O amanhecer trouxe consigo muito nervosismo e apreensão para Elise e Gabriel. Depois de um café da manhã muito silencioso, os dois se despediram de Manuela e partiram com Paulo para o aeroporto de Brasília. A cada passo que davam ao encontro do avião, Elise sentia um peso a mais sendo colocado por sobre seus ombros deixando o simples ato de caminhar, mais complicado.
Chegaram finalmente.
Vários soldados os abordaram e começaram com a enxurrada de perguntas como Paulo havia dito que seria. Conferiram documentos de identidade, os documentos conseguidos por Paulo autorizando a transferência dos dois para Londres, olharam toda a bagagem levada por Elise e Gabriel e questionaram e perguntaram de tudo um pouco, onde ficariam, com quem ficariam, entre outros.
No fim, Elise e Gabriel foram liberados para embarcar no avião.
— Não se esqueçam de tudo o que falei e não fiquem muito próximos neste avião. Há soldados patrulhando dentro dele a cada segundo. — Paulo deu o último conselho antes dos dois entrarem no avião. Elise e Gabriel concordaram com a cabeça.
Os três se abraçaram, despedindo-se. Elise e Paulo demoraram alguns minutos em seu abraço, e Paulo ainda demorou mais alguns segundos observando à afilhada.
— Sinto muito orgulho de você. — Ele cochichou. — A partir de hoje vou contar os dias para ver você sentada no trono, no seu lugar de direito. — Elise sorriu, sentindo-se lisonjeada por tanta confiança e consideração do padrinho.
Ele poderia ser morto se descobrissem a quem ele estava ajudando.
— Vida longa à rainha Elise! — Brincou. Sua voz mais baixa que um sussurro e Elise entendeu sua frase por observar o movimento dos lábios do padrinho. Apertou firmemente sua mão e se separou indo ao encontro da escada de metal que dava acesso ao avião. Lá de cima, deu uma última olhada no padrinho que sorriu acenando com a mão direita.
Elise acenou de volta e entrou.
O som da voz do piloto acordou Elise. Ele estava anunciando a chegada do avião à Londres, estavam sobrevoando o lugar naquele momento.
Elise olhou para o seu lado à procura de Gabriel e viu-o observando pela janela a cidade de Londres. Elise se aproximou tomando o cuidado de não ficar muito próxima a Gabriel, já que ela havia avistado dois soldados andando pelo corredor formado pelos sofás de cada lado. Os sofás desse avião eram idênticos ao anterior, mas de cor azul.
Gabriel sorriu para Elise assim que ela se aproximou e ele se afastou um pouco, dando mais espaço para Elise. Ela sorriu para ele também e voltou seus olhos verdes para a visão de Londres. Depois de um tempo, sem perceber, os olhos de Elise se encheram de lágrimas.
Ela estava voltando para casa.
Se Vincent não tivesse feito tudo aquilo, ela provavelmente estaria ali, seria uma princesa. Seus pais ainda estariam vivos como muitos outros pais e filhos que morreram durante toda aquela guerra. O mundo não seria todo esse caos de medo e pobreza, mesmo que ainda assim, muitas coisas boas aconteceram por culpa da atitude de Vincent.
Muitas tecnologias voltadas à natureza, a diminuição das emissões de gases poluentes no mundo, a união dos povos por uma única língua, todos esses fatores eram positivos ao reino de Vincent. E também, se não fosse por culpa dele, Julian e Nathalie nunca se casariam e Elise nunca conheceria Gabriel.
Isso tudo, é claro, não justificava o que Vincent fez ao mundo.
Dessa vez, Elise não se assustou com o pouso do avião como também não havia se assustado com a decolagem. Se fosse um transporte comum a todos como eram anos antes, Elise ficaria bem feliz e confortável em usá-lo em suas viagens.
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Cicatriz (Degustação 1ª versão)
RomanceCOMPRE CICATRIZ NA AMAZON.COM https://www.amazon.com.br/Cicatriz-Trilogia-Livro-1-ebook/dp/B09RQTDF2D Em um futuro não tão distante, o mundo todo foi mudado após uma sangrenta guerra. Havia apenas uma pessoa comandando o planeta, o Rei Vincent. Ele...