-Bed, stay in bed...
-The feeling of your skin locked in my head...
-Smoke, smoke me broke....
-I don't care, im down for what you want – Continuou a avó de Hope, cantando animada – Ai, querida, até parece mal – disse, numa gargalhada.
-Oh – riu também – Só estamos cá nós.
Toda a cozinha imanava um cheiro delicioso, ao entrecosto famoso da avó. A avó tinha acabado de o tirar do forno, quando Hope acabava de limpar a cozinha. Eram sete da tarde, e Hope adorava tardes assim, animadas, sem preconceito. Adorava ainda mais que a avó alinhasse nas suas brincadeiras e que não tivesse problemas em cantar as músicas daquela geração.
-Querida, ainda faltam mais alguns minutos até estar pronto. Vou deixá-lo no forno mais um pouco. Podes ir para a sala, não preciso de mais nada – O sorriso que a avó esboçava demonstrava que a avó gostava tanto destas tardes como Hope.
-Está bem, Avó.
A televisão já estava ligada, então ela sentou-se no sofá bege, confortável, e começou a procurar um canal que lhe agradasse. Após alguns segundos de procurar, ouviu o telemóvel tocar e atendeu, apesar de não conhecer o número.
-Olá?
-Olá – Ouviu a voz masculina tossir – É a Hope?
-Hum, sim. Quem fala?
-Eu sou... Hum... Fui ver-te ao hospital.
-Oh – Ele?
-Sim, hum... - A voz dele soava tensa e ele parecia incerto – Eu... Eu queria saber como estás. Sabes, depois do acidente.
-Ah... C-como tens o meu número?
-Eu – Houve uma pausa, como se ele pensasse se deveria responder ou não – Tirei-o da ficha do caso.
-Oh... Bem, hum, estou bem. Obrigado por perguntares, não precisavas de...
-Na verdade – Ele interrompeu-a – Gostaria de to perguntar pessoalmente.
-Ah, como?
-Abre-me a porta.
-A... Porta?
Hope apercebeu-se de que género de homem era ele, e não sabia que achar disso. Ele não lhe perguntara se podia abrir a porta, nem pedira por favor. Ele mandara-a abrir a porta, e ela, que nem um cãozinho, levantou-se do sofá e assim o fez.
Pelo vidro baço da porta, viu a figura alta que era quase mais larga que o corredor. Tinha o coração aos pulos e obrigou-se a respirar fundo. Abriu a porta e o homem de ar duro olhou-a nos olhos. Os olhos cor de âmbar brilhavam, e ela sentiu-se a desfalecer. Ele era lindo. Todo ele, todo o seu tamanho, corpo definido, olhar duro e marcas. Tudo isso fazia dele a criatura rara e magnífica que ele era.
Estás doida?
Ele deve ser muito mais velho!
Para de olhar!
-Posso entrar? – Ouviu a voz rouca dele perguntar.
-Claro – conseguiu balbuciar – Hum, eu... Não quero parecer ingrata, mas... Não sei bem porque estás aqui.
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A alma de Michael
RomanceHope, de dezassete anos, encontra a amiga morta na casa de banho. É suicídio, sem discussão, e tem de aprender a viver com isso. Mais uma perda para a lista, e quando finalmente começa a conseguir balançar a sua vida de novo, deixa-se envolver na vi...