•5• O amor e uma pergunta

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Aos poucos, depois que cantaram parabéns para Elise e acabaram com o delicioso bolo de chocolate, os convidados foram indo para suas casas. Existia um toque de recolher que marcava 23 h e ninguém queria ser pego depois deste horário nas ruas. Se acontecesse de alguém fazer isso, teria que pedir abrigo na casa mais próxima e dormir por lá, para que os soldados não soubessem.

Pelo menos, a privacidade das pessoas Vincent preservou. Ninguém ia gostar, nem um pouco, de soldados entrando em suas casas para conferir se havia algum delinquente por ali.

Gabriel, normalmente, era um deles nos aniversários de Elise.

Antes mesmo dos dois namorarem, ele pedia permissão para poder ficar lá, apenas para que os dois ficassem conversando até tarde da noite. Julian não gostava muito, mas não havia nada o que fazer contra isso, já que Nathalie sempre dava autorização ao rapaz.

E era Nathalie quem mandava.

Elise e Gabriel estavam sentados no tapete da sala, abraçados, conversando baixinho. Nathalie ajeitava o local que Gabriel dormiria, ou seja, ali na sala mesmo. Colocou o colchão, uma roupa de cama e um travesseiro. Gabriel não gostava muito de cobertas, ainda mais com o calor infernal que estava fazendo em Teófilo Otoni e ele tendo que dormir tão vestido, então preferia dormir sem.

— Elise e Gabriel, meia-noite sim? — Nathalie viu os dois concordarem com a cabeça e foi até eles.

Ela depositou um beijo no rosto do rapaz que sorriu e, em seguida, depositou um beijo na testa de Elise.

— Boa noite e juízo! — Elise riu envergonhada.

— Boa noite senhora Jones. — Gabriel respondeu e viu Nathalie desaparecer no quarto à direita da sala de estar. — Finalmente, um tempo pra gente. — Cochichou para Elise.

A moça apenas sorriu, tentando não demonstrar o quanto estava nervosa.

A mão esquerda de Gabriel foi parar no rosto de Elise. Seu polegar começou a fazer carinho de leve em sua bochecha rosada e Elise sentiu seu corpo estremecer. Seu olhar estava baixo, concentrado no peito forte de Gabriel que subia e descia ritmadamente, mas começava a ficar fora de compasso com a aproximação.

— Você é tão linda Lis. — Ele sibilou, chamando à atenção dos olhos dela. O verde e o azul se encontraram e Gabriel sorriu causando essa mesma reação em Elise automaticamente.

Ficaram naquela posição por um bom tempo, apenas aproveitando o momento. Não era fácil para os dois conseguirem alguns minutos sozinhos, já que tanto Gabriel quanto Elise estavam trabalhando, sempre muito ocupados. Eles se viam apenas na hora do almoço, quando Gabriel ia até o local onde Elise trabalha para irem juntos para casa almoçar. Muitos diziam que era perda de tempo ir para casa se existia o restaurante real, mas os vinte minutos gastos na caminhada pelos dois, era a única hora do dia que se viam sozinhos e que podia conversar tranquilamente.

Eles não podiam, nesse tempo, demonstrarem nenhum contato, já que os namoros foram proibidos pela realeza.

Era tudo como nos séculos passados. As moças tinham que ser cortejadas, elas tinha que ser virgens, e os rapazes que tirassem a pureza de uma moça sem estar casado com ela eram condenados a morte.

Essa foi uma das leis que mais afetaram os jovens no início do reinado de Vincent.

Quando ela foi imposta, ocorreram tantos casamentos que as igrejas tiveram que celebrar muitas em conjunto para que ninguém fosse morto pelos soldados. Não havia opção para eles além do matrimônio. Praticamente todos os jovens do século XXI já tinham perdido a pureza da virgindade antes dos dezoito anos. O resultado foi vários casais menores de idade morando com os pais.

Cicatriz (Degustação 1ª versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora