho e passou por mim.
Quando voltei para a sala, me deparei com a cena mais inacreditável, Bernardo estava ao beijos com Lili no sofá, eu fiquei chocada. Ele era livre e poderia beijar quem quisesse, e minha amiga gostava dele, mas eu fiquei incomoda com a situação. Claro que não era ciumes, só estranhei . As loiras duplicatas já tinha ido embora, Fernando foi para o banheiro.  Deixando eu e o casalzinho na sala.
Sentei na poltrona e fiquei sem saber em qual direção olhar. Eu deveria ficar feliz por eles , mas aquilo me incomodava de uma forma que eu não sei descrever. Luis que não estava na sala quando entrei, chegou e olhou para todos os lados, depois veio até mim e disse:
- Desculpa por ter te beijado.
-Não precisa pedir desculpas- Falei, nesse momento Bernardo e Lilian não estavam se beijando ,  bernando tinha agora a sua atenção olhou voltada para o meu diálogo com o Luis minha , Lili estava com expressão de choque e estava corada, mas com um sorriso no rosto.
-Foi até bom, sabe?!- Disse por impulso, mas me arrependi no momento seguinte. Me levantei e fui na direção da saida.
-Foi mesmo?- Disse LH, que me  segurou pelo braço, me fazendo olhar para ele. Bernardo ainda nos observava e eu como por impulso novamente, beijei LH . Mas dessa vez não foi nada mágico, foi até estranho e frio.
Luis me abraçou e se sentou na poltrona me obrigando à sentar em seu colo. Cortei o beijo, e como se estivesse esperando alguma atitude do Ber ,olhei na sua direção, que por sua vez não fez nada, só estava com cara de poucos amigos e me encarando como se eu tivesse feito algo errado.
-Preciso ir, vamos Lili. -Puxei minha a amiga e fui embora sem falar mais nada.

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-Moça, fecha à janela por favor. Eu tô tentando dormir e essa luz está me incomodando. -Disse uma voz masculina. Me tirando dos meus devaneios.
-São 17:00hrs, e eu não vou fechar nada.- Cara folgado, quisesse mandar na janelinha do avião, ele que comprasse uma passagem perto dela.
-Nossa, esses paulistas são mais grosseiros do que eu pensava.
-Olha aqui...- Me virei para encarar o provocador e me deparei com um loiro, dos olhos verdes e um lindo sorriso. -uau!
-Uau?-indagou ele com um sorriso maior ainda, e que sorriso.
-Nada. Só que eu não vou fechar a porra da janela, eu quero ver a vista.- falei.
-Nossa, você estava chorando.-Falou ele olhando nos meus olhos.
-Não foi nada.-Falei irritada e voltei a olhar pela janela.
-Sua primeira viagem , né? ! Normal querer ver o caminho. Desculpa. Acho que comecei errado. O meu nome é Antônio. - Me virei para ele, que estava com sua mão estendida na minha direção.
-Luna-Falei com cara de pouco amigos e não apertei sua mão.
Não tinha percebido como seus olhos verdes eram lindos, sua bouca era desenhada e, com certeza, ele tinha um sorriso provocador no rosto. Voltei minha visão para o lindo pôr do sol no horizonte, e falei:
-É . Minha primeira viagem sim.-Coloquei meu fone , mas antes da música começar ,consegui ouvir:
-Belo nome para uma futura namorada...
Depois disso a música começou a tocar e adormeci na poltrona ao lado do dono do sorriso mais sexy e provocador, e do carioca mais irritante que eu já conheci.
Antônio.-sorri- Belo nome pra um cara tão idiota-pensei-. E adormeci.

Não, eu não te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora