Capítulo Vinte e Seis

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Capítulo Vinte e Seis

Era o Harry. Tinha que ser. Seu rosto era inconfundível. Grandes cílios, lábios grossos e rosados, maçãs do rosto definidas, maxilar anguloso, sombrancelhas marcadas, nariz fino e arrebitado, as covinhas nas bochechas quando ele comprimiu os lábios, e o inconfundível cabelo longo e encaracolado. Ele estava lindo.

Ele é lindo.

Harry estava parado próximo a uma moto grande, e se escorava na mesma para obter apoio. Permancei parada olhando-o enquanto decidia se ia até lá ou não, mas logo ele travou a tela do telefone, deixando seu rosto iluminado apenas pela luz fraca de um dos postes da rua, guardou o aparelho no bolso da calça que julguei ser preta e olhou para a frente.

Mas especificamente, para mim.

Nosso olhares se cruzaram e vi quando seus lábios se abriram um pouco.

Senti uma corrente quente passar por todo o meu corpo e me aqueci só por saber que ele estava me olhando.

Harry se desencostou da moto e veio até mim devagar, parando bem a minha frente, muito próximo, quase como que eu conseguisse sentir o calor irradiado pelo seu corpo.

Enquanto ele andava, reparei que usava uma jaqueta de couro que lhe deixava ainda mais bonito e fazia-o parecer misterioso, não sei explicar, mas foi isso que senti.

"Oi." ele disse baixo, bem próximos ao meu rosto.

Não respondi. Não encontrei voz para falar. Fiquei com vergonha por isso e baixei meu olhar para meus pés. Meu sapatos de salto estavam me incomodando e ficavam agarrando na terra do gramado. Provavelmente estavam sujos e quis ter certeza disso agora.

Eu não tinha ideia do que falar para ele. Minha raiva e tristeza pelo que houve mais cedo se dissipou por completo assim que eu o vi, mas eu também não estava me sentindo muito bem.

Engoli em seco e tenho certeza de que ele ouviu. Volte a sentir o frio a subir pela minha espinha e tentei abraçar mais o meu corpo, como se aquilo ajudasse.

"Tudo bem?" ele perguntou calmo após perceber que eu não iria falar nada, mas sua pergunta não soou como algo formal. Ele parecia preocupado.

Harry se abaixou um pouco para ficar ao meu nível que, mesmo de salto, sou consideravelmente menor que ele.

Quando tomei coragem para olhá-lo, ele estava muito próximo e eu conseguia sentir seu hálito de menta. Estávamos respirando o mesmo ar.

Aceinei com a cabeça devagar e continuei olhando para seus olhos verdes, que agora estavam mais escuros por causa da pouco iluminação do local.

Estávamos na frente na casa, próximo a rua, mas não realmente na frente, o lugar onde estávamos era mal iluminado e se alguém nos visse, não conseguiria distinguir quem somos. Poderiam pensar que somos qualquer um parado no gramado.

Harry voltou a ficar normal, sua altura ultrapassando a minha e logo meu olhar foi atraído para a motocicleta por detrás de seus ombros largos.

Não avistoi o carro e Harry estava apoiado alí...

"É sua?" perguntei baixo.

"O que?" ele questionou rápido, provavelmente não entendeu o que eu disse ou não sabe a que me referi.

"A moto." disse e indiquei com a cabeça para o ponto atrás dele.

Harry virou a cabeça e logo voltou.

"É sim." ele disse com um sorrizinho "Meu pai não gosta de eu sempre pegar o carro e o Tyler... Bom, o mesmo." ele disse meio nervoso e deu de ombros no final.

Lullaby - TwiceOnde histórias criam vida. Descubra agora